Capítulo 1

9 2 1
                                    

                                                                             17 de Julho de 2020 
                                                                                             Jóctan Transformação. Uma palavra sobre a qual muitos falam, porém, poucos entendem. Transformação. O momento em que porta se abre, o coração acelera e você sabe, é ela. Essa é a história não apenas de como conheci, mas também o enredo que explica a forma que permiti escorrer pelos dedos, esvaziar, deixar o ar escapar e ainda sim me mostrar o mundo de uma perspectiva única. Entretanto, há uma caminhada pela qual devemos passar antes de nos transformarmos na nossa versão atual, pois quando a conheci ela já era ela e eu, já era eu. Coincidência? Gosto de nomear como uma confluência de destinos. Um pouco diferente, de fato uma alusão entre passado e presente. Ainda na escola comecei a me questionar sobre regras. Por que as seguir? Eu afirmava, com convicção que era o dono da própria vida, tornei-me o garoto mais temido pelos professores do colégio onde estudava no interior de São Paulo e naquela manhã eu estava decidido a mostrar para o que havia vindo. Sentado em uma cadeira de madeira envernizada no fundo da sala, apertava em minhas mãos uma bola de papel amassado, envolto em cola e saliva. O resultado? Explico-o com uma menção pertinente de uma poesia que escrevera antes de ser sepultada. ""O inesperado mais esperado é aquele que se espera". Ainda não entendeu? O fato é, eu tinha consciência do que ocorreria a seguir, mas, mesmo assim, o fiz. Aos poucos, ganhei público e levantei as mãos à medida que todos gritavam. —Vamos, Jóctan, jogue nela. Endireitei meu corpo na cadeira, enruguei a testa e movimentei o braço, acertando de raspão na lousa, bem do lado da cabeça da professora. O estrondo fez com que a turma ficasse em silêncio e naquele momento, eu tive a certeza de o que o esperado, aconteceria. Confessei, antes mesmo que ela pudesse perguntar. Antes que terminasse de falar, todos os dedos se curvaram a mim, inclusive os dos meus amigos, prontos para me acusar. Eu pensei, realmente achei, que ela apenas me levaria para a diretoria, porém, chegou mais perto, fuzilando de raiva, abaixou e disse: "Você nunca será nada na vida". Como uma pancada na cabeça, aquilo me acertou.E naquele momento, o exato instante, me senti exatamente da mesma forma como quando vi Estrela pela primeira vez: transformado.

Uma em dez milOnde histórias criam vida. Descubra agora