medos

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Os olhos azuis iam de um lugar para o outro tentando enxergar algo a mais que apenas aquele escuro que estava o rodeando.
Não importava o quanto andasse, o quanto olhasse a volta, a única coisa que conseguia ver era a escuridão e o vazio que não o deixava.
O pavor de nunca mais sair dali estava presente em si, fazendo com que sua garganta doesse por estar a segurar o choro que estava querendo soltar a um bom tempo, des que se viu presso naquele lugar que nem sabia dizer onde ficava.
Estava cansado de andar, seus pés doía do tempo que ficou a caminhar sem rumo entre aquela escuridão.
Deixou-se cair sobre os joelhos causando uma dor ao sentir a pele se cortar com o contato do chão.
Abaixou a cabeça, se encolhendo enquanto o choro baixo saia por sua garganta. As lágrimas rolavam teimosamente por suas bochechas deixando seu rosto molhado não importando o quanto tentasse secar com as mangas da blusa.
Já sentia os soluços lhe atrapalhar na respiração quando finalmente conseguiu ver uma luz aparecer a frente, ao longe... Levantou a cabeça para ter certeza do que estava vendo, quando a imagem de uma pessoa apareceu no meio daquela luz forte.
Seus olhos se arregalaram em surpresa, ele não estaria vendo coisas... Estaria?

- G-Gon?

A sua voz saiu fraca, arrastada, baixa de mais para alguém além de si mesmo entender o que saia pelos seus lábios. Porém sabia... Era ele mesmo.

Como se tivesse conseguido escutar a sua voz lhe chamando, o garoto de cabelos pretos se virou para si com um grande sorriso em lábios o olhando com tanto carinho no brilho daquelas iris castanhas que o fez sentir um calor aparecer em seu peito.
Se mantendo ainda de joelhos ao chão, encarando a imagem do garoto ao longe querendo que aquilo realmente fosse de verdade e não só algo que sua mente criou. Com medo se levantou lentamente sentindo o machucado em seus joelhos arder e novamente secou a lágrima que teimou em deslizar por sua bochecha.
Assim a mão de Gon se estendeu para ele lhe chamando para se aproximar.
Ainda com medo de tudo ser falso, começou de vagar, um passo de cada vez, relutante, sentindo o corpo tremer pelo medo de tudo dar errado como sempre em sua vida... Com base ia se aproximando, nada mudou, ele continuava ali com o grande sorriso que sempre dava para si e os braços estendidos para si como se esperasse que pulasse para o abraçar. Menos de dez passos de distância, sentiu-se bem em ver que não, ele não estava sumindo como tudo a sua volta sempre fez.
Incentivado, começou a correr diminuindo a distância ainda existente entre eles...
Porém no quinto passo que deu, seu pé se afundou no chão o fazendo cair novamente. Abaixou a cabeça para ver o que tinha acontecido, vendo que agora a escuridão subia por sua perna o puxando de volta... não o querendo deixar sair dali.
A luz de repente começou a se afastar, e ao levantar o rosto novamente pode ver que estava sendo realmente puxado para longe e agora Gon deixava de sorrir, desviando o olhar para o chão e se virando...

- não... -começou ao ver o outro dar o primeiro passo para ir embora - não! Gon! Não vai!!

Sua voz parecia não ser alta o bastante para que ele escutasse. Sentindo o desespero novamente, tentando lutar contra aquilo que continuava a lhe puxar e o engolir sobre o escuro que ficava cada vez mais forte a sua volta. Porém era como areia movediça, lhe puxando mais para fundo quanto mais se debatia para escapar...

Com a última lágrima deslizando por seu rosto a imagem de Gon sobre a luz sumiu de sua vista, a luz se apagou. E a escuridão lhe puxou totalmente de volta para onde estava sentindo agora a corrente sobre seu pé lhe mantendo no lugar...














- maldito sonho... -resmungou esfregando a palma da mão destra sobre o rosto numa tentativa de se acordar direito.

Aquele maldito pesadelo andava a se repetir várias vezes entre a semana e todas as vezes acabava por acordar entre duas a três horas da manhã e não conseguia dormir novamente após eles.
Acordava com os olhos cheios de lágrimas, o cabelo colado a testa, ofegante, tremendo e com a sensação de realmente algo prendendo seu pé, porém sempre era apenas a coberta.

Tudo Culpa Sua (rescrevendo) Onde histórias criam vida. Descubra agora