Com um passo de cada vez ele seguia rua a baixo arrastando a ponta branca de sua guia por todo o chão abaixo de si. A cada passo em falso em que eram dados, seus óculos, sempre escuros, se arrastavam minimamente para frente sobre seu nariz, não era perceptível, e também não chegava a ser um incomodo, mas era o suficiente para fazê-lo levar seus dedos esguios até os mesmos para ajusta-los a maneira correta.
Ele podia escutar a todos a sua volta muito bem, podia escutar as pessoas murmurando ou reclamando em desgosto quando para ele, era preciso a concentração e a demora em seus passos. Ele sentia os olhares alheios queimando sobre sua nuca quando que por sua vez, não fazia nada a mais do que apenas caminhar pela calçada.
Luke apenas ignorava ao final de tudo, porque mesmo que as palavras machucassem, ele não podia fazer nada, ele era cego e continuaria sendo até o final de sua vida.
E isso foi exatamente o que fez quando cruzou a porta da padaria em que frequentava e ocasionalmente escutou alguns murmúrios sobre o quão estúpido era deixar com que cegos andassem sozinhos por aí.
Luke não podia negar, elas estavam em parte, certas, mas ir até a padaria não era nada para um cego quando se fazia isso desde os sete anos.
Luke andou em uma mesma direção até sua guia bater em algo. Ele sabia, tanto pelo o caminho gravado em sua memória, e tanto pelo o cheiro agradável que subia até seu nariz, que ali era onde colocavam os pães frescos, por isso não houve erros quando levou sua mão esquerda para um ponto específico da cesta para agarrar o pegador que era sempre mantido ali. O que ele não esperava, era que o pegador fosse cair de sua mão quando ele o direcionasse para pegar um pão, fazendo um barulho alto e metálico quando atingiu o chão.
Ele olhava desnorteado para baixo em direção ao chão sem saber o que fazer, o pegador poderia ter simplesmente escorregado para metros a distância dele, ele não iria apenas se agachar e procurá-lo. De jeito nenhum.
Luke estava prestes a se dirigir ao balcão para pedir ajuda à senhora gentil que sempre atendia ali, quando ele sentiu uma mão no final de suas costas e o frio metálico do pegador de volta em sua mão esquerda, fazendo com que seu corpo se tencionasse por completo.
"Hey, está tudo bem." Uma voz murmurou perto de seu ouvido. "Aqui está o pegador, não se preocupe."
Luke realmente não queria se preocupar, queria estar feliz por ter o objeto finalmente de volta em suas mãos sem ter feito um único movimento. Mas a mão do estranho ainda estava em suas costas e ele podia sentir sua respiração quente perto de sua bochecha.
"Obrigada, eu acho." Agradeceu enquanto começava lentamente a pegar os pães e colocá-los dentro de um saco de papel que tinha ali.
"Não há de que." disse o outro enquanto arrastava lentamente sua mão pelas costas do garoto mais alto.
"Você já pode tirar sua mão daí agora."
O estranho soltou uma risada divertida a qual sua mão se retirava lentamente das costas do outro raspando os dedos finos por cima do tecido da blusa que Luke usava. O mesmo não pode deixar de abrir um pequeno sorriso com as atitudes do estranho. Fazia tempos, quem sabe anos, desde que uma pessoa que não fosse Ashton havia agido tão descontraído perto de si. Nem mesmo sua mãe agia tão bem assim. E Luke apreciava isso ao final das contas.
"Me desculpe." O estranho disse se afastando, mas permanecendo ao lado de Luke. "Eu simplesmente não pude me conter quando vi que sua bunda magra estava em apuros." Luke podia sentir o sorriso zombeteiro nos lábios alheios.
"Oh certo, pelo menos minha bunda magra agradou alguém." Luke pode ouvir um riso surpreso vindo da boca do outro, até mesmo Luke estava surpreso de certo modo. Não era de seu feitio responder provocações. Ele estava mais para o que escuta tudo calado, guardando suas próprias provocações e respostas para si mesmo.
"Michael."
"O que?"
"Meu nome é Michael."
"Tudo bem," acenou em compreensão antes de abrir um sorriso que permitia a visão para suas covinhas. "o meu é Luke."
"Certo, Luke." disse Michael colocando uma mão sobre o ombro do outro menino. "Porque você está de óculos escuros em um dia nublado, cara?"
Luke gradativamente pode sentir seu sorriso cair. Seria possível que Michael não tenha visto sua guia? Ou ao menos deduzido o porquê ele estava de óculos?
"Eu sou cego Michael." Luke quase podia visualizar a cena em sua cabeça, o peso do olhar de desgosto em cima de si, a sensação de sentir Michael se afastando e ouvir o mesmo murmurar coisas indevidas para si. Mas para sua surpresa, nada disso alcançou os seus ouvidos.
"Eu sei," disse em um tom óbvio. "O cego aqui é você e não eu." Luke ignorou a piada, afinal, era apenas uma piada, não era para machucar, ele sentia isso.
"Certo, então porque pergunta se já sabe a resposta?"
"Porque não faz sentido."
"Como não?" Luke pode sentir a pessoa em sua frente respirar fundo antes de responder.
"Você não devia andar por aí com óculos só porque é cego."
"E porque não?"
"Por que o mundo não pode viver sem saber a cor de seus olhos!" Michael disse enquanto abria seus braços como uma indicação ao mundo.
"O mundo, ou você?"
"Talvez os dois?"
"Bom, meus pêsames então. Terão de aprender a sobreviver sem saber nesse caso."
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Então, isso aqui vai ser uma fic bem fluffy, porque ultimamente as fics que eu leio tem estado em um momento de drama time que não sai nunca. Dai eu, a revoltada, fiz a minha propria fluffy, porque eu não aguento mais tristeza nisso aqui.
VOTEM
e agradeço a quem leu. Até
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The Color || muke au
RomanceLuke é cego, e Michael é apenas um estranho que insiste em saber a cor de seus olhos. [slow updates] copyright © 2016 ashtonskind.