SEU MAL HABITA EM MIM

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CAPÍTULO ÚNICO.

"A Totalidade do Universo em Movimento".

Sua cabeça doía muito quando despertou. Uma dor com queimação no estômago, trouxe lhe a memória o motivo de esta naquele lugar triste. Lágrimas mornas lavaram o rosto, por saber que ainda era pertencente a esse mundo inóspito. O gosto de remédio ainda era bem presente na boca, misturando ao sabor salgado das lágrimas que procuravam passagem entre os grossos lábios, pálidos e rachados. Até inspirar doía. Um desconfortante cano descia pelas narinas ao esôfago, ânsia de vômito era constante quando sentia aquele objeto introduzido dentro de si. Nos braços, cateteres invadia sua privacidade corporal. Tentou mover o braço com dificuldade, uma máquina apitou ao lado entregando sua presença sóbria. Isso a irritou, se tivesse força teria derrubado o equipamento delator. Logo uma senhora vestindo branco adentrar o recinto às pressas, abriu um grande sorriso com olhos esbugalhados.

— Ai meu Deus, que coisa incrível — disse a senhora, batendo as palmas das mãos.

A menina apenas virou a cabeça para observar as rugas da mulher, melhor.

— Sou a enfermeira, Maria — afirmou com empolgação. — Como está se sentido? Consegue falar?

— Com dor na barriga — os lábios cortados arderam.

— Você passou por procedimento de lavagem do estômago. Qual o nível da dor de 0 a 10?

— Sete.

— Qual é seu nome? Que dia é hoje? — Maria perguntou, como parte do teste clínico.

A garota ficou quieta, não lembrava o dia, talvez uma sexta.

— Lembra o porquê está aqui? Sabe o que aconteceu?

Lembrava bem da sua tentativa de suicídio fracassada da noite anterior. Recusou-se comentar sobre o assunto.

— Você estava em coma, a dois dias. Hoje é domingo — Maria fala um pouco ressentida.

— Quero sentar.

Sua cabeça latejou quando a mulher acendeu a luz. Apertando o botão que levantava a parte anterior da cama. Seu corpo estava dolorido e suas pernas dormentes, tentou mexer.

— Estou com sede — disse desviando o foco para janela travada do prédio.

Na verdade, não queria a presença de Maria ali.

— O meu bem, ainda não pode. Vou chamar o médico — A enfermeira saiu em passos rápidos e meio torto, para procurar o especialista.

A jovem se ajeitou na cama, os membros inferiores já haviam passado a dormência. A camisola azul, que usava do hospital coçava seu corpo. Em um único puxão, arrancou um metro e meio de sonda de dentro de si, ocasionado, náusea. No braço direito tirou o cateter da veia, por onde escorreu uma boa quantidade de sangue manchando o lençol branco, segurou o pequeno ferimento com a mão para o sangue estancar.

— Merda — sujou com um pouco de sangue a camisola, estava sem roupas íntimas por baixo.

Cambaleando, levantou-se da cama com dificuldade. Sentiu-se tonta. Apoiando nas paredes saindo do quarto, indo direto para o elevado. O choro reprimido continuava marca seu rosto deprimido. Apertou o botão do último andar diversas vezes com agressividade, desejando que ninguém aparecesse.

O elevado soou, sétimo andar.

Agora nada iria para lá, deveria acabar com aquela dor na alma. Procurou a escada que dava para o terraço. Achou. Subindo se deparou com uma porta destrancada de metal que tinha uma janela de vidro. Vislumbro, não viu ninguém. Ótimo precisaria de um tempo para refletir e se despedir de tudo.

JUJUBAS SÃO MAIS DOCE  (CONTO)Onde histórias criam vida. Descubra agora