Capítulo 4

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Eu acordei no meio da noite para beber água. Max estava lendo algum livro que devia ser de alguma aula da faculdade. Estava cursando meu segundo ano de história e a minha rotina era estudar e trabalhar até morrer enquanto Max ficava tentando me convencer que eu deveria ir para alguma festa. Ele conseguiu que eu fosse uma vez, é sobre isso que eu venho falar hoje.

Era um final de semana, eu já estava adiantado nos estudos da faculdade e o meu trabalho tinha fechado aquela semana para reformas. Como dizem, calendário vazio é oficina de demônio.

— Theooooo!! Você sabe o que dá para fazer? — Max dizia por trás de mim, fazendo massagem no meu ombro.

— Eu já sei o que você vai falar e eu não vou roubar nenhum banco — Ele estava tentando me convencer a fazer isso também.

— Dessa vez não era isso, mas também é uma boa ideia.— Max sentou no meu colo, eu odiava quando fazia aquilo— Vai ter uma festa na casa de um tal de Leo. Ele é gatinho, aliás, se você não fosse hétero eu te arrumava com ele.

— Muita gentileza, mas eu não posso ir— eu empurrei ele do meu colo, mas ele simplesmente se fez como fumaça e eu quase empurrei a tela do meu computador.

— Você não tem nada o que fazer. Eu já vi que o café está fechado e você já está adiantado na sua matéria, acabaram suas desculpas, meu jovem.— ele sorriu como se tivesse acabado de fazer um xeque mate.

— Ok, ok, eu vou— eu cedi.

Eu fui para a festa com uma calça jeans e uma camiseta de um filme que eu gostava muito. No meio do caminho comecei a pensar que "nada poderia dar errado", foi aí que tudo começou a dar errado.

Eu cheguei na festa, provavelmente atrasado, pois todos estavam loucos demais para ser o começo de algo. Eu andava com cuidado entre os que já estavam dormindo/desmaiados/ possivelmente mortos, os casais se beijando loucamente e os objetos que estavam caídos no chão. Max, por outro lado, parecia em casa, talvez o inferno fosse na verdade uma grande festa sem fim.

Eu tentava, em vão, me divertir. Não era esse tipo de cara, não conseguia entender a graça naquilo. Talvez se eu tivesse chegado mais cedo nos entregariam manuais de como essa bagunça toda funciona. Eu já estava quase indo embora, quando achei ela.

Como é possível eu encontrar ela depois de tantos anos, eu não sei, mas com toda certeza era Mia. Não sabia se ela ainda usava as canetas glitter, mas usava as tranças. Ela estava linda, era alta como uma modelo e tinha aquele sorriso que podia fazer aquela festa inteira parar. Eu comecei a andar até ela.

— Oi!— eu disse quase gritando por conta da música alta— você por acaso se chama Mia?

— Se já vi Mamma Mia? Essa cantada eu nunca tinha ouvido...— o som estava realmente alto aquela noite – Eu acho melhor a gente ir lá fora para se ouvir melhor.

Eu olhei para trás, Max estava dançando igual a um louco, não sabia se as pessoas estavam vendo ele ou não, mas estava realmente agitado lá. Percebi que não tinha problema sair da festa.

— Eu tinha te perguntado se o seu nome é Mia— nós nos sentamos na grama.

— Isso faz mais sentido do que Mamma Mia— ela deu uma risada, tão doce que deve ter me dado diabetes temporária— Sim, meu nome é Mia. Como você sabe?

— Eu acho que te conheço, meu nome é Theo, acho que estudamos juntos — eu só esperava que ela não falasse...

— Ah! O menino do amigo imaginário!— exatamente isso— É claro que lembro de você, eu te achava um fofo— isso foi bom de ouvir.

—Jura?! Obrigado—eu talvez corei um pouco, mas a noite deve ter escondido isso.

Conversamos por um tempo sobre a escola, sobre o que aconteceu depois. Em um ponto da conversa ela me perguntou:

— Um dia você foi para a escola todo arrumado e com um girassol na mão, o que você pretendia com aquilo?

— Isso vai parecer bobo, mas... eu ia te pedir em namoro— eu dei uma risada meio sem graça.

— Sabe... eu achei isso fofo.— ela aproximou seu rosto ao meu e me beijou.

Minha mente gritava a todos pulmões imaginários "AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAH ELA. ESTÁ. TE. BEIJANDO". Eu, sem saber o que fazer, só retribuí.

Meu amigo, MaxOnde histórias criam vida. Descubra agora