Coitinhos de colate e beijos de obrigada

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Aos 25 anos de idade, Jimin não havia planejado nada daquilo. Não estava em seus sonhos para o futuro acordar de madrugada com choros baixinhos, fazer leitinho quente em mamadeiras cor de rosa ou trocar fraldas cheinhas de sujeira.

Também nunca tinha imaginado que boa parte de seu salário iria para brinquedos infantis, vestidinhos coloridos e sapatinhos elegantes.

Mas aconteceu. Odiava pensar naquela noite como "erro", como muitos chamariam, pois ele não enxergava dessa forma.

Fora inesperado, sim, mas não havia nada de errado com a bolinha de amor que dormia agora ao seu lado com a boquinha aberta e as bochechinhas vermelhas. Sua Soojin. A garotinha que veio de repente, virando sua vida de cabeça para baixo, mas trazendo consigo momentos de alegria indescritível.

Embora sua menininha tivesse sido rejeitada pela mãe, Jimin prometera que nunca deixaria nada lhe faltar e que seria o melhor pai do mundo, nem que tivesse de gastar todos os seus dias em atenção exclusiva a sua bebezinha. A melhor e maior benção que poderia ter recebido.

👨‍👧

"Mini, Mini!"

O cansaço que pesava os ombros de Jimin estava longe de atingir sua filha que gritava empolgada apontando para o outro lado da rua no caminho de casa. O pai nem precisava olhar para saber o que a menininha queria.

"Nós já fomos na Mini ontem, Susu. Lembra que o papai disse que hoje iríamos direto pra casa?"

A garotinha não estava satisfeita. O grande bico desenhou seus lábios cheinhos, idênticos aos de Jimin, e os bracinhos gordinhos cruzaram-se em desaprovação.

"O papai pode fazer uma comida deliciosa pro jantar se você se comportar, o que acha?"

Soojin encarou o pai com a cabecinha erguida, ainda emburrada. "Só um 'coitinho de 'colate, papa."

Jimin suspirou. Os biscoitinhos de chocolate eram os favoritos de sua garotinha insistente com olhinhos pidões. Uma rápida olhada para dentro do estabelecimento em frente a eles mostrou que o local estava quase vazio, sem movimento, então, Jimin deu de ombros, dando-se por vencido.

"Ok, mas amanhã não vamos entrar, ouviu?"

Soojin nem estava mais escutando, ocupada demais em dar pulinhos sobre a calçada, balançando a mochilinha amarela em suas costas. E que outra escolha tinha Jimin a não ser sorrir para sua garotinha tão fofa?

Ansiosa pelo doce que a aguardava a poucos metros de distância, Soojin esticou a mãozinha pequena para o pai. "Rua, papa", disse, apontando para que atravessassem juntos.

Eles esperaram a passagem de carros terminar e então seguiram caminho com as mãos unidas, Soojin ainda andando em pulinhos animados.

O cheirinho da Mini's Bakery era um dos melhores no mundo, Jimin teria de admitir. O aroma das iguarias gostosas recém saídas do forno fazia seu estômago roncar instantaneamente e sabia que não resistiria a provar alguma coisa do balcão que brilhava a seus olhos.

No entanto, sua atenção logo foi puxada para outro lugar, mais especificamente para a porta que levava à cozinha sendo aberta pelo homem que carregava uma bandeja cheia de pães fresquinhos. Jimin nem percebeu de imediato que sua reação automática foi prender a respiração.

"Tio Gigi!", o gritinho agudo despertou os poucos clientes no estabelecimento, assim como tirou Jimin de seu leve transe e levou os olhos surpresos daquele que havia sido chamado até o pai e filha ainda parados perto da porta de entrada.

"Susu!", ele respondeu com a mesma empolgação.

Com os olhinhos negros em questionamento, Soojin encarou Jimin pedindo permissão para soltar sua mão, a qual foi concedida ao mesmo tempo que o pai acenava positivamente, libertando sua menina.

Mini's Bakery Onde histórias criam vida. Descubra agora