O fim

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E nos fogos,
Nos abraços
E comemorações a meia noite,
Nós não sabíamos, mas demos início a uma nova era.

Dois presidentes caindo,
Um grito de um vírus anunciando que ia chegar

E por fim, no Brasil chegou
E em menos de uma semana, tudo ao seu redor se abalou
Foi o começo,
O início do fim
Nem acabei ainda, tá achando ruim?

Mil mortos,
Dia após dia,
Completamos MIL MORTOS!
E esse sangue está nas mãos dele,
Do tal futuro da nação, do tal presidente,
Que desonrou a morte de muita gente...

E esse sangue tá na mão de tanta gente,
Tanto adolescente,
"Só fui ver meu namorado"
Coitado, não sabe que o vírus não perdoa a saudade do seu amado?

Tanta ignorância, tanto preconceito, tanta decepção
Vários pretos morrendo e a polícia se ardendo
Decidimos não nos calar,
Ele não conseguiu mais respirar, mas por ele vamos lutar!
O mundo inteiro entrou em crise
A revolta da população botou medo no laranjinha ladrão

E no Brasil?
Nosso adolescente, preto, favelado foi ASSASSINADO
Mais uma vida tirada,
Mais uma mãe desolada
Mais uma família arruinada

E no meio de toda essa confusão
Está aquela menina, aquela mulher
Que é abusada, estuprada, agredida
Morre uma parte dela todo dia
Presa com seu abusador
Temendo pela sua vida;
Ela não tem outra saída a não ser o obedecer
E neste exato momento, ela está pensando se vale a pena viver

Em época de pandemia
A desigualdade se manifesta
As pessoas finalmente percebem que ela sempre esteve lá,
E que agora ela vai piorar
Os míseros 600 reais vai fazer isso melhorar?
A solicitação negada
E uma mãe desesperada com três bocas pra alimentar

E quem se dá mal é o preto
Tá todo endividado, o favelado
E nem um álcool em gel consegue comprar

Ah, minha querida Pátria amada
Cada dia mais perto da perdição
Brasileiro tem que abrir o olho para o presidente que diz ser "do povão"
Tal presidente que nunca subiu o morro
Não respeita a democracia,
Nem Religião,
Acha que mulher é incapaz,e todo preto é ladrão
Pátria amada da corrupção

A vista grossa pra branquinho de condomínio,
Não se aplica pro Pretinho
Um fuma maconha em frente a farda
O outro vai pra prisão confundido com ladrão

Sinto que esse é só o começo
Começo do fim?
Começo de uma destruição?
Eu não sei
Mas é início de uma nova guerra

E este é o meu fim
Terminando esse livro, para começar a viver
Viver um "eu diferente"
Uma vida em que eu não seja ausente
Sou EU, a personagem principal do meu conto de fadas
E eu termino esse livro aqui
Esse é o fim da minha era de dois anos escrevendo
Desabafando
Me expressando

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