07. Uma trilha mais que quente.

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Às vezes eu queria poder voltar no tempo para mudar as coisas que digo e faço.

Pois, em determinados momentos, me arrependo das palavras ditas no calor do momento. Talvez eu devesse pensar mais antes de proferir um "sim", porque essa simples palavra pode causar um grande estrago, principalmente se ela for dita para Jung Hoseok, um babaca chantageador que sempre consegue me fazer aceitar suas maluquices.

Se arrependimento matasse, pode ter a certeza que eu já estaria mortinho totalmente enterrado debaixo da terra na cripta da minha família. Onde já se viu, alguém cheio de grana, nadando em dinheiro — pode ser que eu esteja exagerando em relação a minha conta bancária, mas continuando... —, se deixar ser subordinado pelo melhor amigo.

Sim, eu poderia não ter aceitado o presente de Hoseok para me convencer — obrigar é a palavra mais correta a dizer — a ir nessa trilha. Mas não! Eu aceitei! Disse sim mais uma vez. E me desculpe por ser tão fraco ao ponto de me deixar ser comprado, mas eu não pude resistir ao boneco do Capitão América — lançamento, vale ressaltar que aquela preciosidade tinha acabado de ser lançada — que ele comprou especialmente para mim e que já estava a caminho da minha casa.

Hobi me conhece perfeitamente e sabe que não resisto a nada quando o assunto é algo relacionado ao amor da minha vida. Sei que tenho dinheiro para comprar esse boneco futuramente, mas eu também sou muito bobo, e não consigo resistir ao meu melhor amigo com uma carinha fofinha — igual ao gato de botas do Shrek.

Então de qualquer maneira, eu sempre digo sim para Hoseok, mesmo que não ganhe — geralmente — nenhum presente em troca disso.

Deixando meu lado dramático de lado, não estou totalmente arrependido de ter aceitado aquela idiotice, até porque ganhei um pressentindo para tal coisa. Eu estou com raiva mesmo, puto da vida, soltando fumaça igual um dragão — não sei porquê fiz essa comparação infeliz, até porque nem parecido com um eu sou, pois estou mais para um príncipe. Autoestima é tudo! —, é que Hoseok, esse belo amigo de baixo calão, me fez acordar cedo para vir fazer uma trilha no meio da mata cheio de bichos me picando com um calor de mais 30 graus, para nem olhar na minha cara! Uma maravilha.

Isso mesmo, esse imbecil sem cérebro não está me dando atenção alguma! Estou aqui por causa dele e por ele, mas ele nem está ligando se eu estou aqui ou não. E tudo isso é por causa de quê? Ou melhor, de quem? Dele; o Taehyung nem tão babaca.

Olha, sinceramente, não sei o que se passa na cabeça de alguém que faz de tudo para uma pessoa ir a um determinado lugar, e quando essa pessoa aceita ir nesse lugar, ela não liga para a sua presença ali. Mas tudo bem, eu já devia ter me acostumando em ser trocado pelo ficante — acho que daqui um tempo será bem mais que isso — do Hobi. Eu realmente deveria ter ficado no quarto dormindo, porque acordar às sete da manhã para ficar na mata com os pés doendo de tanto andar com uma mochila pesada — desnecessária essa mochila, principalmente o tanto de comida e água que tem nela. Dá pra alimentar um batalhão. — Nas costas e ainda mais! Ser feito de vela, não é nada legal. Nem é algo que eu planejasse fazer.

— Cadê sua animação, Minnie? — falou Hoseok, me abraçando por trás. Agora percebeu que estou aqui? Que pena, agora é tarde.

— Talvez, dormindo na cama do hotel! Engraçado, né? Porque eu também deveria estar lá — falei, de maneira sarcástica, e logo tirei seus braços da minha cintura. Vai abraçar o Taehyung, não eu.

— Como você é mal-humorado — Taehyung disse, intrometendo-se na conversa. Agora pronto, quem pediu sua opinião filhão? Vocês dois se merecem e são melhores juntos, sem reparar na minha presença.

— Vocês são chatos! — Bufei, tirando a mochila das costas e sentindo um enorme alívio ao fazer isso, logo caminho na direção oposta que o guia disse para nós irmos.

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