Ringue aberto

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Arco III: "Cravos vermelhos"

Dia 20 de Novembro.

Hyunjoon acordou cedo e com um vazio dentro de si. Ele se colocou a pensar e decidiu que só levantaria da cama para iniciar seu dia quando formulasse uma resposta para si mesmo sobre todo aquele mal entendido do dia anterior. E juntando alguns pontos, talvez não tivesse sido um mal entendido: Hyunjae era um patinador de muitos holofotes, de muitas medalhas e de muitos métodos. Era mais velho e mais experiente que Hwall, não só pela idade, mas por ter passado bem mais tempo competindo.

Eles nunca conversaram sobre os segredos que cada um guardava, nem sobre o que cada um chegaria a fazer por uma classificação.

Hyunjoon abafou o choro com o travesseiro, temendo que acordasse Haknyeon de seu sono angelical. De fato, o garoto queria sumir da face da terra para que nenhuma alma viva conseguisse ver a vergonha que estava estampada ali na sua cara. Agora ele acreditava que Hyunjae se aproveitara de seus sentimentos para que o sabotasse emocionalmente, e o deixasse, no dia da competição, exatamente como estava: contrariado, debilitado, magoado.

"Nada pessoal" pensou Hwall "isso foi apenas pela classificatória", mas apesar da conclusão, ele não saberia dizer o que o magoaria menos, essa possibilidade ou qualquer outra. Ainda assim, resolveu que naquele dia, evitaria o contato com o trio de ouro e, ainda mais especificamente com o patinador que o magoou.

Após um momento prolongado se lamentando sob o travesseiro branco, Hyunjoon parou para se avaliar. Aquela dor parecia sem qualquer esperança, como a dor que sentiu no peito ao se deparar com a possibilidade de nunca mais patinar. Entretanto ele estava inteiro, ali deitado, suas pernas, braços, torso, cabeça, tudo ainda funcionava como deveria. E as antigas injúrias foram concertadas: Hyunjoon estava farto de estar deitado, imaginando o mundo finalmente conspirando ao seu favor. Ainda mais agora que possuia uma chance válida para mostrar a todos quem era ele e o que ele fazia de melhor.

Aos poucos, o lamento se transformou em raiva e Hyunjoon desejou não cruzar com Hyunjae tão cedo em seu caminho.

Levantou-se, apático, e assim que o fez, Sunwoo abriu ligeiramente a porta do dormitório, espiando quem ainda dormia ali. Haknyeon acordou com a ação do mais novo e estampou um daqueles belos sorrisos.

– Vim nos desejar "boa sorte" – Sunwoo entrou no dormitório e exibiu uma sacola de comida que carregava: era ramen. O olhar de Haknyeon brilhou ainda mais – hoje pode né?

– Claro que sim! – Hak Respondeu, ainda deitado e puxando Sunwoo para sua cama. Ele fechou a porta, deixou o "café da manhã" na mesinha ao lado e cedeu à insistência de Haknyeon, caindo por cima dele e o enchendo de beijos, enquanto se aconchegavam nos cobertores.

Hyunjoon, que já tinha se levantado, tentou ignorar o adorável momento e se colocou para o banheiro para, por fim, iniciar sua rotina. Quando se olhou no espelho, viu seu rosto pálido um tanto inchado e desejou, também como uma breve conclusão, que sua mãe estivesse ali com ele para que o fizesse um chá e o consolasse.

O jovem, quando saiu, deixou os pombinhos comendo ramen no chão do dormitório e foi tomar café da manhã, ainda seguindo a dieta, e sozinho. Ele aproveitou que era cedo e comeu em paz, pois sabia que o Lee só apareceria com seus dois amigos apenas mais tarde na manhã.

Depois da refeição, Hwall foi ao encontro de sua treinadora, com quem conversou durante a manhã inteira e durante o almoço. Eles debateram sobre os saltos dos outros patinadores (por mais que ela não gostasse muito desse assunto e preferisse que o seu orientando focasse apenas em si mesmo), mas apenas chegaram na conclusão de que Hyunjoon estava salvo, pois havia feito por onde.

The Boyz ! On IceOnde histórias criam vida. Descubra agora