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1 de Setembro
2019

O retorno de Jeon Jungkook para o trabalho foi tranquilo e sem cerimônia. Ele parou o carro no estacionamento dos fundos, já que não queria os olhares de pena em si tão cedo. Deixou que os oxfords fizessem um barulho gostoso no chão até o elevador, enfiando-se no espaço exageradamente pequeno após.

Era muito cedo, a esmagadora maioria dos funcionários estava enfrentando o horário de rush ou tentando ganhar mais algumas horas de sono. Ele não poderia permanecer invisível. Teria de conversar com alguém. No entanto, queria correr atrás do prejuízo e deixar a cadeira de sua mesa vazia por mais algumas horas com a esperança de não ser interrompido por sorrisos tristes e expressões do tipo: "Como você está?"

Ao deixar o elevador, observou as estações de trabalho vazias. Com passos firmes percorreu boa parte da delegacia com os olhos fixos na sala do tenente, como se fosse um cavalo de corrida com tapa-olhos para as laterais. A porta se encontrava aberta, e pelo vidro transparente já enxergava a feição raivosa de seu chefe; não deveria estar ali, de qualquer maneira.

— O que faz aqui, Jungkook? — Na Jaemin perguntou com a feição raivosa. — Achei que só voltasse dentro de duas semanas.

Jae estava sentado na cadeira de couro adjacente a mesa, com os pés sobre a mesma. Era um tenente folgado, podemos dizer.

Jungkook respirou fundo.

— É um prazer revê-lo, chefe. — Respondeu, o sarcasmo dominando a voz.

Jeon caminhou até o tenente, sentando na cadeira do outro lado da mesa.

— Desculpe. — Sorriu. — É sempre bom te ver, mas sabe que não deveria estar aqui. — Cerrou os olhos. — Como você está?

O detetive revirou os olhos. Céus, não havia um momento de paz.

— Eu 'nem passo pela porta direito e já tenho que escutar isso.

Jaemin levantou as mãos em redenção. Conhecendo bem seu não só funcionário como também amigo, em alguns minutos ele começaria seu monólogo.

— Por isso o retorno discreto? Deixe-me adivinhar: subiu pela escada?

— O sedentarismo ganhou. — Grunhiu. 

— E guardou o carro na garagem dos fundos? — Abaixou os pés.

Se mantendo calado, Jungkook se limitou a encará-lo.

— Não pode se esconder de todos, Jun. As pessoas estão preocupadas com você.

— Engraçado, quem é que estava querendo me manter em casa? — Apontou, esfregando as mais suadas.

— Você me entendeu. — Na estava verdadeiramente preocupado com a saúde mental de seu querido companheiro.

— Eu sei, só não quero a piedade nos olhos de todos, sabe? É entediante.

O tenente, por outro lado, levou as mãos até o ombro do detetive, esticando-se humilhantemente na mesa.

— Não queria perguntar de novo. — Afirmou, soltando o ombro alheio e organizando os papéis próximo a si. — Mas, o que faz aqui?

O de cabelos negros deslizou os olhos pela sala bem arrumada do superior.

— Ficar em casa estava me deixando doido. Seis semanas é muita coisa, e é o máximo que aguento. — Bufou. — E esses papéis?

O homem loiro hesitou, mas sabia que era impossível esconder uma nova informação daquele que o encarava. 

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