de novo?
eu já vi essas palavras
essa sensação
eu já senti toda a comoção
por não amar,
sentir o coração
estourar
o cérebro se recusou
a pensar em tudo
quebrei o escudo
flechas vão chegando
acho que desisti de correr
talvez (de novo)
a pontaria esteja errada
mas, se não estiver
por favor
me mata.
marcas de sangue ▪︎
¤
mesmisse
tá tudo tão parado
a rua
a casa
meu quarto
tá tudo tão barato
a puta
a faca
o fardo
tão arrasado
a luta
a cama
o insuportável
que eu nem sei mais
se viver é a salvação
ou o fracasso.
marcas de sangue ▪︎
¤
terra arrasada
tudo está tão pacato
tão parado
tão o mesmo
tão envenenado
que, sem querer
penso que eu fui
quem envenenou tudo isso
-sendo que, antes de mim
a terra já estava podre.marcas de sangue ▪︎
¤
quarentena
hoje, todos em 4 paredes
invejamos os animais
que andam, livres por aí
pássaros voam, sem medo
mas morrem mais rápido
e não pensam muito
sobre sua existência
seria a vida perfeita?
marcas de sangue ▪︎
¤
tudo isso acontece dentro do meu peito
como ainda me sustento?
não sei.
deve ser por isso que minha coluna dói tanto.
marcas de sangue ▪︎
¤
fantasma
quando eu tento pensar
tento me sentir presente
eu sumo, fico com vergonha de mim
me escondo entre a apatia e o descontentamento pessoal
-apenas me dê um papel, ou um caderno, ou seu coração.
marcas de sangue ▪︎
¤
"talvez"
"tentar"
"não sei"a indecisão do libriano
que não sabe se existe ou se some.

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Surtos curtos.
PoesíaNeste dia, (e em tantos outros) eu surtei. Desisti de todos meus afazeres e decidi sofrer. Deixar o sangue jorrar entre meus dedos, entre meu lápis. O papel se encheu de dores, e hoje, compartilho com vocês: meus Surtos Curtos. este mini-livro co...