Sinto o calor do Sol da tarde sobre os meus olhos, enquanto sinto o frio da falta dele ao meu lado na cama. Ele havia ido embora e deixado a porta aberta. Deixando apenas meu corpo mole, adormecido e carente de companhia na cama desarrumada. Estava triste demais pra ter algum arrependimento ou raiva, então me levantei da cama lentamente. Saio pela porta e a fecho com calma. Suspiro com a maior força possível para continuar em pé. Não sei onde seria a saída ou entrada do lugar, não foquei no caminho somente em segurar Firh'hur e ainda outras coisas aconteceram no meio tempo. Como estar ao lado dele e ver Arh'dulov pela última vez.
Enquanto atravesso pelos corredores confusos e escuros, me lembro da luz que vi e como aquele sonho parecia real. A cada passo que dava esquecia algum detalhe, como era a cor do que me envolvia, o que me envolvia, se Arh'dulov estava em pé. Mas a única coisa que lembrava perfeitamente era o que ele havia dito pra mim, como se tudo ao redor fosse um sonho, menos a mensagem dele para mim.
Esbarro com Jarx'i, que parece apressado para chegar ao seu recinto. Ele me olha rapidamente, desvia o olhar e vai embora. Eu paro bem no caminho, onde nos batemos. Esperando que ele me explicasse algo do que tivesse acontecido com Firh'hur, porém parecia que ele estava com algo mais importante a fazer do que me dizer algo. Isso não é comum, como se tivesse muito focado em ir. Jarx'i sempre foi de se desculpar, ou parar para conversar sobre qualquer coisa que o viesse a mente. Sempre gostei disso nele, com a minha dificuldade de me expressar mesmo querendo. Ele me dava a confiança para me abrir nesses momentos. Sinto falta.
Continuo meu caminho, mesmo sem fazer a mínima ideia da saída. Vejo uma luz por trás de um pano, bastante barulho vinha de lá. Algo me dizia que era ali que deveria ir, como se fosse uma intuição, mas provavelmente meu inconsciente me dizia que era algo que já havia visto antes. Passo a mão pelo pano para me certificar de onde iria. Quando olho pela fresta, meus olhos se cruzam com os de Firh'hur. Não era como antes...
Ele me olhava como quem queria distância, distância de algo incômodo, distância de mim. Eu o olhava como quem queria respostas, respostas de algo precioso, respostas do que fez ele ficar assim. Ele desvia o olhar, e continua falando com Erhteri, Metharh e Ifrix. Eu paro ali por detrás do pano com medo de mostrar meu rosto para o mundo, parecia que todo mundo havia esquecido do que aconteceu ontem. Mas também me parece o contrário, como se todo mundo soubesse exatamente o que havia acontecido ontem. Principalmente Firh'hur, ele sabia o que isso o levaria, mas não me avisou antes.Ele, Firh'hur, quer ser mestre do nosso templo, mas para alguém se tornar mestre deve abdicar de qualquer sentimento carnal que o comprometa na Terra. Filhos, amizades muito próximas, amores... Ele sabia muito bem que o que ele sentia por mim interromperia os seus sonhos. Agora ele está sofrendo com a pressão de ser descoberto, e de magoar alguém que ele criou um sentimento com. Ele pode ter sido muito responsável com suas atividades, mas com as emoções dos outros... ele sempre foi um problema. Desde quase fazer Jarx'i perder sua candidatura de mestre, para que ele não tivesse que abdicar de sua fraternidade. Até sua relação conturbada com Aldif, onde ele não teve o mínimo de atitude em cortar suas vontades que feriam tanto as vontades dele, tanto os acordos do templo.
Sinto alguém passar pelo meu lado, era Jarx'i voltando com um grimório e pena. Ele passa rápido e me suja de tinta, logo começa a se desculpar:
Jarx'i: Desculpa Mirx não te vi aí...
Mirx: Tudo bem... Não me viu antes não iria me ver agora...
Metharh entra na conversa percebendo que algo não muito bom sairia dali:
Metharh: Mirx... Você pode vir comigo?
Mirx: Acho melhor mesmo...
Jarx'i segue em frente e vai ao encontro de Erhteri, Firh'hur e Ifrix. Me parece que ele vai começar a escrever o diário do Templo. Dando início a quarta fase do Templo de Ir'thura, que foi fundado quando a Mestre-Mor começou a redigir as atividades que aconteciam no templo, me lembro que o grimório dela foi até copiado e distribuído para templos de fora do nosso reino. Isso significa muito para nós, principalmente pra mim porque o antigo grimório foi escrito por Arhdulov e eu cresci vendo ele o escrevendo e falando que nossas histórias sempre estarão vivas por causa desses livros.
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Sangue de Alumínio sobre Calx'ixarh
FantasíaEm um mundo onde a magia elemental guia a civilização humana. Mirx, jovem que tem o dom de manipular o metal alumínio, vai em busca de respostas para um evento inesperado em sua vida e em busca de seus sonhos. Porém acaba descobrindo planos para des...