Naquela madrugada gelada em mais um inverno rigoroso no Maine, uma mulher apelidada outrora de "rainha má" se encontrava encolhida, abraçando seus próprios joelhos. Robin havia morrido e a culpa era inteiramente dela, bom, pelo menos era o que a Mills mais nova julgava. Não importava quem fosse tentar convence-la do contrário, ela sempre se culparia e seu coração se partiria em minúsculos pedaços por incontáveis e repetidas vezes. Por que ela não poderia ser feliz assim como todos daquela maldita cidade? Era tão difícil alguém fazê-la sentir o friozinho gostoso em sua barriga e trazer de volta a inquietude das milhões de borboletas que costumavam habitar seu estômago? Quem poderia amá-la outra vez? Quem poderia nutrir alguma espécie de sentimento pela morena e colocar seu amor à prova?
Regina sabia bem da resposta, mas não iria fazer um dos encantados provar o sabor amargo da infelicidade. Não quando todos que a mulher amava se foram, não quando teria de contaminar Emma. Não deixaria que ninguém fizesse o mesmo que fizeram com ela em um passado distante. Regina era apenas uma garota sonhadora, sem nenhuma malícia, com o verdadeiro desejo de alcançar sua felicidade, até sua mãe destruir seu coração e reduzi-lo a puro pó e fel. Apertou-se mais contra o corpo. Não era a favor da auto-mutilação, mas recentemente andou pensando a respeito de se auto-sabotar por algumas vezes, afinal, a morena não fazia parte da felicidade de ninguém por lá. Era uma completa estranha em sua própria cidade.
Alisou os braços, estava com frio, mas nada fez. Não tinha alguém para esquentá-la e muito menos ânimo de se levantar e sair à procura de alguma manta que substituísse o calor humano. Voltou a abaixar a cabeça e soltou um suspiro involuntário, já havia reproduzido o ato todas as vezes em que precisava manter o controle de seus próprios demônios internos. Inclinou a cabeça para trás, fechou os olhos e simplesmente se recolheu junto a si própria, sua única companhia. Mills precisava encontrar o seu "eu" novamente e precisava de ajuda. Ouviu passos pelo corredor de seu quarto e se assustou, mas permaneceu imóvel e trêmula pela invasão tão silenciosa.
— Você precisa de mim. — O ser pálido murmurou com um sorriso de canto e se aproximou da frágil criatura estática em sua frente. — O gato comeu a sua língua, senhorita? — Ela sorriu sem mostrar os dentes, esticando os finos lábios cobertos pelo batom vermelho.
Mills se sentiu desconfortável e temerosa, mas não desviou os olhos das orbes verdes por nenhum segundo sequer.
A salvadora havia se colocado na posição de dark one, uma vez que seria bem mais fácil justificar uma recaída para as trevas depois que colocasse seu plano em prática.
Não era de hoje que mesmo estando com Killian, percebia o desejo, o ciúme e a empatia mútua que ambas nutriam uma pela outra, e, naquele momento, Emma deixou bem claro que não era tão valente como demonstrava. Mas isso não a impediu de se abaixar e erguer Regina em seus braços.— Você está com frio, não está? — Emma colocou a morena na cama, "aonde já se viu estar sentada no chão com tão poucas roupas a essa hora da madrugada?" a dark one pensou consigo mesma, mas não disse nada. Esperava que Regina a fosse responder, mas ela não o fez. — Eu preciso que fale comigo, você sabe disso, não sabe..?
Mills piscou por algumas vezes e encolheu os ombros, estava com medo, achava que a mulher não sentia o mesmo por ela, ou quem sabe até fosse capaz de machucar-lhe. A salvadora tocou a pele macia da mais velha e passeou com os dedos pela extensão do antebraço em uma carícia calculada, fato este que fez com que os pêlinhos da mais rainha se eriçassem na mesma hora.
— Em-ma.. — Ela sibilou, fazendo menção de se mover mas nada fez. Sua respiração estava acelerada e o nervosismo subiu seu cérebro, impedindo-a de tomar qualquer decisão coerente. Emma por sua vez, soube bem com o que aquele chamado se parecia. Com um gemido. Um gemido muito delicioso para seus ouvidos.
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Choose me. (One shot)
RomanceQuando há uma linha tênue entre o certo e o errado, cabe a Regina permitir-se ou não ser consolada pela Salvadora e descobrir se estar nos braços de Emma é tão bom quanto sonhou.