Capítulo 04

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Caio

— Sem problemas. Combinado então. Nos vemos às dezesseis.

Diego desliga o telefone com um sorriso no rosto.

— A notícias são boas? — Cris divide a atenção entre seu trabalho e o esposo, aguardando sua resposta.

— Ótimas. O novo cliente aprovou o orçamento e vem para uma reunião agora à tarde.

— Já? — Questiono, virando minha cadeira na sua direção.

— Mas o prazo é aquele que eu já tinha combinado com ele? — Cris franze a sobrancelha, ainda concentrada no que está digitando em seu computador. — Estamos com outros trabalhos na casa.

— Sim. Mas o cara pareceu ansioso em começar o planejamento.

— Me manda as informações por e-mail. — Observo os rabiscos que ele fez em sua caderneta, com os detalhes passados pelo cliente. — Só você entende esse monte de desenhos que chama de anotações.

Fico empolgado com a possibilidade de conseguirmos essa conta. O maior volume do nosso trabalho são vídeos para eventos, não é sempre que temos a oportunidade de fazer publicidade e é uma das coisas que eu mais gosto.

Além disso, a distração será bem-vinda. Quanto mais foco no trabalho, menos preciso pensar na minha própria vida.

*****

— As crianças já estão na sala de reunião, amor. — Diego cochicha para a esposa, que está em uma ligação.

Ele parece um velho chamando os nossos funcionários de "crianças". Está certo que ele viu duas delas crescer, mas ainda acho ridículo. São todos adultos agora.

Sem contar que Diego e eu temos a mesma idade, o que faz com que eu me sinta um velho. E sei que estou longe disso.

— Podem ir, vou assim que terminar aqui. — Ela cobre o bocal do telefone, antes de voltar a atenção ao cliente que está atendendo.

Pego minha caderneta e acompanho meu sócio para fora da nossa sala.

— O problema é que você se entrega demais. Não tem graça quando é tão fácil — Ainda no corredor, posso ouvir Aline e, pelo assunto, sei que está falando com Matheus. Esse garoto tem o péssimo hábito de se apaixonar por cada mulher com quem sai.

— Eu achei que estávamos na mesma página, que Carol estava feliz comigo. Aí ontem ela me disse que não ia dar certo, porque nós não tínhamos química. Transamos por duas semanas para ela descobrir que não temos química?

Diego segura a risada e sei que está se divertindo com a conversa tanto quando eu.

— Não está dando conta de agradar as mulheres, Matheus? — Ele se assusta com a nossa presença e se empertiga.

— Sei muito bem como agradar uma mulher, obrigado. — Mantém a pose, tentando parecer mais altivo, ofendido com a minha provocação. — Elas que não sabem reconhecer o meu valor.

— Nisso eu acredito. — Diego ri e dá um tapinha em seu ombro, antes de ocupar seu lugar. Eu também me acomodo. — Mesmo assim vou te dar uma dica sobre como agradar as mulheres.

— A essa altura, estou aceitando qualquer sugestão. — Dá até dó a cara de derrotado do garoto.

— Eu comecei a ler os livros de romance que a Cristina gosta. Elas leem essas coisas e sonham encontrar isso na vida real: um cara apaixonado, que não seja pegajoso, e que as leve à loucura na cama. Então sempre tento dar à minha esposa o que suas fantasias esperam. Dá um pouco de trabalho, mas vale muito a pena. Esses livros são verdadeiros guias sobre o que as mulheres desejam de nós. Às vezes, arrisco algo que ela com certeza não espera, e aí é quando as coisas ficam mais divertidas.

Não Caio na Sua - DEGUSTAÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora