Ouço passos pela casa, abro os olhos vejo que já está de dia. Olho em volta e vejo Jake no outro sofá, com um pacote de biscoitos numa mão e a outra dentro da calça. Constrangedor... Não sabia se devia fingir que ainda estava dormindo ou que não estava vendo.
– Bom dia. – ele diz.
Aparentemente não se preocupa com a cena que eu estava vendo. Me sento, mas continuo enrolada nos cobertores. Ele tira a mão de dentro da calça, pega no controle da TV e muda de canal. Eu fico olhando para aquela mão. Por que os homens são assim?
– Bom dia. – respondo.
– Quer assistir alguma coisa? – ele diz e arremessa o controle, que cai do meu lado.
Não pretendia encostar naquilo. Então, como se já não tivesse contaminado objetos suficiente com aquela mão, ele pega um biscoito do pacote e come!
– Quer? – ele me oferece o biscoito.
Jake ele olha para o pacote e olha para a sua mão. Devia ter percebido o que fez.
– Isso foi bem nojento... – eu digo.
– Foi mesmo... Foi involuntário. Vou lavar as mãos. – ele se levanta. – Quer comer alguma coisa? Claro, que não seja esse biscoito. – quando ele disse isso eu não sabia se ria ou fazia cara de nojo.
– Chocolate quente? – digo esfregando os olhos.
– Já não está quente, mas eu esquento para você. – Jake vai em direção à cozinha. Mas ele não ia lavar as mãos? – Ah! – na mesma hora ele sai da cozinha e entra no banheiro.
Me desenrolo dos cobertores e começo a dobra-los. Jake sai do banheiro e vai direto para a cozinha. Depois ele deixa só a cabeça de fora do portal da cozinha e diz:
– Pode deixar que depois eu faço isso. Minha mãe não pode nem sonhar que você está fazendo algo do tipo. – rio e termino de dobrar o que já havia começado, depois vou até a cozinha. – Se a casa explodir você foi testemunha que eu só estava esquentando chocolate quente. – ele diz colocando duas canecas com chocolate quente no microondas.
– Mas só se eu sobreviver, né. – me sento à mesa. Ele para encostado no balcão da pia.
– Tem razão, espero que sobreviva para dar seu testemunho. – nós rimos.
Depois de um minuto fica pronto. Ele pega as canecas e põe na mesa. Enquanto ele fecha a porta do microondas eu já começo a tomar o meu chocolate.
– Ué, cade a vergonha de ontem a noite? – ele pergunta ao sentar-se à mesa.
– Me sinto mais a vontade quando estamos sozinhos.
– Por que? Ela é só minha mãe.
– Eu sei. Mas sei lá...
E então o silêncio prevalece. Termino de tomar o meu chocolate quente e fico o observando. Eu o observei bastante desde ontem, eu tinha a sensação que ele me conhecia, enquanto eu não sabia muito mais que o nome dele. Só que aquela não era a hora certa para perguntar sobre ele, ele parecia o tipo de pessoa que iria responder um "ah, não sei" ou "não existem coisas interessantes sobre mim", então eu apenas continuei o observando, até que Valerie chega, empolgada como sempre.
– O carro está finalmente consertado! – ela diz tirando as botas. – Bom dia, Mia, dormiu bem? – ela pergunta.
– Não poderia ter dormido melhor. Literalmente. – ela ri. Valerie entra na cozinha e apoia algumas sacolas na pia. – Que bom. Jake, sua tia Anne está vindo nos visitar com a Carrie. Chegam para o almoço. Por que vocês não se arrumam para mais tarde saírem com a Carrie? – Valerie começa a guardar as compras.
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Fireside
RomanceApós o término de seu namoro, Mia se vê obrigada a voltar para a sua casa em Cambridge faltando apenas dois dias para o Natal. Mas por causa de um problema na ferrovia seu trem é desviado e lá seu desespero tem fim quando ela conhece Jake. (imagem d...