Metal (Prólogo)

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"Página 550 - 15/ (Parte destruída)

Após o segundo sol da primavera se pôr e vermos a chegada das luas cheias, eu escrevo mais uma vez em meu grimório pessoal.

Hoje, ao levantar, eu e meu fiel aprendiz, Jarx'i fomos preparar o templo principal para a primeira meditação do dia. No chão foi colocado nosso tapete, que centraliza as energias de nossos corpos, velas, incensos e flores para nossa concentração. Me dispus a arrumar o nosso altar de referência aos nossos irmãos de espírito, de outros ou sem elementos. Quero dar a todos luz neste momento difícil de conflitos e desequilíbrio, os dias estão ficando cada vez mais difíceis: ouço de fome, miséria, atrito entre todos deste mundo, por todo tempo que vivi sinto que as sombras estão tomando nossos corações atualmente. Sinto falta dos tempos de conversa, festas e ensinamento entre os povos. Tenho medo do que o futuro nos reserve tanto aos jovens, tanto aos que futuramente voltarão para esta terra, como eu e todos os outros mestres do mundo.

Com a chegada de todos os discípulos, começamos a concentração. A calmaria entre nós me deixou mais leve do que antes, senti que todos ali estão no caminho certo para o futuro. A música tocada pelos outros mestres me leva longe, consigo me conectar com o meu profundo espírito, de onde vem a força, a esperança, a felicidade e o amor. Parecia estar tão claro que é somente isso que precisamos para um futuro melhor -um calmo momento entre irmãos de alma- mas qual será o porquê de nos levarmos ao contrário?

talvez precisemos nos frustrar com o material para percebemos o valor do que está além do toque físico: o toque de espírito.

Terminando a primeira meditação, todos vão se alimentar. Eu, por estar em jejum para receber a energia total do espírito, não senti vontade. Então fui ao encontro de Mirx que tinha recebido meu conselho para jejuar no dia anterior, o jeito que ele falava comigo me parecia tão energético e inspirado: desde o dia em que chegou aos meus braços ainda muito pequeno havia percebido isso. Foi num dia chuvoso de final de outono, quando fui chamado pelo líder de um assentamento humano muito distante para recolher uma alma que não pertencia aos ensinamentos de lá. Que uma jovem havia absorvido-a nos fundos de uma caverna metálica e  desde esse dia eu sinto uma energia muito forte de aspiração, força e paz. Sinto que Mirx ainda vai ter muito que aprender e que vai levar uma vida difícil... Não sei nem como lidar com isso, como vou levá-lo e assegurá-lo para um futuro melhor?
Será que meu treinamento tem o que é necessário para esclarecer ao mínimo sua experiência e vida?
Eu sempre me pergunto isso... Sei que não preciso fazer rápido, nem completamente perfeito, acho que o jeito é prestar atenção e viver cada dia como um avanço, dando tudo que sei para Mirx e que no futuro ensine ao mundo o que aprendeu.

Após o relaxamento, fomos para o aquecimento. Estava comandando Aldif, iniciando os treinamentos básicos mesmo com a dificuldade que ele tinha de expor os sentimentos em forma elemental. Eu tinha total certeza que ele tinha o poder de manipular, sentia a presença do ferro no seu sangue, mas o próprio não se dava certeza por nunca ter conseguido em algum momento colocar isso fisicamente. Disse que precisava ter mais foco e o ajudei a se posicionar à forma exata de como o ferro normalmente é expresso, mas nada, como se fosse uma alma não elemental. Falei para ele voltar e esperar a segunda meditação, mesmo que sentisse que não seria hoje que conseguiria, ainda dei o ar da esperança.

(Parte destruída), mas não tentava ao máximo, isso que provavelmente o atrapalhava de moldar a espada como queria.

Antes da quarta meditação, onde o foco era o chakra principal para o nosso elemento, Mirx me pediu ajuda para a próxima atividade, eu lhe concedi já que a maioria estava com uma energia autodidata. Mirx disse que sentia que conseguiria fazer sua primeira lâmina de alumínio, eu também sentia isso, e como também moldava o alumínio seria o melhor para encorajar e me conectar com ele.

Ao sentarmos e fecharmos as cortinas do templo amarelo, a luz amarelada do vidro acima de nós deixava o ambiente mais focado para as energias que precisavam entrar em nossos corpos e mentes enquanto todos entoavam RAM. Essas energias que envolvem a nossa força e a força dos irmãos do Sol estavam completamente abertas e entrando em todos que estavam focados e não focados. Por toda essa força, o mestre mor, Irx'irh, encerra a quarta meditação antes do tempo comum para que todos fossem colocar essas sensações para o exterior. As sessões mais curtas são raras, principalmente numa época tão calma como a troca entre inverno e primavera, do derretimento do gelo e volta da vida para os campos e florestas. Encerramos a concentração, a música parou e as cortinas foram abertas, de forma a podermos todos ver o ambiente completamente amarelo mesmo fora do vidro, o sol estava emitindo um tom diferente como estivesse se pondo, mas ainda estava antes da metade do dia.

Acompanhei Mirx para o pátio de treinamento, ele conseguiu mais facilmente acordar a primeira arma que construiu, uma que eu nunca havia visto antes como se tivesse placas e espinhos entre todos os dedos, então seguimos para a criação de lâminas. Eu também senti a energia e vi que consegui até expor minhas construções mais complexas facilmente, parece que o universo quis que a nossa inspiração chegasse em peso neste dia. Enquanto Mirx tentava criar uma espada de seu peito como normalmente é ensinado, percebi que alumínio líquido saía de seu pulso, então pedi para que se concentrasse nesse ponto e imaginasse lançando algo do braço. Fazendo como pedido, Mirx lançou fortemente uma adaga de seu pulso com toda força, criando uma nova arma -algo que me deixou muito feliz- ele também se emocionou e correu para ver os detalhes nela: era uma pequena lâmina sem corte e sem empunhadura, algo geralmente considerado básico, mas para Mirx era a arma mais bonita que havia visto na vida. Ele sentiu o peso da falta de alumínio e logo absorve de volta o metal usado, (parte destruída) pela primeira ve (parte destruída) sigo sent (parte destruída) que e (parte destruída) amor.

(parte destruída) finalizando o treinamento do dia, finalmente senti que meu jejum poderia ser quebrado e comi algo bem leve como folhas e frutos que os irmãos colhem em clareiras, onde nascem certos alimentos importantes para nossa dieta. Após a refeição, agradeci todos presentes pelo dia de hoje; os liberei dos ensinamentos para a hora livre final do dia; me juntei aos outros mestres para a conferência diária, onde perguntamos porque Irx'irh liberou a sessão mais cedo, sendo que poderíamos ter ido mais longe nas habilidades e concentrações. Ele, como de costume, se manteve calado e pediu para que a reunião fosse para o encerramento. Meditamos para equilibrar as energias mais fortes e guardar todos que estão abaixo do sol e das luas, assim fomos liberados para irmos aos nossos recintos e enfim descansar tudo que fizemos hoje.

Estou aqui escrevendo para mais uma página do meu grimório que pretendo expor para os futuros mestres saberem como são feitas as atividades diárias e contar sobre cada um e o que aprendeu aqui, individualmente e assim passar conhecimento à frente para todos que vierem receber nossos ensinamentos."

Eu não sei o que dizer...
Ler sobre isso somente me deu mais saudades dele e da vida no templo, e ver como tudo...
enfim, pelo menos tenho o que restou da história que vivemos juntos além desse lugar e os mestres que estão por aí no mundo, acho que...

Sangue de Alumínio sobre Calx'ixarhOnde histórias criam vida. Descubra agora