Éramos adolescentes inconsequentes, disso sabíamos bem. Guardado no nosso peito, possuíamos vontades preenchidas de irracionalidade. No entanto, noto com carinho que as decisões, quase que irrisórias, as quais tomamos, fizeram de mim um homem completo: vivi de tudo com você e por você.
Aflorados pelo desejo juvenil e pelos recém dois meses de namoro, tudo soava possível. Sendo terceiranistas, sentíamos que a valia do mundo estava em nossas mãos, que as enfermidades e as belezas sequer vividas estariam se curvando aos nossos quereres. Era bonito, lúdico e singelo.
Você, naquela época, era um grande fã de maroon 5, a banda do momento. Na escola, passávamos parte do tempo compartilhando um fone que dava passagem a ouvirmos as músicas que tanto adorava. Seus batuques na mesa do refeitório; seu inglês garrancho e sua voz tão aguda, mas tão pertinente em cada tom é o que mais me recordo.
Quando você soube de que haveria um show deles aqui em Seul, não hesitou em me chamar, animado. E contarei aqui um segredo, desses que se guarda apenas na memória: sequer me lembro do que dizia, porque restava pousar meus olhos em você, o mundo parava conforme sua existência. Confio na lembrança vívida do seu olhar, o qual se assemelhava a de um gatinho indefeso - que, todavia, mostrava em toda glória seus detalhes que não poupei em observar, como a rachadura fraquinha em seu lábio e suas pintinhas espalhadas em sua cara bonita. A mais bela e pura versão de si.
Você rapidamente comprou os ingressos numa plataforma online. tudo parecia estar nos conformes, mas um problema surgiu.
Pois bem, o problema era sua mãe, a Senhora Lee. Uma mulher incrível, mas que poderia ser uma pessoa extremamente apreensiva com quaisquer atitudes que seus filhos poderiam tomar.
Lembro-me claramente de você com um semblante triste vindo em direção a minha pessoa, me pedindo um abraço, porque estava desolado com a resposta de sua progenitora. Meu coração partiu-se em zilhões de pedaços em te ver cabisbaixo, sem motivação. eu precisava fazer algo.
E fiz.
Decidimos irmos a qualquer custo, com ou sem autorização de sua mãe. O que, por agora, considero irracional. Hyuck, você também acha isso?
Deixamos Jaemin, nosso amigo de confiança a par de toda situação. Ele estava encarregado de comunicar a Yubin que você estaria - hipoteticamente - pelo resto do dia até a manhã do dia seguinte na casa dele, e se caso algo desse errado, nos diria na mesma hora. E sim, Jaemin não era lá uma pessoa que concordava com nossas maluquices:
- Estão malucos? E se sua mãe descobrir, Donghyuck? Ela com certeza não vai maneirar nos palavreados se perceber que o filhinho dela saiu com o namorado sem sua permissão. E aliás, mentindo pra ela e levando seu melhor amigo junto nessa! - Andava pelos arredores da casa, furioso. Todavia, conhecíamos a peça única que era o Na, então nem tentávamos o bajular ou coisas assim, pois logo ele cederia.
- Nana, por favor...
- Que seja! mas se der algo errado eu vou passar o resto da minha vida dizendo "eu avisei" a vocês.
- Claro que sim. - Sorrimos. Era uma mentira velada.
Outra confissão um tanto inesperada: horas antes do nosso encontro, pensei em desistir, fraquejar, amarelar. Estava nervoso; minhas mãos suavam, meus pés balançavam freneticamente e meu pensamento recorrente era "e se der tudo errado?"
Como já sabe, sempre fui muito cauteloso em minhas ações e errar nas minhas decisões era um medo que tinha eu possuía. Havia muitas questões em risco mas as ultrapassei por você, somente por você.
Quando te encontrei, dei o meu melhor sorriso. Saí do carro e fui logo em sua direção para te dar um abraço.
E, caramba, como você 'tava lindo. e eu sei que não preciso explicar como você estava naquele momento, mas merda, você usando aquela calça que tanto te valorizava com uma blusa de dois tamanhos maiores do que você, a boina e com a leve maquiagem que te iluminava mais ainda, me deixava - e me deixa - desconcertado.
Quando nossos olhares se encontraram, não teve jeito, colei seus lábios nos meus e dali em diante meus sentimentos tornaram-se três vezes mais aflorados.
- Bregas - Caçoou
- Você que é amargurado. - Rebati
- Então é assim, Lee? Pois bem, podem saindo do meu gramado, não quero ninguém me humilhando na porta da minha casa.
- Disse o que não perde uma oportunidade para fazer piadinhas sobre a gente. Mas já que insiste em nos expulsar sem ao menos termos a oportunidade de nos despedir propriamente, estamos indo. Te amamos. - Deixou um selar na bochecha de Jaemin.
Na pequena trajetória de sua casa para o local da apresentação da banda, cantávamos exaltados, sem muitas preocupações ou receios.
Chegando lá, notamos o espaço já estava lotado antes mesmo dos músicos entrarem. E era notável que a maioria das pessoas eram jovens, assim como nós dois.
Quando o show realmente começou, em circunstância alguma te vi hesitante, pelo contrário, se divertiu como ninguém naquele lugar.
"Mark lee" Você gritou, mas sua voz foi abafada pelo som estrondoso da bateria. Apenas eu pude escutar, já que estava do seu lado." Eu te amo demais, 'pra caralho."
Sentia que meu coração poderia sair pela boca. Donghyuck com certeza era uma das pessoas mais expressivas que já conhec, eu deveria estar acostumado com declarações a esse ponto do nosso namoro. Mas parecia a primeira vez que escutava palavras como essa saindo da boca dele.
"Eu te amo muito mais" Gritei mais alto ainda.
Talvez, refletindo e relembrando sobre essas memórias, tenha valido muito a pena. Porque afinal, ver você feliz é a melhor recompensa que eu poderia ter.
🧸
nao saiam de casa sem a permissao de um responsável pelo amor de deus
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cartinhas e declarações
FanfictionMark dizia solenemente que escreveria cartas para o seu maior amor. Talvez esse dia teria chegado. markhyuck