3. Reencontro

2 0 0
                                    

Bernardo segurava a minha mão firme. No momento em que sua mãe nos interrogou, quase no automático, apertou-as. Talvez temendo que se ele não o fizesse eu o largaria sem pensar duas vezes

Se palavras definissem a vergonha que eu passei naquele exato momento, eu diria agora mesmo. Mas tudo o que posso expressar estão em minhas bochechas rubras. Sem nada a mais para declarar, senão um famoso clichê que você com certeza vê em filmes por aí, roguei à minha síndica:

- Dona Lúcia, não é nada do que a senhora está... - gaguejei, procurando com os olhos, não sei porquê, uma saída para aquela situação. Como se estivesse abaixo do meu nariz, quando na verdade me parecia estar a milhões de quilômetros de distância.

- Não precisa explicar nada. - a pomposa respondeu seca enquanto cruzava os braços. - já sei o que está havendo aqui.

Olhamos para ela assustados com a reação e temi o que estava por vir mediante ao temperamento de Dona Lúcia.  Ou, como Bernardo insistia em proferir irrefutavelmente, "sua futura sogra". Pensar nisso me faz revirar os olhos.

- A senhora está distorcendo as coisas, mãe. Foi só um abraço, entenda bem. - Bernardo soltou finalmente a minha mão. Minha face provavelmente já estava queimando de vergonha.

- Bernardo, meu filho. - pausou resoluta, me deixando nervosa. Pôs a mão no braço do filho. - vamos conversar.

Do contrário do que haveria de acontecer, Bernardo não soltou a minha mão em nenhum momento.

A GAROTA DA ESTAÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora