EXTRA

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Chanyeol colocou a cafeteira em cima do balcão, as olheiras pesando em baixo dos olhos. Com uma xícara quente em uma das mãos, seguiu para a sala da casinha pequena, um resmungo satisfeito deixando seus lábios assim que as costas encostaram no estofado. Estava exausto, era verdade, moído como nunca. Apreciava pequenos momentos como aquele, em que tinha folga do trabalho e podia só deitar a cabeça no sofá e beber uma xícara de café quentinho. Sentiu duas mãos atrevidas apertarem seus ombros com força e, ao mesmo tempo, certa delicadeza, cuidado. Sorriu quando o hálito igualmente quente ao líquido que bebia encostou em sua orelha, palavras sussurradas com carinho naquela terna manhã de domingo.

— Está com bafo, Byun. Já escovou esses dentes hoje? — Ele resmungou. Quando Chanyeol se virou para olhá-lo, atrás de si, prendeu uma risada na garganta. — O que aconteceu com seu cabelo?

— Você aconteceu. E uma semana sem ver um pente, mas principalmente você — disse, rumando para a cozinha. Quando voltou, tinha um pedaço de pão na boca. Colocou os pés no colo do Park e a cabeça apoiada no braço do sofá, preguiçoso. — Cadê o controle? Hoje tem jogo, na hora do almoço... 

Enquanto Baekhyun preguiçosamente se arrastava pela sala procurando pelo controle da tevê, Chanyeol escondia um sorriso pequeno nos lábios ressecados. Na semana passada, haviam ido ao aniversário de quatro anos do filho de Junmyeon. Ele estava grande, já sabia contar até vinte e cinco — mas sempre pulava o doze, o que fazia seu pai arrancar os cabelos por ter de repetir a mesma coisa — e corria pela casa dos pais sem nenhum problema. Claro, exceto nas horas que Yeo-Jeong ficava puta da vida e lhe mandava parar, e ele não sossegava até que ligassem a televisão em algum canal de desenho. Crianças, né?

Aquilo fez Chanyeol pensar. Ele cresceu tão rápido! Em um momento, estavam no carro de Baekhyun, com uma criança a um fio de nascer ali mesmo, em outro, essa mesma estava assoprando velinhas de uma festa temática do Carros! E pensar que, até anos atrás, estava beijando seu noivo escondido debaixo das cobertas daquele apartamento em Seul... Bem, as coisas mudaram muito rápido.

Estava oficialmente morando com Baekhyun, mas isso não era nem de longe a maior surpresa que todo aquele tempo lhe trouxe. Além do anel de noivado — era, na real, as mesmas alianças baratas que Chanyeol havia comprado no centro. Uma delas havia perdido todo o tom dourado e estava descascando, mas o valor emocional ainda era grande, então ainda não havia sido jogada na gaveta — nos dedinhos e a casa nova, os anos trouxeram ao Park mais coisas do que jamais fora capaz de imaginar que um dia teria. Era, na real, uma vidinha simples e para lá de entediante, mas também um sonho que nunca achou que sairia de sua cachola.

Há cerca de dois meses, havia feito o pedido oficialmente. Estavam juntos há mais ou menos três anos, e no aniversário do Byun, organizou tudo direitinho para que fosse uma surpresa agradável. Como estavam guardando dinheiro para comprar a casa nova, não foi possível fazer nenhum pedido exagerado, mas foi grandioso da mesma forma. Escreveu um cartão, com uma foto dele e do namorado que, quando olhava, parecia que havia tirado em outra realidade. Era aquela mesma dele no parque de diversões, modelando para si pela primeira vez de muitas, quando deu início a sua carreira — ao seu sonho. Escreveu um feliz aniversário na parte de trás, algumas palavras bonitas, e teve ele todo caidinho pro seu lado pelo resto da semana. Isso, claro, até deixar a pasta de dente aberta — pela terceira vez no mês — e ganhar uma ameaça de morte, só para não perder o costume. 

Com a casa nova, a rotina frustrante e cansativa, os momentos entre os dois iam se tornando mais raros. As confissões apaixonadas do início de namoro, a tensão sexual e o flerte bobo aqui e lá foram enterrados em algum momento e Chanyeol não sabia dizer quando aconteceu. Mesmo não sendo tão apaixonado quanto costumava ser, amava tudo daquela vidinha imperfeita e estressante, de verdade. Mas sentia que faltava alguma coisa a mais. Só não sabia como dizer aquilo para o Byun, quer dizer, ainda não haviam nem mesmo conversado sobre o assunto. E se ele dissesse não? Chanyeol não sabia como viveria com aquela resposta. Sabia que não ia mudar de ideia. 

Sweetie Little JeanOnde histórias criam vida. Descubra agora