Os molhos estavam prontos então colocamos o canelone no forno e fomos para a sala. Peguei uma taça de vinho e fui para meu quarto me arrumar. Espero que esse jantar seja bom.
Tomo um banho demorado e opto por um vestido leve preto e soltinho. Calço sandálias simples e passo um gloss na boca. Ao descer vejo apenas meus pais na sala, acho que os vizinhos foram para casa se arrumar."O que acharam?" "Está linda meu amor." Diz mamãe sorridente. A campainha toca e papai vai abrir. "Boa noite pessoal." "Boa noite." Diz Felipe, todos entram e se acomodam.
"Está uma delícia." Diz Miguel ao comer, ele saboreia a comida de tal forma que é impossível contestar, da gosto vê-lo comer e é fofo. Seus olhos mel esverdeados fixam em mim,ele sorri sem graça e limpa a boca, eu desvio o olhar como sempre. "Vocês já conhecem o clube?" Não acredito que mamãe vai falar sobre isso no jantar. "Conhecemos sim, seus ancestrais sãos os fundadores né?" Diz Marcela, como se conhecesse toda a história de nossa vida. Ela e mamãe conversam sobre isso animadas, papai e Felipe também participaram da conversa empolgados. Eu apenas prestei atenção em meu prato, as vezes meus olhos se encontravam com os de Miguel mas procurava não manter contato visual.
"Miguel, pode ajudar Ariela com a louça?" Perguntou Marcela. "Claro." Disse ele as pressas me ajudando a recolher os pratos."Eu lavo e você seca?" Disse ele sorrindo. "Pode ser." Digo colocando os pratos na pia e pegando alguns potes no armário para colocar o que sobrou do jantar. "Então, louça." "Ótima forma de puxar um assunto." Digo a ele e ele sorri." Você cozinha muito bem." "Obrigada." O silêncio retorna. "Desculpe por hoje de manhã." Digo sem graça. "Foi uma ótima maneira de conhecer alguém." Seu tão de voz é tão simpático quanto seu sorriso. "Como se sente ao se mudar para cá?" "Como sempre, sozinho. Não costumo ter amigos por onde passo." Diz sorrindo sem graça. "Eu cresci aqui mas também não tenho amigos." Ele olha para mim e sorri.
"Vocês demoraram então começamos a assar os marshmallows sem vocês." Diz Marcela. Sento em um dos bancos envolta da fogueira, pego um dos espetos e começo a assar meu mashmallow na fogueira, aqui fora está congelando. Sinto um cobertor me aquecer, Miguel me cobriu com um dos cobertores. "Obrigada." Digo sorrindo sem graça, ele se senta ao meu lado e nossos pais sorriem. "Isso é levemente constrangedor." Sussurro para ele. "Pensei que só eu estivesse sem graça." Ele sussurra de volta. "Vamos para um lugar mais reservado?" Eu apenas sacudo a cabeça afirmando.
"Uau." Diz ele ao chegarmos no terraço. "A vista é incrível né?" "Demais."Diz ele empolgado. Leona e eu costumávamos acampar aqui as vezes. "Está tudo bem?" Pergunta ele. Acho que me perdi tanto em meus pensamentos que nem percebi que estava com uma expressão triste em meu rosto. "Sim." Digo limpando uma lágrima que rolou em meu rosto. Que ótimo, chorando na frente de um desconhecido. Ele estendeu os braços. "Se alguém ver eu falo que foi o frio." Diz sorrindo. Eu o abraço. "Só pra constar, realmente está frio." "Eu sei que você queria me abraçar desde que me viu pela primeira vez." "Bobo." Seu coração bate forte. "Está nervoso?" Pergunto a ele. "Não, por qual motivo eu estaria nervoso?" "Seu coração está acelerado." "Deve ser o frio." Diz ele sem graça e acabamos rindo. "Não que eu tenha gostado de você mas vou deixar a sacada aberta, se precisar de alguma coisa é só bater na porta do meu quarto." "É um convite?" Pergunta ele. "Entenda como quiser."
"O jantar foi maravilhoso, espero que possamos marcar mais coisas." Disse Felipe. "Só marcar." Diz papai. "Que tal churrasco e piscina amanhã na nossa casa?" Pergunta Felipe. "Fechado." Diz papai. "Aguardamos vocês ás onze então." Diz Marcela. "Moramos um pouco longe mas tentaremos chegar no horário." Diz mamãe, todos nós rimos. "Boa noite." Disse Miguel sorrindo para mim. "Boa noite." Digo sem graça.
Chat on
Leona: Então você e o Miguel ficaram?
Ariela: Não, ele só me abraçou pois estava frio.
Leona: Seeei.
Ariela: Boba, vou lá para a varanda.
Leona: Ver o Miguel?
Ariela: Não, vou olhar as estrelas.
Leona: Aham, sei. Boa noite, aproveita kkk.
Ariela: Ai ai, boa noite.
Chat off
Saiu mas infelizmente Miguel não está lá então resolvo observar as estrelas por um tempo. "Ei." Reconheço a voz de Miguel sussurrando para mim. Olho para ele e ele me estende um papel. Me estico e pego. "Posso ir aí? Ou seria muito bizarro?" Eu apenas sorri e estendi a mão para ele. "Fugindo de casa, tarde da noite, que feio." Ele sorri. "Como você está?" "Bem, na medida do possível e você?" "Bem. Também não consegue dormir cedo?" "Não." Digo sorrindo e ele sorri de volta. Ele se senta em uma das cadeiras da minha varanda. "Sua ligação com o céu é muito bonita." "Como assim?" Pergunto a ele. "A forma como observa as estrelas, o céu, é bonito." "Obrigada." Digo sem graça. Acho que foi o melhor elogio que recebi em toda a minha vida. "O que você quer comigo?" Digo cruzando os braços e me escorando na parede ficando próxima a ele. "Como assim?" "Você me elogia, me trata bem. Seus pais pediram para você se aproximar de mim?" "Meus pais gostaram de você mas não estou aqui a pedido deles, acho que minha mãe surtaria se soubesse que não estou em meu quarto agora." "Segunda vez que te acuso em menos de vinte e quatro horas." "Estou começando a me acostumar." Diz ele sorrindo. "E você? O que te faz aceitar a companhia de um completo estranho em sua varanda?" Dei de ombros. "Algo insiste em me dizer que você é diferente." "E isso é bom?" "Não sei ainda." "Teremos muitas madrugadas para descobrir." Eu apenas sorri. "Ariela." Ouvi minha mãe bater na porta e me chamar. Miguel se escondeu atrás da cadeira. Levei o dedo a boca em sinal de silêncio. "Oi mãe." Disse aparecendo no quarto. "Estava conversando com alguém aqui?" "Sim, estava no telefone com a Leona." "Ah sim, boa noite meu amor, não dorme tarde." Ela beijou minha testa e saiu do quarto, esperei uns minutos e tranquei a porta. "Pronto mas acho melhor a gente sussurrar." Ele se levantou e veio em minha direção. "Assim?" Disse sussurrando em meu ouvido me fazendo arrepiar."É." Digo sussurrando de volta. "Tive uma ideia." Disse ele pegando o celular e o fone do bolso, ele me ofereceu um lado e colocou o outro. "Gosta de dançar?" Eu apenas afirmei com a cabeça. Senti seu braço envolver minha cintura, apoiei minhas mãos em seus ombros e deitei minha cabeça em seu peito. A luz do luar nos iluminava, apenas fechei os olhos e aproveitei o momento.