Ochako desviou seu olhar para o balcão, pela milésima vez na última hora. O barista bonitinho estava ali parado, no mesmo lugar, com o mesmo sorriso simpático mostrando todos os dentes. A morena voltou a atenção para seu notebook, tentando continuar a fazer aquele cansativo trabalho, mas, quando se deu conta, estava encarando o rapaz novamente.
A jovem frequentava a pequena cafeteria quase todos os dias fazia pouco tempo, mas já sentia como se estivesse ali há anos. Gostava de utilizar o espaço tranquilo e confortável para trabalhar, enquanto apreciava o menu e... bem, a vista. O barista ruivo lhe prendia a atenção, com seu sorriso de dentes pontiagudos e seus olhos que denunciavam como ele era uma pessoa doce e gentil. Quando percebia, já estava hipnotizada encarando-o, sentindo o rosto ruborizar por estar sendo tão indiscreta.
Porém, ela mal imaginava, que Eijirou não estava muito atrás. Ele havia se encantado por aqueles olhos chocolate, no instante em que os viu pela primeira vez. Todos os dias ele torcia para que ela aparecesse por lá e pedisse seu chá, acompanhado com um salgado, uma fatia de bolo, ou qualquer outro doce.
E quando Ochako aparecia... ah! Ele fazia questão de sorrir mais, de tentar ser mais solícito, de escrever o nome dela no copo com o maior capricho que conseguiria, de colocar calda extra no pedido dela, e a ver comer feliz. Ele gostava de a olhar nos olhos, tentando gravar o jeito como eles brilhavam diferente, como eles traduziam toda a doçura da dona — ele tinha certeza de que ela era assim.
E ali, naquele dia, ele não podia deixar de notar como ela o encarava de tempos em tempos. Ou estaria ele imaginando o que gostaria que acontecesse? Eijirou virou o rosto para a direção onde a morena estava, a pegando no flagra. A jovem arregalou os olhos, abaixou a cabeça e ficou com o rosto vermelho, tanto quanto o cabelo dele, com certeza. E isso poderia ser sinal de que não estava imaginando, certo!? Ela estava mesmo o olhando! Ela estava interessada!? Ele não queria ser indelicado de tirar essa conclusão, ir até lá e falar com ela, para no fim, não ser o que ele pensou. Poderia dar a impressão errada de si e ele não queria isso!
Mas antes que o ruivo pudesse debater mais sobre a situação, Ochako se aproximou para pagar o que consumiu. Ele estendeu a conta sem saber o que fazer, apenas olhando enquanto ela colocava o dinheiro ali e saía, sorrindo para ele.
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Demorou alguns dias, para Ochako voltar à cafeteria e Eijirou estava ansioso para vê-la novamente. A morena parou à sua frente, pegando seu pedido usual e indo em direção à mesa que sempre se sentava, bem no cantinho.
O ruivo mordeu o lábio, esfregou as mãos, olhou a garota, suspirou, bagunçou os cabelos e sorriu determinado. Pegou um dos pratinhos, colocou uma fatia de bolo, enfeitou da melhor maneira que poderia, respirou fundo três vezes, e foi em direção à mesa da garota.
— Ah, eu não pedi bolo hoje — ela disse quando ele colocou o prato à sua frente.
— E-eu sei, esse é por minha conta... Pra adoçar seu dia! — Ela o olhou curiosa e ele não sabia o que mais falar. Grande ideia levar bolo, quando ela não pediu, o que provavelmente significava, que ela nem queria! Ele sorria por fora, mas sentia vontade de se socar por dentro.
— Oh! E-então, obrigada, Eijirou... — Ela sorriu tímida e ele retribuiu. Ele sabia que ela sabia o nome dele porque estava escrito no crachá, mas estava muito mais animado, do que era considerado normal por ela o ter chamado pelo nome. — É o meu preferido.
— Eu sei! — Ele se animou, mas ela ficou vermelha e ele achou melhor consertar, antes que parecesse um stalker ou algo parecido. — Quer dizer, você pede bastante dele e... eu... — Ele começou a se enrolar nas palavras e ela soltou uma risadinha, as bochechas dos dois combinando agora.
— Eu entendi, não se preocupe. Não acho que seja um obsessivo em potencial nem nada disso.
— Certo... eu preciso voltar, mas você pode me chamar se... precisar de algo... — Ele tentou não demonstrar insegurança, mas falhou de novo.
— Obrigada! — Ela sorriu abertamente e ele retribuiu, saindo dali antes que ficasse mais envergonhado com a situação.
Ochako não conseguia parar de sorrir após o mimo, olhando ainda mais vezes na direção que o ruivo estava. Esperava estar certa, mas estava com a impressão de que ele queria dar a entender um certo interesse, afinal quem sai dando pedaços de bolo assim? Bom, ela nunca o viu dar para mais ninguém ali. E esperava que o que havia pensando em retribuir, fosse direto o suficiente pra mostrar que ela também tinha interesse.
A morena trabalhou normalmente, até mais animada, se quer saber. Quando terminou tudo que precisava, começou a recolher suas coisas, aproveitando para juntar a coragem que precisava para o próximo movimento ousado. Aproximou-se do balcão minutos depois, sendo recepcionada pelo sorriso de tubarão.
— Obrigada mais uma vez pelo bolo. — Ela sorriu, enquanto ele lhe estendia a conta.
— A-ah, de nada.
— Aqui, espero que faça bom proveito. — Ela colocou o dinheiro em cima do balcão e saiu antes mesmo que ele pudesse responder algo.
Ele olhou para o dinheiro, não entendendo o que ela quis dizer. Ela havia lhe dado uma gorjeta ou o quê? Ele pegou as notas e ficou mais confuso ao ver que ela não havia dado gorjeta nem nada, mas havia um papel dobrado ali junto. Abrindo, ele encontrou o nome e telefone dela, seguidos de um rostinho feliz.
Eijirou não conteve um sorriso. Ele guardou o dinheiro no caixa e o papelzinho no bolso de sua camisa, tendo a certeza de que essa oportunidade seria sim bem aproveitada.
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NOTAS FINAIS:
Boku no Hero Academia não me pertence. História sem fins lucrativos, feita de fã para fã.
Essa foi minha primeira fic pro OchabowlProject ♡
Ficou aquele mamão com açúcar que eu aaaaaaamo! E, como não sou boba, aproveitei que o tema do bimestre combinava com a Tag da Escrita que o Amurat_ tinha me marcado e tchaaaaraaaan! Saindo um kirichako coffe shop AU que seja doce! AHSIUEHSAUIEHSAIUEHA.
Agradecimentos à CordeliaMorning pela betagem e à @ladynice (Spirit e Nyah!) por redimensionar essa capa maravilhosa de lindaaa! ♡♡♡♡
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Pra adoçar seu dia
FanfictionOchako estava reparando em Eijirou há tanto tempo, mas ela nem tinha ideia que o barista também estava reparando nela. Até que uma das suas inúmeras visitas à cafeteria lhe traz boas surpresas. [kirichako | coffee shop au]