Athena...
Fazia quase um mês, que eu estava na Grécia, depois que minha irmã recebeu alta, ainda não havíamos conversado, a única certeza que eu tinha, era que minha barriga já não estava mais lisinha, havia uma pequena curvatura, e eu, claro coloquei roupas mais largas, ainda não estava pronta para falar sobre isso, frequento um médico particular, aqui mesmo e toda vez dou um jeito de Domênico esta presente, mesmo que por vídeo, chamada, claro que ele não entendia porque eu estava aqui, eu sentia muito sua falta, mas não estava pronta para deixar minha irmã só, a gente precisava esclarecer muita coisa e eu precisava confrontar nossa mãe, que nunca apareceu no hospital e ignorou todas as minhas chamadas.
Sentada na varanda do pequeno apartamento, estava morrendo de saudades dele, mas ainda estava com medo e me sentia culpada, não queria deixar ela só, não quando a imagem naquela cama ainda me assombrava.
— Está pensando no quê?
Ela se senta ao meu lado, estava um dia de sol bonito e a vista do seu pequeno apartamento, era agradável.
— Lena, já é hora de conversarmos.
Ela desvia o olhar, toda vez que ficava nervosa ou queria, fugi fazia isso.
— Athena...eu..
Ergo a mão, a impedindo de tentar me enrolar.
— Não, chega de fingir que nada aconteceu, então por favor, me diga o que aconteceu e, porque a nossa mãe está agindo assim?
Ela olha pata frente e fecha os olhos, o modo como seu rosto fica se contorcendo, só piora minha paciência.
— Lena, eu estou me sentindo culpada, sei que não fui uma boa irmã, que passei maior parte da minha vida, cega, querendo vingança pelo nosso pai, mas você, parece que nunca se importou, e agora depois de tantos anos, isso.
Ela força um sorriso.
— Você não vai entender, e no final, vai me odiar também.
Fico de pé e a encaro.
— Eu nunca te odiaria Lena, você é minha irmã.
Ela solta uma risada nervosa, mas vejo seu lábio inferior tremer.
— Mamãe me odeia.
Franzo o cenho, queria entender aonde ela queria chegar, sei que elas tinham suas divergências, mas mamãe não a odiaria.
— Não odeia, ela só amou e ainda ama o seu esposo.
Ela fica de pé e solta uma risada histérica.
— Papai, claro, até você o idólatra Athena..
— Não, eu amava o papai, ele era um ótimo marido e um ótimo pai.
— Oh! Sim, para a princesa dele, mas ATÉ quando Athena, se ele não estivesse morto, pensa que ele seria um herói para você?
— Do que está falando, o papai amava todas nós.
— ELE ERA A PORRA DE UM MONSTRO!
Suas palavras, me fazem cambalear para trás, eu estava tonta e horrorizada.
— Como....como Pode falar assim?
Ela limpa as lágrimas, que não param de escorrerem por seu rosto todo.
— Viu, já está me olhando como a mamãe...
— Só estou tentando entender, porque esse ódio todo, Lena.
— Papai era a porra de um monstro, e eu contei para a mamãe, mas ela preferiu me bater e pôr de castigo, você se lembra Athena, no dia de meu aniversário, eu ia fazer DEZ anos, passei o dia todo, trancada no meu quarto.
Eu me lembrava desse dia, minha mãe disse que ela estava doente, uma virose e precisava de repouso.
— Você estava doente.
Outra risada alta, entre as lágrimas.
— Uma virose, foi isso que a mamãe disse?
— Sim.
— E claro, todos acreditaram, porquê a mamãe e o papai eram super pais, exemplares e eu a criança esquisita.
— Lena, nunca te achei esquisita, nem o papai.
— Quer saber o que eu senti, quando aquele policial disse que nosso pai foi assassinado?
Fiquei ali sentindo meu estômago se revirar, enquanto olhava para minha irmã, seus olhos estavam vazios e distantes.
— Eu me senti livre, pela primeira vez na vida.
Deixo um soluço escapar, entre as lágrimas, eu não podia, está escutando aquilo.
— O quê?!..como Pode dizer isso, ele...ele era nosso pai..
— ELE ERA A PORRA DE UM MONSTRO...um monstro...um maldito monstro..
Chocada por ver minha irmã, tremendo de tanta raiva, enquanto se desfazia em lágrimas, o ódio que vi em seus olhos, era o mesmo que eu costumava sentir pelos homens, que tiraram nosso pai de nós.
— Lena...por quê?
— Ele era um pedófilo...o nosso pai..era um maldito pedófilo..
De repente o chão sob meus pés, parecia está se abrindo, tudo estava girando e começando a escurecer, minhas mãos estavam suando e meu corpo inteiro estava tendo espasmos.
— Não...Não.. isso é...
— Mentira, foi isso que a mamãe me disse, ela fez acreditar que eu era uma aberração, cresci sentindo uma louca, e mesmo depois de anos, vendo o modo como você e ela se dedica a ele, isso nunca ia passar, eu não consigo dormir, não consigo ter uma vida.
— Não...Não...Não..
Eu estava começando a ter uma crise de pânico, não havia ar suficiente, mesmo estando ali, ao ar livre, naquela sacada, precisava sair, sentindo uma pequena pontada na barriga, eu me encolho.
— Athena, o que está acontecendo?
— Preciso ir ao hospital, agora.
— Você está pálida.
— O bebê, eu tô, grávida..
Minha irmã abre os olhos assustadas, enquanto eu tento manter os meus abertos, estava ficando tonta e sem forças para ficar de pé.
Era como se a escuridão me engolisse de vez.
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Nove Meses com você (Romance Dark) EM REVISÃO.
RomanceAthena Nomikos, uma Grega cujo objetivo é se vingar do grande chefe da Máfia Italiana, ela passou parte de sua vida se infiltrando nos eventos e estabelecimentos da Máfia, sua sede de vingança, irá, leva-la diretamente a Domênico Bertoli, o filho do...