Insegurança

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Duas semanas haviam se passado desde o enterro de Fred e a toca começava a retornar à normalidade. Gritos da senhora Weasley já podiam ser ouvidos pelos cantos da casa, Bill e Fleur já tinham voltado para Shell Cottage. Assim como Carinhos e Percy também já tinham voltado para suas respectivas residências. George tinha optado por ficar sozinho em um pequeno quarto alugado no caldeirão furado. Ele alegou que todas as lembranças ainda estavam recentes tanto na toca quanto na loja, mas Molly ia todos os dias levar um lanche para o filho e saber como ele estava.

Harry ainda se culpava por tudo que tinha acontecido. Em uma certa noite, ele tentou fugir da toca, mas Ron e Hermione que estavam com insônia sentados no telhado da casa, viram o momento que ele estava saindo pela porta. Hermione ameaçou usar a varinha caso ele continuasse com essa ideia estupida de fugir. Ginny apareceu lhe dando um longo beijo e disse que eles seriam o porto seguro um do outro. Os quatro passaram a noite no telhado observando as estrelas nesse dia.

– Você sabe que eu adorava as cores antigas, certo? – Hermione falou durante a tarde enquanto ajudava Ron a pintar o quarto com uma cor menos laranja que a anterior.

– Já estava na hora de mudar, meus olhos já estavam sensíveis com toda aquela cor – a verdade é que eles queriam ocupar a mente, eles criaram esse hábito, quando sentiam que estavam em algum dia que as lembranças voltavam, eles faziam alguma atividade cansativa.

Eles estavam pintando do jeito trouxa porque sabiam que isso os cansariam e tomaria toda a sua tarde. Esse trato foi feito quando Ron teve uma outra crise de choro na missa de sétimo dia da morte de Fred.

– É, acho que terminamos por aqui – Ron falou olhando por todo o quarto. – Até que nós fizemos um bom trabalho – ele completou sentindo a voz um pouco embargada, ele sabia que só estavam pintando hoje porque ele visitou George no dia anterior e acordou relembrando tudo o que tinha acontecido.

– Nós somos uma bela dupla. Na próxima vez, tenta ficar com a tarefa do jardim para deixarmos tudo incrível – Hermione disse sabendo que ele estava segurando pra não chorar.

Ron olhou pra ela e sentiu um amor inexplicável, ela estava sendo o seu porto seguro naquele momento difícil. Ele seria sempre grato a ela. Ele a pegou pela mão e a abraçou forte, ele queria dizer coisas bonitas a ela, mas isso nunca foi o seu forte. Então ele falou o que o seu coração estava gritando.

– Eu te amo, Hermione – ele falou com lágrimas nos olhos.

Ela olhou para ele assustada com aquelas singelas palavras e com o quanto surtiram efeito nela. – Eu também te amo, Ron. Eu sempre te amei – ela disse sentindo os olhos marejarem também.

Eles se beijaram apaixonadamente, suas bocas se moviam em sincronia e as suas mãos passeavam pelos seus corpos. A porta estava perigosamente fechada e o beijo se acelerava, suspiros já eram ouvidos no quarto. Até que Ron afastou o corpo completamente corado. Hermione não era boba e sabia que o motivo daquela vergonha era porque ele se empolgou um pouco.

– Parece que ainda falta uma parte pra pintar – Hermione disse para descontrair o clima.

– Onde? – ele perguntou e ela passou a mão suja pelo seu rosto rindo da cara que ele fez. – Pronto, agora sim você está a cara do seu quarto.

– Então você quer guerra? – Ele sujou a mão de tinta e passou a cima dos lábios dela, desenhando um bigode. Não satisfeito ele começou a fazer cocegas enquanto ela tentava fugir dele. Os dois estavam se divertindo como há muito tempo não faziam.

– HERMIONE VOCÊ TEM VISITA – a senhora Weasley gritou do andar de baixo. Os dois se entreolharam e limparam tudo com um feitiço mesmo antes de descerem as escadas.

Kingsley os esperava na cozinha. – Aconteceu alguma coisa, ministro? – Ron foi o primeiro a perguntar.

– Eu vim avisar que encontramos os seus pais, Hermione – ele disse e Hermione ficou em choque.

– Mas já? Eu pensei que as fronteiras ainda estivessem fechadas.

– E estão, mas por conta dos seus esforços na guerra, o seu caso virou prioridade.

– A partir da próxima semana você já pode encontrá-los. Mas antes, eu preciso que você vá ao ministério para aprender e treinar um feitiço que reverte o de memória que você usou nos seus pais.

– Então nós iremos – Ron falou segurando a mão dela. Ele sabia que a mãe iria conversar com o ministro pra saber tudo o que aconteceria nessa viagem em questão da segurança deles. Por isso Molly não protestou de primeira.

Agora era a vez de Hermione começar a se preocupar. Ela queria mais do que nunca encontrar os seus pais, mas não sabia como iria reagir quando estivesse de frente para eles. Ron percebeu a mudança de humor da namorada.

– Calma, não precisa sofrer por antecipação. Vamos planejar muito bem essa viagem, temos de criar um plano A, B e C – ele disse a levando para o jardim pra tomar um ar. Ela estava pálida e ele viu a marquinha de expressão que aparecia em sua testa toda vez que ela estava pensando muito.

– Estou com medo de não conseguir realizar o feitiço. E se eu estragar tudo e afetar a memória deles pra sempre? 

– Isso não vai acontecer, Mione. Vou aprender o feitiço também e qualquer coisa eu te ajudo, nada vai dar errado.

– Você não acha que é melhor ficar com a sua família? Sua mãe não parecia muito contente.

– Eu vou com você. Você tem me ajudado como ninguém nunca fez, e agora que você precisa de mim eu não vou? Minha mãe vai ficar bem, Ginny e Harry ainda estão aqui – ele disse beijando a testa dela.

– Eu só preciso que você me ensine o máximo de coisas trouxas que conseguir. Eu nem conheço Londres trouxa direito, imagine outro país.

– Eu também nunca fui pra lá, mas não deve ser tão diferente daqui.

– Você consegue se comunicar com eles? 

– Eles falam a nossa língua, Ron – ela disse sorrindo.

– Que estranho.

– Eu os mandei para lá justamente por isso. É longe, mas não tem a barreira linguística pra dificultar ainda mais.

(...)

Hermione já estava com tudo devidamente guardado na sua bolsinha de contas, itens dela e de Ron. Ela respirou fundo passando, novamente, pela cabeça o que tinha aprendido no ministério para desfazer o feitiço que tinha feito.

Aquela noite eles decidiram que passariam no telhado olhando as estrelas. Ron sabia que ela estava apavorada com a ideia de reencontrar os pais, ele queria que tudo desse certo, ela merecia isso.

Em algum momento os dois pegaram no sono, e Ron acordou com Hermione pedindo socorro. Ela estava tendo pesadelos, falando que a varinha era falsa, chamando o nome de seus pais e pedindo perdão.

– Mione, acorda – ele disse a sacudindo lentamente para não a assustar. Não surtiu muito efeito, pois ela sentou rápido olhando para os lados. – Calma, foi só um pesadelo. Nós estamos no telhado.

– Ron, eu sonhei com aquela mulher, tudo parecia tão real – ela disse abraçando-o.

– Já passou. Ela nunca mais vai te fazer mal.

Ela se agarrou a ele e voltou a dormir instantaneamente. Ele respirou fundo. Acabou perdendo o sono imaginando as próximas dificuldades que viriam daqui pra frente. 


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Esse capítulo e o próximo eram um só, mas achei ele muito grande e pensei que ficaria cansativo. Vocês gostam de capítulos grandes?
Até a próxima, beijos.

Reliance - RomioneOnde histórias criam vida. Descubra agora