Então o Senhor Deus declarou: "Não é bom que o homem esteja só; farei para ele alguém que o auxilie e lhe corresponda". Gênesis 2:18 Conta-nos a mitologia grega, que em tempos imemoriais, a raça humana tinha 3 sexos: homem, mulher e outros seres que eram a união intrínseca entre eles. Esses seres eram chamados de Andróginos: Homem (andros) e Mulher (gynos) Eles tinhas os rostos em direção opostas de um para o outro, quatro pernas e quatro braços. Eram muito poderosos, quase perfeitos porque eram filhos do sol e da lua. Eles cresceram em sabedoria e força, ficaram ambiciosos e tiranos com os mais fracos e quiseram se igualar aos Deuses. Zeus (Deus supremo do Olimpo) não gostou dessas atitudes e resolveu lhes dar uma lição: Ele com seus raios e sua força descomunais, ia lhes partindo ao meio. Apolo (Deus da juventude e da luz, Sol) ia virando seus rostos para frente, para as partes amputadas, a fim de que nunca se esquecessem de sua arrogância. Então com essa “cirurgia” divina, os Andróginos ficaram aparentemente idênticos com os outros seres que já coexistiam com eles (Homem e Mulher) mas com uma mudança significativa e cruel: Eles não eram mais inteiros. Com isso, vagavam tristes pelo mundo tentando encontrar a sua outra metade. Muitos não conseguiam sobreviver e morriam de fome, desespero , solidão e saudade. Quando conseguiam se encontrar, ficavam abraçados para o resto de suas vidas sem fazer mais absolutamente nada. Quando um morria primeiro, fazia com que o outro voltasse a ficar perdido e isolado no mundo novamente. Pouco tempo depois ele acabava morrendo também.
Zeus viu o sofrimento atroz que causou a esses seres, e num ato de misericórdia, resolveu fazer uma nova alteração nessas criaturas. Ele trocou de lugar seus órgãos reprodutores, trazendo pra frente de seus novos corpos. Esses órgãos estavam em suas costas impossibilitando assim que se reproduzissem. Agora poderiam num abraço se encaixar e gerar a vida. Sua alma saberia com esse abraço e gesto sublime de amor e entrega, reconhecer novamente a sua outra metade perdida. O filósofo Platão descreve esse mito, o mito Andrógino em seu livro com preceitos filosóficos magníficos: O Banquete. Como todo conto mitológico, lenda ou história folclórica, a fantasia se confunde com a realidade. Não deixa de ser poético e interessante saber, que lá no fundo (se não todos, a grande maioria de nós) busca ainda esse algo que nos falta. Uma metade que nos complete. Um ser que nos entenda como nenhum outro (já que é simplesmente uma parte de você mesmo a muito perdida). Eu, como adoro uma boa história e poesia, adoro essa também. E repare com atenção que, em se tratando de afeto ou sentimento, o gênero no caso pouco importa. Um amor ou tesão sexual com um ser do mesmo sexo. Porque, segundo o mito, só seremos completos quando tivermos ou encontrarmos os dois sexos em plena harmonia formando um só ser. Em preceitos mágicos e herméticos em sua quarta lei: A LEI DA POLARIDADE, diz que: "Tudo é duplo, tudo tem dois polos, tudo tem o seu oposto. O igual e o desigual são a mesma coisa. Os extremos se tocam. Todas as verdades são meias-verdades. Todos os paradoxos podem ser reconciliados" (O Caibalion) (NT)
Muitas culturas, coma a cultura Hindu, e preceitos Budistas e Kardecistas, acreditam e propagam que nosso estado de biológico ou de gênero atual (homem ou mulher) se deve a essa encarnação e karma atual, ou seja, muito provavelmente já fomos do sexo oposto em vidas passadas. Viemos com determinado sexo ou orientação sexual para aprender e evoluir. Mas que na realidade, o espírito não tem sexo prioritário, pois o sexo e órgãos reprodutores bem como as zonas erógenas, são coisas oriundas da matéria. Isso parece uma visão romântica e um tanto quanto “viajada na maionese”, pois envolve diversas crenças pré-estabelecidas. Mas acho interessante e extremamente oportuno, atacar todas as frentes que conheço para que tanto eu quanto você, pegarmos o que acharmos pertinente, estudarmos e investigarmos de maneira mais isenta possível, assuntos que nos levam a uma evolução e entendimento sobre o tema. Esses mitos, concepções, crenças, filosofias e ideias, sempre estiveram no imaginário humano (e acredito que sempre estarão). É claro, que conforme a nossa sociedade e cultura evolui, evolui-se os pensamentos e o modo de ver e entender o mundo e nossa vida em comunidade. Isso se dá a vários fatores sociais, políticos e econômicos. Mas até hoje depois de milhares e milhares de anos, esses mitos, concepções, crenças, filosofias e ideias ainda são relevantes e nos fazem pensar. Há algo de etéreo, imaterial, transcendental em nossos pensamentos e sentimentos. Tentamos racionalizá-los e comumente falhamos miseravelmente. Parece que amar e encontrar alguém parece um épico. Ulisses que mesmo na ilha de Calipso, com banquetes, sexo com ninfas de rara beleza, não se esquece de sua amada Penélope. Tudo o que pretende é voltar para seus braços e sua pátria de outrora. Sem falar no amor monogâmico e único de nossa cultura ocidental, alicerçada na fé judaico-cristã e seus dogmas. “O que Deus uniu o homem não separe”. Mas isso pode ser de forma perigosa um terrível presente de grego, já que citei tanta mitologia por aqui...
Notas do autor (NT) AS SETE LEIS HERMÉTICAS: As sete principais leis herméticas se baseiam nos princípios incluídos no livro "O Caibalion" que reúne os ensinamentos básicos da Lei que rege todas as coisas manifestadas. A palavra Caibalion, na língua hebraica significa tradição ou preceito manifestado por um ente de cima. Esta palavra tem a mesma raiz da palavra Kabbalah, que em hebraico, significa recepção.
VOCÊ ESTÁ LENDO
O pequeno GRANDE Livro da Solidão
Não FicçãoAlguém disse que "viemos nesse mundo sós e sairemos dele do mesmo modo..." Esse livro, esse tema, está em minha cabeça a muito tempo. Sendo assim, tenho que o escrever, tenho que fazer as ideias virarem palavras... Estou me sentindo muito só. Venha...