•𝗖𝗮𝗺𝗶𝗹𝗮•
Eu não sei porquê eu ainda continuava com isso, é uma merda acordar todo dia sem saber o que fazer, sem um motivo para continuar.
Desde que eu terminei a faculdade minha vida só foi água a baixo, primeiro perdi o emprego que arrumei fazendo estágio e quando achei que conseguiria uma promoção, aconteceu o maldito corte de funcionários e ainda pra melhorar tudo meu namorado-de desde o primeiro ano da faculdade-terminou comigo quando eu mais precisava dele e agora eu estou aqui, sentada na calçada em frente a um bar depois de ter gastado todo o resto do meu dinheiro para beber como se não houvesse amanhã.
Só tenho meu apartamento até alguns dias, quando chegar o dia do pagamento do aluguel e adivinha! Eu não tenho dinheiro para pagar, mesmo se eu não tivesse gastado minhas economias para afogar as mágoas depois de ter meu coração partido, eu não teria a grana.
Olhando de longe a cena parecia bem deprimente e era, uma garota sentada no chão com uma garrafa de cerveja na mão e chorando sem parar.
Suspirando, eu peguei meu celular no bolso, sabia que não podia voltar para casa sozinha e só tinha uma pessoa que podia me ajudar, respirei fundo quando no terceiro toque a pessoa do outro lado atendeu
— Mila? O que aconteceu? Por quê está me ligando uma hora dessas?
Tentei engolir o nó gigante em minha garganta antes de soltar a bomba
— Vih, tem como você vir me buscar?...eu acho que bebi um pouquinho além da conta mas só um tiquinho
Fechei os olhos rezando para minha voz não ter saído tão enrolada quanto pareceu mas pelo suspiro que deu do outro lado da linha soube que talvez saiu pior
— okay, onde você está?
Depois de dar uma olhada na fachada do bar e informar a Violet, fiquei a esperando enquanto refletia sobre minha vida
Acho que tudo começou quando perdi meus pais, mesmo depois de tanto tempo aquele acontecimento ainda me assombra e tenho diversos pesadelos, quando fiquei órfã aos dez anos fui acolhida por minha tia até ir para faculdade
Minha adolescência foi bem problemática, notas baixas, zero amigos e o bullying que sofri só por ser quem eu sou, não ajudou muito. Me lembro da Violet, minha prima, ir várias vezes para casa me ajudar a entender alguma matéria de prova, mesmo estado atolada de trabalhos da faculdade ela me ajudava
Eu conseguia passar de série pelas notas de provas e trabalhos extras que minha prima implorava para os meus professores me passarem, ela me ajudava e eu conseguia passar até consegui aprender alguma coisa ali e aqui mas quando eu dei um soco na cara de Britney Dawson foi a gota d'água para Violet, a consulta com o psicólogo depois do ocorrido e com o diagnóstico de depressão e ansiedade de alguma maneira não surpreenderam minha querida prima
O tratamento ajudou, quando entrei no ensino médio era outra pessoa, consegui fazer amigos e até tive um namorado mas nós separamos quando entrei para faculdade, fiz de tudo desde então para orgulhar minha prima e me esforcei de verdade, tirei as melhores notas do curso e virei destaque da faculdade, passei a sair com minha prima e seus amigos, que sempre me viram como uma garotinha por ser bem mais novas que todos
Estive no casamento dela com o marido Nathan, peguei meus sobrinhos de consideração no colo e lutei para me manter firme pela mulher que sempre esteve lá por mim e foi como uma mãe
Então...como eu vou contar para ela que eu perdi tudo? Que por ter surtado quando fui demitida, não posso arrumar um emprego em minha área de formação? Que meu namorado que ela odiava me largou por uma velha milionária? E que logo não vou ter um teto sobre minha cabeça?
Balancei a cabeça quando ouvi a porta do carro de Violet bater com força e o som de seus saltos se aproximarem, ergui minha cabeça para a encarar e na hora franzi o cenho confusa, ela estava com um vestido lindo e toda arrumada, oh não! Eu liguei para ela no meio de alguma festa importante
Quando abri a boca pra falar qualquer coisa, ela tirou a garrafa de minha mão tacando a mesma no chão longe de onde estávamos me ajudou logo em seguida a levantar e entrar no carro prendendo o cinto, fiquei em silêncio enquanto ela dava a volta e se acomodava no lado do motorista. Ela deu um longo suspiro e se virou pra mim
— o que aconteceu?
Tive vontade de chorar de novo ao ver a leve decepção no rosto de minha prima, na hora eu só queria me enfiar em um buraco e sumir, respirei fundo mais uma vez antes de falar com a voz enrolada e embargada
— eu perdi tudo, Vih...
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Não sei em que momento da viagem eu dormi no carro, depois de desabafar com Violet o sono e a exaustão venceram, dormi sentindo o mundo desmoronar em meus pés
Depois de um tempo senti um leve balançar em meu ombro e abri os olhos vendo que havíamos chegado...na casa de Violet, não tinha forças nenhuma para a contrariar e daqui uns dias eu nem teria casa
Saí do carro com a ajuda de minha prima e caminhamos em silêncio até a porta da frente de sua casa comigo apoiada em seu ombro, ela abriu a porta e acendeu as luzes da casa me arrastando até o quarto de hóspedes
Quando caí sentada na cama, Violet finalmente me olhou com atenção e quando seus olhos azuis acinzentados pousaram em uma parte de meu rosto suas sobrancelhas se uniram em confusão e logo o seu rosto se cobriu de raiva
— Mila, o que é isso?
Disse tocando uma parte bem abaixo de meu olho onde doeu pra cacete, afastei sua mão na hora
— não é nada
Murmurei desviando meu olhar dela mas logo suas mãos ergueram meu queixo e ela olhou com atenção o que eu sabia ser um roxo em meu olho, digamos que a briga com o meu agora ex, não foi muito pacífica
— foi aquele desgraçado né?! Ele ainda vai me pagar por isso...vem, vou te dar um banho e depois vou deixá-la descansar
Fiquei quieta e estendi os braços para Violet tirar minha blusa e o sutiã, ergui as pernas logo em seguida para ela fazer o mesmo com meu sapato, calça e a calcinha. Geralmente eu fico envergonhada de alguém me ver nua mas eu estava bêbada e fora da casinha portanto nem me importei
Gritei baixo quando senti a água gelada cair em minha cabeça batendo o queixo de frio, fiquei alguns minutos que pareceram horas e no instante seguinte minha prima me secou, vestiu o pijama que eu havia deixado lá uma vez e me colocou debaixo das cobertas quentinhas, me senti uma criança de novo
— durma bem, minha princesa. Amanhã damos um jeito nisso
Ela me disse dando um beijo em minha testa antes de eu apagar em um sono profundo
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Rental family - Shawmila
Roman d'amourShawn Mendes é o dono de uma das maiores rede de estúdios cinematográficos dos Estados Unidos, acostumado desde pequeno a viver rodeado de mulheres lindas e talentosas de diferentes personalidades nunca foi do tipo de homem que sonhava em se amarrar...