Capítulo 12

41.8K 6.2K 15.1K
                                    

_Diário de bordo_
[1 de Janeiro de 1950]

J I M I N

Eu não sei bem como começar a escrever esse último capítulo do diário de bordo de Jungkook, eu não devia ter demorado tanto assim para começar a escrever, mas... eu simplesmente não consegui.

Mas vocês devem estar curiosos para saber como eu passei todos esses anos, não é? Também para saber como o Jungkook está, eu irei contar tudo, começando pela época que Jungkook foi para a guerra.

Vê-lo partir junto aos demais soldados fora a pior coisa que eu tive que vivenciar, eu estava ciente qua aquela guerra estava longe de acabar, mas mesmo que levassem anos ou décadas eu iria esperar pelo meu Jungkook.

Eu queria esperar.

Naquele dia, onde o sol fraco de início de outono iluminava a cidade pouco movimentada, nós nos beijamos, no meio de todos aqueles homens que nos olhavam com julgamento nós nos beijamos como nunca, depositando todo o nosso carinho e a saudade já presente em nosso ósculo.

Aquele foi nosso último contato, depois disso, nunca mais nos vimos. A cada duas semanas, soldados feridos voltavam da batalha pelo mesmo caminho que partiram, e todos esses santos dias eu o esperava naquele mesmo lugar que me deixou, na esperança dele voltar para meus braços e ser cuidado como deve.

Mas ele nunca voltou, nunca apareceu uma vez sequer naquele caminho forrado por cascalho, mas felizmente tínhamos uma forma de comunicação, nós conversávamos por cartas.

Mesmo que estes demorassem para chegar, nós sempre enviávamos bilhetinhos de amor para o outro, contando como estavam as coisas e da imensa saudade que sentíamos.

Isso seguiu por cinco anos, até que eu parei de receber as correspondências de Jungkook.

Minhas cartas nunca mais foram respondidas e a cada segundo eu ficava mais apreensivo, pensando se pudesse ter acontecido algo com ele ou se os envelopes eram perdidos pelo caminho.

Nesse tempo que ele esteve fora, tudo pareceu perder a cor. Nossa horta murchou, os pássaros não cantavam como antes, a casa não estava mais tão iluminada e minha cama nunca esteve tão fria.

Eu estava solitário, sentado na mesa de jantar numa sala escura, sempre comendo sozinho e deixando um prato vazio na minha frente, tentando imaginar se aquele clima seria o mesmo se o meu Jungkook estivesse aqui.

Eu também comecei a ler seu diário de bordo, li todos os capítulos de suas memórias e admito que facilmente eu me emocionei. Eu sempre consegui ler a mente de Jungkook com muita facilidade, ele era como um livro aberto, mas quando faço isso na forma literal parece que um sentimento maior de certeza cresce em meu peito.

Aquele pedacinho de Jungkook estava em minhas mãos em forma de livro, era a única coisa que me fazia sentir que ele realmente estava bem ao meu lado, além de alimentar as minhas esperanças sobre sua volta para casa.

Ele fez uma promessa e vai cumpri-la, então eu vou fazer a minha parte também.

Revivi toda a nossa horta com cenouras das mais bem cuidadas, elas pareciam crescer bem mais bonitas e o jardim parecia mais verde.

Borboletas, besouros e pássaros brincavam pela plantação, espalhando mais cor e vida em meio àquele verde e laranja. Borboletas com asas da mesma cor dos olhos de Jungkook pousavam em meu nariz de forma graciosa, elas me faziam rir e me lembrar dele, é como se elas gostassem de me divertir. Quanto mais eu sorria, mais elas vinham pousar em meu corpo.

Mais um longo ano sem notícias do Jungkook se passou, finalmente chegando em setembro de 1945, o ano que foi informado, oficialmente, o fim da segunda guerra.

Diário de Bordo - jjk & pjmOnde histórias criam vida. Descubra agora