The Dr(ama) Club.

1.4 | Livros pessoais, insegurança e gincana.

Sendo sincero, nem mesmo entendia por quais razões agi de maneira tão insegura e temerosa, não era como se Felix tivesse alguém e só estivesse a brincar comigo, certo?

Mas, ao ver ele — ou ela, não sei ao certo — tão perto de um rapaz desconhecido por mim, logo deixou-me triste. Embora possuísse vários crushs em tantos tipos de pessoas diferentes entre si, nem mesmo me apaixonara nesses anos; decerto que já me envolvi com um ou outro, entretanto, eu sentia que Felix era diferente, ou poderia ser, dependendo de tudo.

Só que, dias depois, eu ainda não havia tirado tal imagem da mente e logo mais teria uma prova séria a ser feita. Gostava de manhãs de segunda, ainda que fossem o pontapé inicial de aulas, trabalhos, provas e novos conteúdos. Eles, por mais extensos que fossem, teriam um término exato: eu os acabaria, deixaria sob a direção de meu professor em questão e, infelizmente, ganharia mais trabalhos.

Felix, no entanto, era como o ano letivo: nem mesmo sabia tudo que poderia me ocorrer se estivesse consigo. Parecia uma montanha russa cheia de um sobe e desce irritante, que faziam com eu passasse mal e, sendo mais sincero ainda, detestava tanto vai e vem.

Haseul entregou a prova, desejou boa sorte para nós e, ao olhar para todas aquelas palavras, eu desejei ter o garoto do teatro para me ajudar como da última vez. Lembrei de suas explicações, de sua excepcional paciência para comigo e sorri de modo tristinho, eu gostava desses momentos.

Respirei fundo, rezei para alguma divindade — pois, aparentemente, quando estávamos em situação conflitante oramos — e comecei a bendita prova, temendo me ferrar na matéria.

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Estava sentado na beirada da cama com o rascunho pertencente a Felix, não havia nem mesmo um título que pudesse nomear tal projeto, era apenas várias e várias folhas, umas com uma caligrafia bonita e outras em branco mesmo. Tomei a liberdade de abrir na primeira página — bem sabendo que não deveria, já que é invasão de privacidade — e, lentamente, desci meus olhos para o que se mantinha transcrito ali. O título que existia ali dentro era intrigante, sendo denominado como 'o canto da tristeza'. Reunindo toda a coragem que possuía, comecei a leitura.

❝Era inverno quando, tristemente, fora anunciado o falecimento daquele que povoava sua mente. Decerto que tinha sido um golpe inesperado, tamanho medo apossou-se de sua estrutura óssea, e, amargamente, arrependeu-se de não passar mais tempo na companhia deste.❞

Estava sem palavras diante de tamanha profundidade que fora colocada ali, percebendo que os sentimentos de Felix na hora de escrever eram tão belos e incríveis. Li mais alguns parágrafos, notando que, sim, toda aquela obra era perfeita e nem mesmo o maior dos elogios seria suficiente para descrever tal conto.

Guardei o exemplar na mochila que levaria para o curso, além dos demais pertences dele, tomei cuidado para não amassar ou danificar de algum modo e fui me arrumar para poder sair; os versos criados pelo rapaz ainda permaneciam em minha mente, jamais desejando ir embora e eu somente remoía cada parte.

Recebi uma mensagem de Heejin a uma foto postada, dizendo que, mesmo sem legenda alguma, eu era o ser mais fofo e precioso desse mundo todo. Ela adorava mimar nós três, nos falando dizeres bonitos e tentando, de alguma forma, nos deixar melhor. Heejin entendia que, apesar de boas qualidades, eu era o mais inseguro dos entre os demais.

Me despedi da minha mãe, respirei fundo e caminhei em direção ao prédio de costume. Comprei um pacote de amendoins no meio do caminho, dei play na playlist com músicas mais tristes e fiquei a lembrar do que fora escrito.

Localizei Chaewon mais uma vez na entrada, dessa vez esperando por mim e saudou-me com um forte abraço. Escutei a mesma dizer a respeito de boatos sobre uma surpresa, sequer sabendo qual poderia ser essa tal surpresa.