Capítulo 3

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Eu estava no Ensino Médio. Um garoto magro demais, alto demais e espinhento demais. Não posso dizer que era o nerd perseguido, mas sim o estranho esquecido. Eu não era considerado feio, mas mal arrumado. Eu tenho um cabelo loiro e olhos azuis, mas eu era muito largado.

Meu cabelo era desarrumado, mas não do jeito que as pessoas acham bonito, daquele longo e mal cortado e que parecia que eu tinha acabado de sair da cama. Meus olhos estavam sempre cansados e quase fechados, então o que as meninas achavam mais bonito sobre mim só podia ser visto pela metade. Eu usava o uniforme mais largo que a escola podia oferecer, mesmo eu sendo praticamente um palito. Podemos resumir para uma frase que Max me falou nessa época: Você está desgraçando os genes gatos.

Eu estava saindo de casa, minha mãe estava tentando arrumar meu cabelo, o que eu não deixei, mas devia ter deixado. Eu fui andando até a escola, sabia que eu ia chegar suado, mas era melhor do que ficar sentado com milhares de pessoas me observando. Eu cheguei lá e as pessoas mal me olhavam, eu era mais invisível que o Max. Falando no Max ele me gritava palavras de motivação:

-Você sabe que você está ridículo. Só arruma esse seu cabelo! Dorme direito! Você sabe você está desgraçando qualquer parte gata que você tinha. Você está decepcionando os seus ancestrais gatinhos.

-Você devia escrever, sei lá, um guia motivacional. Isso realmente trás o melhor de mim à tona.

Metade do dia foi normal. Passei despercebido nas aulas, nos lanches e em basicamente tudo. Eu estava andando pelos corredores da escola, pronto para ir embora, só que no caminho, antes de sair eu vi um menino empurrando o outro pelo corredor da escola.

O menino que estava sendo empurrado era claramente mais baixo e parecia engolir o choro, apesar de seus olhos já estrem vermelhos (provavelmente havia chorado antes). O menino mais alto, o bully, não estava sozinho, na verdade, parecia que metade da escola estava atrás dele, o apoiando e rindo do pobre menininho. Eu não sou corajoso, nunca fui, mas naquele dia eu não sei o que aconteceu comigo, talvez fosse Max dizendo:

-Esse menino empurrado me lembra a você. Você também estaria levando uma surra se não fosse invisível.

Isso me deu vontade de defender aquele garoto. Eu por pouco não estava na situação dele, mas obviamente poderia estar. Eu amarrei meu cabelo, de um jeito que eu parecia uma garota com um começo de uma barba e fui até o menino mais alto.

- Deixa ele quieto! – eu puxei o menino menor para o lado, o afastando das enormes mãos que o bully tinha.

Ele olhou para mim, chocado por alguns instantes e depois riu, riu muito alto. Ele não deu uma risada irônica, mas sim de verdade, ele não conseguia acreditar que um ser tão frágil e (fisicamente) patético como eu, poderia enfrentar ele. Ele olhou para mim depois de terminar de rir e me jogou no chão, como se eu fosse um brinquedo.

Eu tenho que dizer aqui que eu não sou a favor da violência, nunca fui, mas nesse dia algo aconteceu comigo. Não façam o que eu fiz, por favor.

Eu me levantei do chão e fechei meu punho, dando um soco na cara dele. A única coisa que eu ouvi nesse momento foi o som de adolescentes cheios de hormônios entrando em turbilhão gritando com todos os pulmões:

-BRIGA!!!!!

Depois disso eu não lembro muito, apenas que eu briguei com um cara com metade da minha altura e dobro da minha força. Eu levei uma porrada e durante maior parte do tempo eu ouvia os adolescentes e Max falando:

-Da um soco de direita! Não essa direita! A minha direita!! – Max gritava mais alto que todos os adolescentes juntos – BATE DIREITO THEO! – Quando ele gritou isso eu juro que eu vi um balde de pipoca na mão dele.

Você deve estar se perguntando: "Mas como essa luta feroz acabou? ". A resposta é: o menino puxou o meu rabo de cavalo e eu caí no chão, como eu já estava perdendo mesmo, nem me dei o trabalho de levantar só para tomar mais porrada, eu apenas fiquei me fingindo de morto, até ele ir embora e a minha dignidade não ficar negativa.

Max ao ver o menino saindo e minha honra deitadinha do meu lado no chão correu até o bully e fez algo que qualquer demônio faria, chutou suas partes baixas e o deixou sofrer com sua dor.

Quando eu voltei para casa, com os dois olhos roxos, mancando um pouquinho e com o rosto mais detonado da minha vida eu tomei uma decisão importante. Eu TINHA que cortar o cabelo.

Meu amigo, MaxOnde histórias criam vida. Descubra agora