Capítulo III

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Os anos passavam-se junto as estações que indicavam o início de uma nova fase da vida da pequena família Van Brooks, mesmo com uma certa relutância Héctor havia atendido ao pedido de sua amada de mudar e estabelecerem em uma das residências da família, a qual mantinham-se longe do norte e da breve realeza que faziam parte. Os primeiros anos foram os mais felizes da família e com toda certeza ali seria as memórias mais calorosas que teriam afinal como as estações a felicidade também é algo breve.

Em meados de 1827, dezembro.

O clima gélido do inverno já havia se iniciado trazendo assim o frio que se impregnou por toda a residência. Anastácia sentava-se em frente à lareira em uma tentativa tênue de se aquecer, a mulher mantinha-se concentrada costurando uma camisa e ao seu lado sua pequena filha, Myrcella que bebericava um copo de leite quente enquanto dava breves sorrisos exibindo a falta de alguns dentes ao pai que também bebia algo mas diferente de sua filha em seu copo havia vinho.

Jace fazia o único som presente no cômodo em que a família habitava e talvez por toda a casa, o garoto dedilhava as teclas do piano que após um certo tempo de prática teria memorada uma melodia que tocava sem quaisquer erros. Nem mesmo o devastador frio que predominava no ambiente conseguia tirar o ar caloroso que aquela família esbanjava.

Em poucos segundos a porta foi aberta bruscamente fazendo o som do piano cessar e os olhares se direcionarem ao barulho, um jovem que respirava ofegantemente adentrou ao local apoiando-se sobre a parede, junto com ele uma forte rajada de vento entrou no cômodo causando calafrios aos que estavam por lá.

— Oque foi? Diga me. — Héctor se sobressaltou saindo do estado de conforto em que se encontrava.

O rapaz elevou sua mão mostrando uma carta de tom amarelo.

— Para você Lady Anastácia.— após longos segundos a voz do jovem se fez presente.

Anastácia deixou a camisa a qual costurava de lado pegando o papel em suas mãos mesmo antes de abrir o envelope, pôde reconhecer o brasão de sua casa. Um frio percorreu sua espinha mas logo quando seus olhos bateram sobre as primeiras letras, as quais sabiam muito bem a quem pertencia, sua mãe.

Uma lágrima por sua face escorriam enquanto suas mãos trêmulas foram levadas a boca.

— Anastácia? — Héctor chamou seu nome.— Oque foi?

— Meu pai. — uma pausa se fez presente deixando o clima de silêncio ainda mais mórbido.— Ele está morto ... — mais lágrimas desciam sobre sua face.

— Não chore mamãe. — a voz aveludada de Myrcella falou ao ver as lágrimas molharem o rosto de sua mãe. A mulher em uma tentativa de consolidar sua filha, deixou um sorriso tristonho tomar seus lábios.

Jace pelo contrário apoiou seu cotovelo ao piano, ele observava a cena — um tanto caótica. Mesmo com as lágrimas que escorriam pela face de sua mãe o garoto não demonstrou tristeza ou quaisquer sentimentos de lamento assim como sua irmã, afinal ele se quer havia conhecido o avô.

O que mais incomodava a jovem mãe além da repentina morte de seu pai, era sobre a liderança da casa do Norte, afinal ela sabia que teria consequências por ser sua única filha e consequentemente pra sua família. Anastácia soube no momento que os dias de paz que ela tanto almejava haviam acabado pois agora seu marido era o novo Lorde do Norte, protetor da casa Van Brooks.

(•••)

O tempo se esvaziou pelas mãos de Anastácia, ele era cruel e em breve a deixaria sem nada.

O caminho era longo e após cinco dias em estrada o cansaço era evidente, Anastácia por outro lado mantinha-se dispersa enquanto olhava a imensidão verde.

— Não fique com medo.— a voz de Héctor atraiu sua atenção, seu marido mantinha um sorriso singelo nos lábios.

— Não estou é apenas ...— mesmo antes de proferir suas palavras o movimento brusco dos cavalos parando a fez sentir o suor frio por seu corpo.

— Saiba que eu amo você. — O homem levou seus dedos os entrelaçando aos dela que sorriu.

Após descer do cupê, os olhos de Anastácia vagaram sobre o local mesmo com o tempo em que estivera longe nada havia mudado, até mesmo o cheiro refrescante das árvores se mantinham.

As portas do palácio Van Brooks estavam abertas e de longe podia ver o semblante de sua mãe, Elizabeth, a mulher andava de um lado ao outro. Aflição seria a palavra certa a descrever oque se passava por seu pensamentos.

— Mãe. — Anastácia chamou a mulher, um sorriso amarelo tomou conta de seu rosto que correu ao encontro de sua filha.

— Oh céus, não tem tamanha ideia do quanto eu orei pra que chegassem logo, aqueles moribundos estão iguais a cães, se Héctor não chegasse tomariam nossa casa.— a mulher logo se vira a figura de Héctor que permanecia imóvel, seus olhos entregavam o cansaço que se embolsava através de seus olhos por um tom escuro.

— Minha senhora.— o homem cumprimenta Elizabeth que apenas acentuou com a cabeça.— Irei me juntar aos homens, com licença.— em passos largos ele logo some da vista de ambas mulheres.

— Está é minha pequena neta. — o olhar se vira a garotinha de cabelos ruivos.— Olá querida.

Myrcella abaixa o olhar e sua face se torna em um leve tom avermelhado.

— Olá... — a voz suave da menina sai tão fraca que arranca um riso nasal de Elizabeth.

— Tão meiga que apenas com um simples cumprimento consegui lhe fazer corar, onde está meu neto? — os olhos curiosos da senhora procuravam a figura.

Anastácia se vira olhando aos lados e um certo desespero toma conta.

— Jace? — a mulher chama.

— Estou aqui, minha mãe.— a voz ecoou aos ouvidos das mulheres, Elizabeth por sua vez caminhou ao encontro de seu neto que mantinha-se parado sobre uma janela de vidraças.

O garoto observava através das vidraças os campos, pequenos feixes de sol batiam em sua face. Aquilo havia lhe dado um tanto de conforto, diferente do local onde havia crescido o clima frio predominava ao ponto de em poucas vezes ao longo do ano o sol aparecer.

— Jace, cumprimente sua avó.

Por breves segundos menino se vira vendo a figura o encarar, um sorriso toma a face do mesmo.

— Senhora minha vó é um prazer conhecê-la. — a linguagem do garoto causa uma crise de risos a mulher.

— Como nunca conheci meus netos, com toda certeza meus dias teriam sido um tanto mais alegres. — Elizabeth esfrega os lábios o vendo se virar novamente.

Enquanto a pequena Myrcella se junta ao lado do irmão sentindo o sol em contato com a pele leitosa, por breve momentos a menina olhava o garoto.

Anastácia sorria com a cena e sua mãe ao lado suspirava, o alívio agora fazia-lhe presente.

— Queria os ter conhecido antes, agora temo não ter tanto tempo com eles afinal agora eles são filhos do Lorde da casa Van Brooks. — o olhar de Anastácia se vira a sua mãe.— Não fique assim, querida. Iremos arranjar ótimos casamentos pra eles, pensei em talvez em nossos primos da casa O'Brien.

— São apenas crianças, eles não irão ser submetidos a isso, Héctor e... — a voz de sua mãe a interrompe.

— Anastácia, Héctor agora é um lorde. Você sabe as responsabilidades, mesmo que ele a ame agora ele tem responsabilidade e deve cumprir com elas. Vocês não são mais jovens...

A ruiva eleva o olhar as risadas que mesmo de longe ecoavam por seus ouvidos, figura de seu marido estava presente junto a outros. Mesmo que não fossem mais jovens, algo mudaria entre eles?

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⏰ Última atualização: Dec 03, 2023 ⏰

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