O inferno de Sasuke (Shortfic)

A viúva

Lembrei de minha irmã quando fui dormir ontem à noite, e também quando acordei por agora antes de levantar.

As lembranças são instantâneas e sem avisos, elas aparecem em minha mente quando eu menos espero e ocorrem em segundo plano.

Bem, frequentemente, eu ando tendo recordações de seu rosto lá do passado quando ainda era criança; como será que está depois de todo esse tempo que estamos distantes?

Brincávamos de pique esconde e andávamos de bicicleta juntos, tenho boas recordações daquela época em que não entendíamos como a vida funciona.

Me pergunto se essas recordações também são importantes para ela mas, para essa pergunta eu não tenho a resposta, e nem sei se me faria bem.

É de manhã cedo, eu acordei do mais profundo inconsciente, e esse tipo de sono sem sonhos e induzidos por medicação, tem me feito descansar mais e começar o dia melhor.

Automaticamente faço o sinal da cruz antes de rezar por aqueles que estão distantes, e por aqueles que não rezam, é um costume antigo que levo comigo.

Foram 8 árduos anos de preparo, muito estudo, e disciplina para uma vida inteira pela frente e me orgulho muito disso, pois aprendi uma nova filosofia de vida.

Eu me tornei um homem que está disposto a realizar o seu trabalho servindo no propósito que eu escolhi, não é fácil, mas com foco e força de vontade, nada se tornou impossível durante todos esses anos.

Terminando minha oração diária me levanto para ir ao mictório pois, logo mais às 8hs, terei de celebrar missa dominical.

Minha estola posta sobre a cômoda ao lado da bíblia está pronta desde a noite anterior, peguei-as, e segui logo para fora da minha simples acomodação nos interiores da paróquia Santa Bárbara, a qual faço residência.

É um lugar estreito que me oferece um banheiro somente para meu uso, e também um armário embutido, eu não poderia chamar de suíte por causa da modéstia.

Tem uma cama razoavelmente boa e uma janela para o Jardim florido na lateral da igreja, antes de sair, faço uma nota mental dos avisos que teria de fazer durante a celebração. [...]

- Queridos irmãos e irmãs, sejam todos bem-vindos. Agora daremos início a Santa missa!

A igreja, como sempre lotada de fiéis, conta com grandes ventiladores nas 8 colunas, bem como portas laterais de saída.

Sempre achei a arquitetura bela em detalhes, apesar do que precisei de muita dedicação, e bingos mensais, ao longo dos anos para enfim restaurá-la, hoje em dia, a Igreja de Santa Bárbara é uma dentre as mais belas de toda região.

Estou cerca de três anos atuando em uma mesma paróquia e posso dizer que estou satisfeito em ver o resultado de meus esforços.

Hoje, aos 34 anos de idade, sou o vigário mais jovem da ordem a ficar à frente da direção paroquial, e dos trabalhos que essa ocupação exige. Novamente, eu me orgulho muito disso. E após fazer a homilia, peço para que todos fiquem de pé.

Eu não venho de uma família financeiramente, como eu poderia dizer... ruim, digamos que eu sempre tive certo conforto no seio familiar.

E se eu tive dificuldades para descobrir minha vocação? Sim, eu tive. E para ser sincero, ainda hoje eu tenho.

Fui criado dentro dos preceitos religiosos mas nem sempre fui reto neles, honesto comigo mesmo, ou nas regras rígidas impostas por meus pais, fui uma criança rebelde e difícil.

Aprendi a desenvolver meus dons à muito custo. Eu cresci ouvindo desde muito cedo como ser um homem integro a troco de penitências diárias, jejum, orações, confissões, e posso dizer que deixei orgulhosos os meus pais.