Jantando com os vizinhos

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Após alguns passos percebo que alguém me segue, olho de canto de olho e vejo um rapaz, não consigo vê-lo muito bem mas sei que não o conheço. Tento manter a calma mas quando viro a esquina ele vira também. "Por que está me seguindo? Era você quem estava me observando ontem á noite? Nunca o vi aqui." Digo agressivamente ao me virar para ele.

"Desculpe se parece que estou te seguindo, nós somos vizinhos e eu estou indo a cafeteria, se não me engano é por esse caminho." Diz ele sem graça e mais sem graça ainda fico eu. "Eu quem peço desculpas. Bom dia." Digo voltando-me para frente e seguindo rumo a cafeteria. Pego todas as coisas logo e saiu as pressas para não ter que voltar com ele, seria constrangedor demais.

Deixo as coisas na cozinha e subo para fechar os vidros da varanda do meu quarto. Não quero um completo estranho vindo para o meu quarto. Não seria ruim, ele é um gato, o que eu estou pensando, ele é um completo desconhecido. 

Depois do café, subo para começar a pintar um quadro. Coloco meus fones de ouvido e como de costume levo o cavalete, a tela, os pincéis e as tintas para a varanda. A vista para o bosque do condomínio é linda e me inspira, olho para a varanda da casa ao meu lado onde era o quarto de Leona e vejo o rapaz a qual eu tratei com total falta de educação. Ele está jogado num pequeno sofá com um violão, não consigo vê-lo bem, apenas vejo seus cabelos, o violão e parte de suas pernas que se apoiam no braço do sofá, espero estar fora de seu campo de visão. Acabo me deixando levar pela música e quando percebo estou desenhando ele. "Droga." Resmungo para mim mesma.

"Quem é esse?" Diz mamãe tirando um de meus fones e sorrindo. "Ninguém." Digo tampando a tela com meu corpo,ela sorri. "Hoje teremos um jantar aqui, sei que não está muito bem mas gostaríamos que você participasse." Mamãe é doce, como sempre. "Sabe que odeio jantar de negócios." "Mas hoje não vai ser um jantar de negócios." Ao ouvir isso tiro o outro lado do fone, tomara que não seja o que estou pensando. "Nós convidamos os novos vizinhos para virem aqui jantar com a gente." "O que?" Digo num tom de susto. "O que foi meu amor?" Perguntou mamãe preocupada. Contei para ela o que aconteceu pela manhã e ela caiu na gargalhada. "Até a senhora rindo de mim mãe?" Digo sorrindo para ela, ela sorri de volta. "Então minha filhinha está enfrentando garotos, que orgulho." Diz sorrindo, eu apenas afirmo com a cabeça e caímos na gargalhada novamente.

"Ele vai com a gente comprar as coisas para o jantar?" Pergunto a mamãe. "Quem é ele?" Pergunta papai sem entender nada. "O filho da vizinha amor." "O que tem o filho da vizinha?" Pergunta papai. "Gente, vocês querem falar mais alto? Acho que ele ainda não ouviu." Digo sem graça. "Não tem nada papai, só queria saber.Vamos ligar a fogueira hoje? Devemos trazer marshmallow?" "É uma ótima ideia, á noite tem feito bastante frio mas você vai ter que me ajudar a arrumar tudo." "Tudo bem mamãe, qualquer coisa a gente chama Ana e a equipe." Digo sorrindo, ela sorri de volta. "Elas fazem falta." "Mãe, faz uma semana que entraram de férias."

Ficamos até ás três da tarde sem fazer nada, atualizei Leona sobre tudo e não me isolei em meu quarto. A campainha tocou e eu senti um frio no estômago. Felizmente, ou infelizmente,era só a mãe dele. Seguimos para o mercado mais próximo. "O que fez vocês se mudarem para cá?" Perguntou mamãe. "A segurança, o ambiente bem família, privacidade e as lendas." Disse Marcela sorrindo. Ela aparenta ter a idade da minha mãe, um pouco mais velha talvez.Tem cabelos castanho claro e olhos mel. Nós duas sorrimos de volta para ela. "Os meus bisavós nasceram aqui e sempre que volto para essa cidade me sinto em casa,gostaria que Miguel pudesse aproveitar tudo o que aproveitei aqui, então voltamos para cá." "Nossa, que lindo." Diz mamãe encantada, ela ama esse tipo de coisa, tradição, ancestrais e eu também. "O que vamos fazer hoje? Eu sou péssima na cozinha." Diz Marcela sorrindo.

Ao chegarmos em casa me deparei com meu pai aos risos com o marido de Marcela e com seu filho enquanto bebiam, eles pareciam amigos de anos e realmente eram. "Amor, acredita que esse cara aqui era meu amigo no fundamental?" Diz papai sorrindo. Mamãe abre um enorme sorriso e se empolga. Meus olhos se encontram com os de Miguel e fico sem graça, a única reação que tenho é de ir as pressas para a cozinha com as sacolas de compra que eu segurava. 

Quando Marcela disse que era péssima na cozinha eu não acreditei até ter que ensinar ela a descascar um alho. "O que vamos preparar mesmo?" Perguntou ela. "Vamos preparar canelones de frango e macarrão com molho de frango, linguiça e bolonhesa." Digo a ela. "E vocês sabem fazer isso tudo." "Sim." Sorrio sem graça, ela sorri de volta. "Vou amar aprender a cozinhar com vocês." "Dona Agatha, o senhor Marcos pediu para pegar mais vinho com a senhora." Disse Miguel entrando na cozinha. "Estão no adega meu amor, você vai ver ali fora na área gourmet,perto da lareira e da piscina, pode pegar." "Vocês precisam de ajuda aqui?" Perguntou ele fitando o olhar para mim. "Meu filho cozinha melhor do que eu." Disse Marcela sorrindo. "É verdade." Afirmou ele sorrindo. Tentei ao máximo evitar contato visual com ele e nem sei o motivo. Minha mãe disse que estava tudo sobre controle então ele foi pegar o vinho e voltou para a sala. Eu, minha mãe e Marcela conversamos bastante enquanto cozinhávamos. Marcela disse que seu filho ama massas e que vai amar o jantar e por algum motivo eu fiquei feliz com isso, já estava até começando a ficar ansiosa. Os molhos estavam prontos então colocamos o canelone no forno e fomos para a sala. Peguei uma taça de vinho e fui para meu quarto me arrumar. Espero que esse jantar seja bom.

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