O doce som de um violino preenchia o ambiente de uma taverna antiga de madeira escura, uma construção de médio porte com apenas cinco mesas, estando todas ocupadas. A artista terminou sua música e fez uma reverência, sendo aplaudida pelos clientes que não estavam bêbados demais para notá-la. Depois de recolher os ganhos da noite, ela deu uma última olhada naquele ambiente tão familiar, sorrindo saudosamente enquanto se despedia do taverneiro.
Uma cientista separava meticulosamente um conjunto de seringas, tubos de ensaio e recipientes de vidro, colocando-os com cautela em uma maleta preta de couro. Ajeitando seu jaleco branco, ela deu um belo gole em sua taça de sangue, caminhando por um longo corredor com várias celas. Era possível ouvir os gritos e grunhidos vindos de várias partes do prédio. Com seu olhar vazio costumeiro, ela trancou a grande porta de aço atrás de si e saiu em meio a uma chuva fraca, usando um guarda-chuva para proteger sua maleta.
O calor era intenso dentro da forja e som dos martelos era como uma melodia para o minotauro que polia seu grande martelo de metal, seu bem mais precioso. Seus colegas ferreiros interromperam o trabalho para se despedir e lhe desejar boa sorte. A tristeza por deixar aquele local só não era maior do que sua ansiedade e empolgação para o que o destino lhe guardava. Ciente disso, ele partiu com um largo sorriso no rosto.
Chovia muito, como de costume, e a noite era iluminada pelas fachadas em neon e os carros voadores que circulavam em um balé frenético pelas ruas magnéticas da cidade. Nas calçadas, o movimento era ainda maior, inúmeras pessoas vagavam para todos os lados sem sequer cruzar seus olhos. Determinada, a andróide observava tudo que nunca lhe despertou interesse, deixando as gotas escorrerem por seu rosto. Assim que teve certeza de gravar o cenário em sua memória, ela subiu em sua moto flutuante deixou tudo para trás.
Depois de checar pela centésima vez, a garotinha finalmente aceitou que tinha colocado tudo o que precisava na mochila cor de rosa com asas de anjinho. Colocou a mochila nas costas e sai de sua casa com uma torrada crocante em sua boca. Em suas mãos, um pequeno bastão com um cristal rosado em forma de coração na ponta, seu item mais precioso. Ela parou alguns metros à frente, se virando para dar uma última olhada em sua casa. Com os olhos marejados, ela seguiu seu caminho, pois sabia que poderia desistir caso ficasse parada ali por mais tempo.
O vento soprou as folhas das árvores, assim como os longos cabelos do samurai, que polia a lâmina de sua katana usando toda a delicadeza e precisão que sua experiência dispunha. Quando se viu satisfeito, embainhou a arma e se levantou, amarrando seu cabelo em um rabo de cavalo. Ajeitou seu kimono e bebeu um pouco de chá ,quebrando o copo de porcelana logo em seguida. Não havia porque se apegar, pois sabia que seu destino se encontrava em outro lugar.
Mesmo vindos de realidades, famílias e mundos diferentes, todos resolveram abandonar o que chamavam de lar. Seus objetivos eram diferentes, cada um com seu próprio nível de ambição, movidos por curiosidade, glória ou vingança. Caminhos que resultam em um mesmo destino, Tartarus. Um imenso calabouço com vários andares, localizado e uma dimensão que liga todas as outras, um local além do tempo e espaço, alvo do desejo de inúmeras pessoas. O motivo? Aqueles que se provam dignos de chegar até o último andar são recompensados com aquilo que mais desejam, seja riqueza, influência ou o bom e velho poder.
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Tartarus - A Ascensão dos Intrépidos
AdventureTartarus é um imenso calabouço que existe entre além do tempo e espaço. Reza a lenda que aqueles capazes de chegar ao último andar terão seus maiores desejos realizados, fazendo com que pessoas de inúmeras dimensões abandonem seus mundos em busca da...