Capítulo I

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Ano de 1806
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Os olhos de Anastácia exibiam a tristeza ao deixar as lágrimas escorrem por sua face, as chamas do fogo aqueciam sua mão deixando uma ardência a maneira que ela se aproximava deixando a dor física pelo fogo mais forte que a dor de seu coração que acabará de se partir em seu peito, embora os campos verdes a sua frente mantinham o aspecto alegre dos primeiros indícios da primavera, com uma coloração a mais desde as flores que expandiam-se sobre os jardins ao vestido de noiva de Anastácia, a garota observava pelo vista da janela a imensidão do campo a única coisa a qual a tirou de seus breves devaneios foram os sinos da igreja que tocavam repetidamente em um som incômodo. As lágrimas desciam por seus olhos, deixando a tristeza a vista a quem olhasse a futura noiva.

Em suas mãos a carta a qual receberá a poucos minutos de Jon Tireless, seu amado homem. Mesmo relutante em ler, ela sabia que havia algo errado desde ontem o qual não teria aparecido ao seu encontro,o qual iriam fugir juntos. Ele partiu, foi embora como se a história de amor de ambos fosse apenas uma imaginação da parte dela mas agora Anastácia estava vestida de noiva mas não pra se casar com Jon mas sim com outro homem.

— Você está linda, querida. Será a noiva mais bonita da família Van Brooks. — a voz de sua mãe a fez se virar tirando a atenção dos campos floridos.

—Como...como ele é? — a ruiva esfrega os lábios sentindo a segura em sua garganta.

— Seu primo Héctor é um cavalheiro, vocês serão felizes. — sua mãe responde sendo o mais curta possível.

— Eu não o amo, mamãe. Eu amo Jon...— a garota corre ao braços da mãe em busca de algum alívio pela dor que mantinha em seu peito.

— Não diga isso, Anastácia. Se teu pai descobre sobre isso.— a mulher suspira acariciando suas costas.— Por favor, querida. Não chore.

A poucos minutos Anastácia iria se casar com seu primo de terceiro grau, Héctor Van Brooks. O casamento a qual foi planejado desde o nascimento de ambos, a família Van Brooks sempre prezou pela linhagem "pura" deles e de manter a riqueza da família entre si, a melhor maneira a qual conseguiria isto era o casamento entre seus familiares e agora no seu décimo sexto aniversário a garota iria se casar, com um homem a qual jamais teria visto e em seus pensamentos o qual não iria amar.

— Sorria. — a mulher falou ao perceber os olhos em um tom avermelhado.— É seu casamento, Héctor tem quase sua idade. Vocês irão se dar bem.

A garota apenas acenou com a cabeça, nada do que fosse dizer a sua mãe iria adiantar, ela já fora dada como um presente a seus outro familiares desde o dia em que nascerá. Uma simples mercadoria de troca.

A igreja já estava lotada, desde toda a família Van Brooks a várias pessoas do círculo de elite do Norte. Os únicos que sabiam que Anastácia e Héctor eram primos era sua própria família, a maioria apenas sabia que ele viria de uma família distante pra desposar a garota. A família era dividida por quatro casas, Van Brooks, O'Brien, Lyon e Hyde. Os sobrenomes diferentes era a ideia pra que ninguém ousasse fazer acusações e tirar o poder de qualquer um deles, tanto que as casas se mantém no poder a gerações.

Ao lado da garota seu marido o qual a mesma não ousou se quer olhar mas ela já imaginava seus traços os quais não deviam ser tanto diferentes dos dela. A cada passo na igreja, seus olhos ardiam ainda mais por segurar as lágrimas, até chegar ao altar onde o padre abriu a Bíblia. Anastácia se ajoelhou a frente do padre, ouvindo o fazer uma oração.

— Hoje iremos reunir a casa Van Brooks a casa Lyon. — o padre se pronunciou após um tempo.— Na presença de Deus, agora selo essas duas almas, ligando as como uma só, pela eternidade.

Ambos se levantam ficando frente a frente, pela primeira vez o olhar de Anastácia se dirigi a seu marido. O homem de olhar tão azuis quanto o mar, seu coração se acelera engolindo em seco.

— Eu, Héctor Lyon, recebo a ti, Anastácia Van Brooks, como minha legítima esposa. Por todos os dias da nossa vida. Até que a morte nos separe. — o homem fala deixando o ar de silêncio.

Mesmo antes de Anastácia falar seus votos a porta se abre bruscamente fazendo todos os olhares se direcionarem a ela.

— Seus malditos, malditos sejam os Van Brooks. — a mulher gritou. — assassinaram meu filho, Jon.

Nesse momento as lágrimas contidas escorreram sobre sua face enquanto via a mulher gritando. Jon não teria fugido mas sim sido assassinado.

— Tirem essa mulher daqui. — seu pai gritou.— Agora.

— Eu amaldiçoou, amaldiçoou todos vocês. Amaldiçoou essa maldita família inces...— mas antes que a mulher pudesse continuar com suas palavras, os guardas a levarão a força. Seja lá qual fosse a vida desta mulher a partir de hoje seria bem pior.

Anastácia virou-se olhando a figura de seu marido ao lado, ele parecia estático não desviará o olhar um segundo enquanto arrastavam a mulher pelo cabelos. Os gritos dela com certeza ficariam em sua mente.

Ela não conhecia o caráter do homem ao seu lado para não dizer que ele teria matado seu amado Jon, mas seu pai teria feito isso? Não, ele não seria capaz de tal ato. Não o homem que ela conhecia.

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O sol se pôs trazendo um fim as comemorações após o casamento, Anastácia e Héctor não trocaram mais do que olhares depois das belas palavras de seus votos. Agora sentada sobre a cama do casal, a garota observava Héctor o qual se mantinha perto da lareira vendo o fogo queimar, com as brasas que caiam pra fora. O clima do local era aconchegante, uma mistura do calor do fogo com a geada que caia lá fora.

— Lamento por hoje, aquela mulher em nosso casamento.— o rapaz se pronuncia ao se virar e encontrar sua jovem esposa o encarando. — Se eu pudesse teria feito algo pra impedir.

Um sorriso singelo escapa dos lábios de Anastácia.

— Não poderia ter feito nada, aquilo foi a fúria de uma mãe por perder seu filho. Se fosse comigo...— a ruiva abaixa o olhar.

— Isso jamais irá acontecer a algum de nossos filhos e não culpe sua família, seu pai não iria cometer tal ato.— Héctor caminha em passos lentos até a cama, deitando-se sobre a mesma.

— Acha que iremos ter filhos?— Anastácia vira seu tronco pra olhar Héctor que a observava por trás.

— Iremos ter quantos Deus desejar.

Ainda com um certo medo por oque irá acontecer a garota se deita ao lado do marido, sentindo o calor de seu corpo próximo ao seu. Héctor leva seu lábios ao encontro com sua pele do pescoço causando inúmeros arrepios a mesma.

— Você é perfeita.— o homem pronuncia antes de a beijar.

Doce pecadoOnde histórias criam vida. Descubra agora