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Onde eu estava com a cabeça quando decidi ser enfermeira? Digo, é uma profissão boa - não digo maravilhosa por motivos de: não é maravilhoso ver diariamente pessoas doentes e acidentadas. - algo com que eu sempre me identifiquei, cuidar de outras pessoas e ainda ganho bem, mas sejamos sinceros o glamour passa bem longe. É sempre uma correria de um lado para o outro com pacientes e fichas médicas e remédios e cafés para manter o pique, para no final eu implorar pela minha cama depois de um plantão de 48 horas. E é isso que eu planejo fazer quando chegar em casa, tomar um bom banho e dormir o máximo que eu conseguir.
O meu plantão acabou a cerca de uma hora, e eu não via a hora de ir para casa mas estava esperando Eleonor sair de uma cirurgia e Ruel ter tempo o suficiente para seu date com a estagiária do RH. Enquanto Eleonor não saia da sala, fiquei fazendo hora extra no hospital, se eu parasse a exaustão me venceria fácil.
- Ainda por aqui, Amélia? - Uma das enfermeiras perguntou assim que me viu entrar na cafeteria do hospital, me juntei a elas depois de fazer meu pedido no balcão principal.
- Sim. Eleonor está em uma cirurgia com a doutora Girotto, tenho que esperar ela. - Dei de ombros, permitindo-me relaxar.
- Mais e o fim de semana? Conta da festa que você comentou! - Andrea perguntou descontraída, tudo o que queríamos era falar de tudo menos de pacientes. - Queria tanto ter conseguido ir!
- Não fazem ideia do quão louco foi essa festa.
- Ou você que estava louca?!
- Tem esse fato também. - deu de ombros rindo, tentando lembrar os detalhes mais relevantes para contar. - Vocês não imaginam quem estava lá! Doutor Hernani!
E assim eu fiquei por mais alguns bons minutos conversando com as outras enfermeiras, rádio fofoca sempre presente em nossas conversas, é estilo aquele ditado: caiu na rede, é peixe! Nesse caso: fez besteira, o hospital inteiro descobre e fala. As vezes a fofoca é tão grande que chega em um ou outro paciente e aí vem as consequências. Logo algumas das meninas voltaram para seus atividades e eu aproveitei a deixa para ir me trocar já que Ruel tinha mandado uma mensagem avisando que já estava chegando. Caminhei a passos lentos até o vestiário, odiava a possibilidade de andar por aí com o uniforme do hospital, sabe os riscos que pode causar? Pois é, eu sei, é tipo um amontoado de possibilidades de se andar com bactérias e vírus, sejam eles mais fracos ou mais fortes.
Coloquei o uniforme dentro da bolsa própria para isso, botei minha roupa de dois dias atrás e aproveitei para reorganizar o rabo de cavalo em minha cabeça. Organizei a minha mochila e verifiquei se não estava esquecendo de nada antes de sair em direção a recepção em busca de informações de como está o andamento da cirurgia que Eleonor está participando, pela sua tensão horas antes a situação não estava bem, e com todo esse tempo no centro cirúrgico tenho minhas dúvidas sobre a possibilidade de chances do paciente. E tudo se confirmou quando um dos enfermeiros que deveriam estar com Eleonor me informou que a situação havia piorado e eles teriam que continuar com os procedimentos por mais algumas horas.
