Capítulo 4

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_Diário de Bordo_
[Dia 12 de Maio de 1917]
[33 meses e 12 dias de guerra]

J U N G K O O K

Estava na casa de vô Verine, treinando e conseguindo acender a lareira da sala com gravetos, fazendo jus às suas aulas de sobrevivência que fazia desde que cheguei aqui. 

A pouco mais de um ano, eu e Jimin pedimos para o vô nos ensinar todas as coisas que precisávamos saber para sobrevivermos sozinhos no futuro, e claro, ele aceitou.

Eu com quatorze anos de idade e Jimin com seus doze já estávamos experientes na parte teórica da sobrevivência, Jimin se interessou bastante pelos manuais de resgate de emergência do jeito medicinal.

Ele já sabia ler e isso facilitou bastante em seu aprendizado, eu preferi aprender a fazer algo que exija meu esforço manual, tipo como acender uma fogueira ou caçar.

Além de todos esses aprendizados o vô também nos ensinou o francês, Jimin pegou o idioma mais rápido pois uma grande parte dos livros que lia estava em francês e ele precisava entender para absorver de seu conteúdo.

Estávamos em época de primavera e um rio que havia um pouco longe da vila tinha uma grande reserva de peixes, essa foi a nossa fonte de alimento por um bom tempo, tanto eu quanto Jimin havíamos crescido e amadurecido bastante para garotos de nossa idade.

Permanecer inocente e mimado já não era mais uma escolha.

Jimin, com o tempo, parou de temer os bombardeios noturnos. Nos primeiros dias ele dormia comigo para espantar o medo das bombas, mas acabou ficando mais corajoso e passou a dormir na sua própria cama.

Não que eu não gostasse de dormir com ele, eu fui quem mais sofreu quando ele ficou destemido e quis dormir sozinho, eu não tive nada para abraçar de noite.

Ao longo dos anos, ele também aprendeu a se aceitar mais como ele é, começou a gostar mais de seu corpo e de seu jeitinho meigo de ser. E graças ao seu aprendizado com os livros sobre um pouco da medicina, ele se orgulhava ainda mais de si mesmo.

Mas infelizmente Jimin começou a emagrecer com a fome, mesmo que eu tentasse lhe dar comida para ficar fofinho para sempre, ele recusava comer muito e só se alimentava quando era necessário.

Brigamos algumas vezes por causa disso, Jimin era o que menos comia de nós e descobri que ele fazia isso para emagrecer de propósito, mas depois de muita insistência ele voltou a comer bem e seu rosto voltou a parecer mais saudável, prometendo que não faria algo assim de novo.

Os anos passaram bem devagar, não sabia o quanto aquela maldita guerra iria demorar para acabar. Eu remoía sobre isso ajoelhado em frente a lareira, espalhando a pequena chama de fogo por toda a lenha com ajuda de um graveto para nos aquecer, e, naquele exato momento, o vô adentrou a casa com várias mochilas nas costas, tinha acabado de voltar de uma de suas viagens de poucos dias em busca de suprimentos para nós.

— Vô, o senhor voltou! — gritei ao correr, pulando em seus braços junto a Jimin.

— Sim! — riu, beijando o topo das nossas cabeças. — E hoje eu trouxe uma surpresa para vocês, já que essa foi a minha viagem mais longa.

— Jura?! O que é?

— Suas roupas já estão bem apertadas por causa do crescimento de vocês, então eu consegui roupas novinhas para vestirem.

— Wow, muito obrigado, vô! O senhor é o melhor! — Jimin exclamou, apetando o vô no abraço.

— Certo certo. — riu, nos apertando também antes de nos pôr no chão. — Peguem as bolsas com as vestes e vão se banhar, hoje tem carne e arroz para o almoço.

Diário de Bordo - jjk & pjmOnde histórias criam vida. Descubra agora