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Velha alma, suas feridas estão à mostra.
Eu sei que você nunca se sentiu tão sozinho antes

James tinha apenas vinte e três anos quando perdeu tudo

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James tinha apenas vinte e três anos quando perdeu tudo.

Sempre fora um rapaz enérgico, de personalidade contagiante e extrovertida, do tipo que esbanja tanta felicidade que chega a ser irritante. Com apoio dos pais e da irmã mais velha, cresceu rodeado de amor em um ambiente acolhedor. Aos doze anos, quando revelou detestar futebol e preferir balé, não precisou enfrentar represálias ou preconceito da parte dos progenitores, apenas apoio incondicional desde os primórdios do que seria sua carreira. O pai dispôs-se a pagar o curso de dança a despeito de todos os comentários machistas cuspidos sobre ele em relação a criação do filho, aguentando tudo sozinho para que os xingamentos jamais chegassem aos ouvidos da criança.

Aos quinze anos, James experimentou o preconceito do qual seus pais tanto tentavam resguardá-lo. Na escola, alguns colegas de classe começaram com pequenas brincadeiras, evoluindo para bullying — chiclete no cabelo, livros rasgados, sapatos jogados na lixeira e etc — até alcançar a violência física, onde apanhou para um grupo de quatro estudantes mais velhos por ser bichinha. Na época, estava descobrindo a sexualidade e a injúria lançada contra si só o fez reprimir-se ainda mais. Sua mãe tentou resolver o problema diplomaticamente, porém, quando ele chegou com o olho roxo e um dente quebrado por um “acidente”, a mulher, que era advogada, prometeu levantar um processo contra a escola e os pais dos alunos envolvidos e quando a polícia foi envolvida, os ataques cessaram.

James sentia-se inútil àquela altura, ficando deprimido por não ser forte o suficiente para defender a si mesmo.

— Não pense assim, querido — a mãe tentava consolá-lo em uma certa noite, após ter contado sobre suas inseguranças. — Somos seus pais, é nosso dever cuidar de você e de sua irmã.

— Mas... Não quero dar trabalho para vocês...

Ela apenas riu soprado, acariciando seus cabelos enquanto este descansava sobre suas pernas.

— Pare com isso. Eu quero que você me dê trabalho, satisfaz meu ego materno.

— Mamãe!

Riram juntos, um acordo silente de que tudo ficaria bem.

Com muito custo, seus pais conseguiram arrancar os maus pensamentos do adolescente até revivê-lo para ser o garoto elétrico que sempre foi. Dedicou-se ainda mais ao curso de dança, tentando recompensá-los de alguma forma e aos dezesseis, obteve destaque na academia ao ser escalado para uma apresentação em conjunto com uma academia importante em Londres. Agarrando-se à oportunidade, tratou de impressionar os olheiros que estariam na apresentação e após esta, conseguiu um convite para uma escola de danças mistas, onde ensinavam jazz, dança contemporânea e hip hop, além do balé. Conseguiu a aprovação antes do início do semestre e imediatamente, mudou-se com a irmã, Dona, para Londres, iniciando outra etapa de uma vida que até então, só encontrou subidas.

Perdido em vocêOnde histórias criam vida. Descubra agora