Introdução

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O mundo já acabou.

Pode ser uma frase idiota, mas arrepiava Joe sempre que pensava no que haviam pichado no muro do outro lado da rua.

Caminhou com o café pela sala e depositou a xícara na janela. Observou-a por alguns segundos, meditando que a fumaça que subia somada aos chuviscos de fundo dariam uma bela foto. Bobagem.

Antes do fim da internet, há uma semana atrás, ficara sabendo que os poucos sobreviventes estavam se matando por comida. Os mercados estavam destruídos e nos postos de gasolina somente ratos trafegando aos montes. Muitos grupos extremistas se formaram por vários motivos. Invadiam casas para saquear comida ou sequestrar pessoas para servirem de objeto sexual, vendas ou para práticas de rituais. O número de estupros havia triplicado. O caos revelou a pior face do ser humano.

A humanidade nunca cogitaria que tudo começaria numa gripezinha, numa quebra temporária da economia, ataques de hackers, manifestaçôes que começaram a partir de um ato cruel de racismo nos Estados Unidos, nas pragas peçonhentas que tomaram os campos e destruíram boa parte da comida da terra, nos saltos gigantescos da tecnologia ou no contato histórico dos Russos com alienígenas, o que trouxe terror a muitos. Afinal, existiu um homem que trouxe a paz ao mundo, que matou a fome, extinguiu as pragas e curou os que já estavam em leito de morte. Esse mesmo homem dividiu opiniões quando trouxe à tona o projeto de implantação de um chip na testa e retirou de circulação o dinheiro físico que, muito tarde, a ciência fora descobrir que era a principal responsável pelas pandemias que o mundo estava sofrendo devido ao alto risco de contágio. O aparelho ainda emitia ondas magnéticas para o cérebro e evitava que as pessoas ficassem doentes, aumentava o poder criativo e concentração, dava coragem e elevava os níveis hormonais para que o ser humano pudesse usaro máximo de sua capacidade, ao mesmo tempo que vivesse o melhor de seus dias. O mesmo chip fez com que os celulares e computadores fossem deixando as prateleiras das lojas, afinal, ele próprio era capaz de criar hologramas ou acessar o que quer que o usuário quisesse apenas apertando a têmpora. Ninguém via o que estaria acessando. Era possível fazer pesquisas, acessar Redes Sociais e os filmes passaram a ser como transes hipnóticos profundos os quais o espectador tinha a experiência de estar num sonho lúcido vivendo todo o roteiro.

O ápice da desgraça. Ninguém cogitou que chegariam tão longe, ao mesmo tempo que tão baixo. Para fazer a separação entre os rebeldes e o povo a favor do chip, o Príncipe Judeu, como era chamado, criou os distritos. Nesses distritos, o povo que tinha implantado o chip viveria uma vida comum, com as regras que um país comumente preservava e as regalias e facilidades que o seu governo oferecia. Já fora dos distritos, fora declarado que seria uma terra sem lei, onde estupros, rituais macabros, pedofilia e todo o tipo de atos hediondos não seriam mais criminalizados. Foi ai que o mundo conheceu a sua pior face.

Por fim, fechou a janela. A escuridão avançaria em pouco tempo e, com ela, os caçadores. Deixou-se desabar no sofá assim como sua alma no inferno. A mochila já estava pronta. Partiria dali assim que sua encomenda chegasse: Uma Desert eagle, um galão de gasolina e a máscara de oxigênio. Iria em busca dos dois filhos, a três cidades dali, e morreria com eles se assim pudesse.

O Dia em que Jesus VoltouOnde histórias criam vida. Descubra agora