Meu coração se encheu de alegria quando vi Jimin entrar pela porta do hospital, ele usava uma jaqueta de couro por cima da blusa preta e calça jeans, carregando a mochila da faculdade no ombro, seus cabelos estava um pouco bagunçado por conta da correria, seus olhos doces procuravam por mim na recepção. Assistindo-o assim, eu pude perceber o quanto amava aquele garoto e só queria abraçá-lo infinitamente naquele momento.
Sem muito esperar, eu corri para os braços do meu melhor amigo, apertei-o com tanta força, que pude senti-lo ofegar. Enterrei meu rosto em seus ombros e comecei a chorar. Ele, sem muito entender, envolveu um de seus braços em minha cintura, e a outra mão acariciou o meu cabelo._Ele... ele vai ficar bem... _Ele proferiu um pouco confuso, com a voz calma e macia.
_Me perdoe Jimin! _Minha voz falhou por conta das lágrima. _Eu nunca mais vou gritar com você daquele jeito! Você é a melhor pessoa que alguém pode encontrar. _Eu o apertava cada vez mais.
_Esta... tudo bem. _Ele abriu um sorriso sereno.
Eu finalmente o soltei para encara-lo. Estava sorrindo para mim e eu também sorri enquanto enxugava as lágrimas e o catarro com a testa da mão._Senti sua falta. _Disse assim que consegui me recompor. _Mais do que tudo!
_Eu também senti a sua falta, Beca. _Ele acariciou a minha bochecha. _Jay está bem?
_Bom... _Virei o pescoço em direção ao corredor que dava acesso aos quartos. _Ele passou mal, desmaiou do nada, os médicos até agora não deram nenhuma notícia!
_Vai ficar tudo bem. _Jimin acariciou minhas costas.
_Jimin, eu sei que quer me deixar bem, mas... já completou setenta e duas horas. _Eu o encarei com os olhos novamente lacrimejantes. _Jay vai morrer...
Jimin ficou completamente desconcertado. Ele abaixou o olhar.
_Eu sinto muito.
Eu peguei as mãos de Jimin e sentamo-nos no sofá onde, anteriormente, eu estava sozinha. Logo, deitei minha cabeça no ombro dele.
_E agora? O que vamos fazer? _Jimin indagou, surpreendendo-me.
_Eu não sei. Talvez, chorar. _Soltei um riso nasal tristonha e ele me acompanhou. Um silêncio torturante tomou conta do local. Eu pensava em mil palavras, mas não conseguia proferir nenhuma sequer... Jimin me parecia passar pela mesma situação.
Logo, uma enfermeira se aproximou, com o semblante preocupado, me fez levantar a cabeça do ombro de Jimin, ficamos de pé nos entreolhando e nervosos.
_Rebeca? _A enfermeira chamou.
_Sou eu. _Não havia um músculo sequer do meu corpo que não estava trêmulo, minhas mãos pingavam de tanto suor ocasionado pela ansiedade que tomava conta de mim. Mil questionamentos se passavam pela minha cabeça, eu estava prestes a explodir.
_Jaebeom... ele... nós tentamos diminuir os sintomas com medicações, mas, infelizmente... ele tem poucas horas de vida. _A enfermeira informou pouca a vontade. _Infelizmente o câncer se espalhou muito rapidamente, não há mais o que fazermos.
Fechei meu olhos e senti duas lágrimas pesadas caírem.Eu sabia, ele estava morrendo, mas eu ainda não estava preparada para isso. Jimin me abraçou forte e está foi a vez dele de me apertar até que eu ofegasse. Embora doessem as costelas, era reconfortante.
_Ele pediu para falar com Jimin. _A enfermeira completou. Soltamo-nos rapidamente do abraço e nos encaramos atônitos. Logo depois, eu assenti para ele, ainda um pouco confusa e ele acompanhou a enfermeira.
Conhecendo o antigo Jaebeom, meu ex possessivo e violento, ele contaria que nós transamos e com certeza falaria coisa absurdas para que Jimin se afastasse de mim. Mas, o atual Jaebeom, doente e a beira da morte, certamente diria para ele ser um bom homem para mim e contar que eu o amo. Duas questões intrigantes, porém, dependendo da expressão que Jimin fizesse quando saísse do quarto iria me responder.
***Eu não o odiava, embora tivesse feito mal a garota que eu amo no passado e que também a roubou completamente de mim por três dias e, se não estivesse a beira da morte, certamente o faria. Ele estava morrendo, arrependido, confuso, desesperado pelo perdão, só queria descansar em paz. O quarto era claro e frio, Jaebeom havia perdido toda a imponência deitado naquela cama, com um soro nas veias, o pijama amassado, a pele amarelada, magro e com cheiro de vômito. Senti pesar por ele ali.
_Queria falar comigo? _Indaguei aproximando-me lentamente de seu leito.
_Jimin... _Jaebeom virou o rosto para mim e forçou um sorriso. _Eu imaginei que, quando soubesse que Rebeca estivesse no hospital comigo prestes a morrer, você viria imediatamente mesmo que ela o tenha magoado horas atrás. _Ele fez uma pequena pausa e soltou um riso nasal. _Sabe o que isso significa?
_O que? _Perguntei ainda pouco a vontade.
_Que você é um homem bom. Ao contrário do que eu fui.
_Por favor, não..._É sério, Jimin! _Ele me interrompeu cravando seus olhos em mim. _A Rebeca merece um cara como você na vida dela! Por favor, cuida dela e não deixa ela sofrer pela minha morte!
_Jaebeom, é impossível! Se não quisesse vê-la sofrer, não deveria ter aparecido assim, com apenas três dias de vida!
_Eu só queria me desculpar... _Algumas lágrimas molharam as bochechas dele. _Eu só queria ter certeza de que ela estava feliz.
_E que diferença isso faz?
_E que eu posso morrer em paz, sabendo que tudo o que eu fiz de mal para ela, agora está sendo recompensado... _Ele enxugou as lágrimas com a testa da mão. _Faça ela feliz e... dê margaridas a ela! Ela adora margaridas. _Ele riu triste das poucas lembranças boas que lhe vieram a mente.
_O-obrigada... _Coloquei as mãos no bolso um pouco envergonhado. _Mas eu não sei se...
_Ela te ama. _Ele me interrompeu, parecendo ler os meus pensamentos. _Ela certamente vai ficar brava por eu ter lhe contado, mas... do jeito que eu a conheço, ela deve estar morrendo de medo de confessar e estragar a amizade que há entre vocês. _Ele torceu o lábio.
_Ela... te contou...?
_Sim. _Assentiu. _Mas não fale que eu te contei. Espero que isto te encoraje a falar com ela agora.
_Bom... quando tudo isso passar... quer dizer... _Fiquei desconcertado por falar sobre a morte do homem que estava a minha frente.
_Não espere! Se puder falar com ela assim que sair dessa sala, por favor. Fale!