Depois do coma

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   -Luci! Não me deixa aqui! Por favor, eu não sei voltar para casa! Luci!- esses gritos me assombram sempre que fecho os olhos. Nunca soube se depois daquele dia ele continuava vivo, afinal, eu  o deixara baleado e abandonado em um  lugar praticamente deserto, mas era isso ou ele certamente me mataria.

      Me livrei desses pensamentos e voltei a dormir, foi uma noite inquieta.

     No dia seguinte,  visitei Úrsula no hospital, ela continuava em coma, uma vez me propuseram eutanásia econômica, mas não tem um mês que ela está desacordada.

    Antes que eu pudesse aceitar a proposta, ela deu sinais de estar saindo do coma, E isso foi ótimo. Sinto muito a falta de Úrsula, do seu sorriso e do jeito que ela me irritava quando eu estava quando eu estava lendo. Lembrar disso me faz sorrir.

-Lu?- Quando olhei vi Úrsula tentando levantar, ainda de olhos fechados.- Lu, ele ainda está atrás de você, melhor você fugir.- ela disse isso me encarando com aqueles grandes olhos cinzentos.

- Não se preocupe mais com isso, okay? Estamos salvas agora.- tentei acalmar mais a mim mesma que a ela.

- Há quanto tempo eu estou assim?

-Há quase um mês!- digo ainda surpresa por ter sido tanto tempo.- Eles acharam que você estava morta, sugeriram desligar os aparelhos e autorizar a eutanásia. Eu já estava ficando sem esperança e sem dinheiro para manter você viva nesse período. Eu quase te matei...- desmoronei ao dizer isso.- Me desculpe- lagrimas começam a rolar pelo meu rosto.

-Tudo bem Luci, você não me matou, você me salvou não deixando eles desligarem os aparelhos.- ela me abraça.

-Senti muito a sua falta, cara, minha comida é horrível- digo rindo e abraçando-a de volta.

-Até imagino, você cozinha muito mal mesmo.

Rimos juntas.   

Tudo por amorOnde histórias criam vida. Descubra agora