Tentando se adaptar

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 Ao som de alguma música qualquer que tocava no enorme rádio metálico, o quarteto estava reunido na sala da casa do Baekhyun o esperando terminar a melecada que ele aprontava, enquanto o mesmo fumava como sempre, tinham ido para lá pra planejar o que fariam e por sorte o pai do Baekhyun ficaria fora da cidade uns dias e Sehun poderia passar um tempo ali, Chanyeol estava olhando o cubo mágico entediado e Minseok mexia em seus cachos enquanto encarava a janela pensativo, Sehun por sua vez ficava olhando com curiosidade aquele rádio e perguntando-se como eles faziam tantas coisas sem a ajuda de um celular. Logo o maior voltou com um pote de sorvete redondo e uma espátula de mexer panqueca, o trio se entreolhou e ele sorriu com o cigarro entre os lábios.

— Skincare. — disse.

— E homens por acaso faziam isso no seu tempo? — Sehun perguntou e Baekhyun começou a enlamear todo o rosto dele com aquela coisa verde que tinha cheiro de comida.

— Me chamando de velho moleque? — o olhou confuso e o menor o olhou sério. — Não é porquê cheguei aqui com 17 e agora tô com 30 que sou velho.

Os três o olharam surpreso, não parecia ter envelhecido, então no mesmo instante começaram a enlamear o rosto também, queriam permanecer jovens. Sehun por alguma razão estava desconfiado, tinha algo a mais que ele não contou. Depois de passarem aquilo no rosto, Baekhyun levou o pote vazio pra pia e voltou fumando ajeitando seu mullet e olhando para Sehun, como se quisesse dizer algo a ele mas não o fez apenas indicando o armário.

— Meu pai guarda os pesos no porão e tem uns livros no meu quarto. — disse e Chanyeol sorriu todo bobo correndo para o porão, enquanto Minseok corria para o quarto empolgado, tragou o cigarro e assoprou a fumaça voltando a olhar para o Oh. — O que quer saber?

— Por quê não falou pra eles?

— Porquê não quero voltar pra lá. — respondeu e sentou olhando para a lareira. — É melhor que saibam pouco, e por sua culpa sabem que tenho 30.

— Nem parece. — respondeu sorrindo mas o mesmo apenas o fuzilou e ele desfez o sorriso. — Mas então você veio nos anos...

— Cheguei em 63. — olhou para baixo limpando a cinza que caia em sua roupa. — Um bando de hippies e velhos conservadores, tinham tantas kombis por aqui, tudo colorido e o prefeito quase surtando com a bagunça. — riu ao lembrar daquilo. — Como eu apareci do nada os caras achavam que eu era uma alucinação ou um alienígena, daí saí andando e o meu pai me achou e me adotou.

— Assim como a Sra. Jimm.

— É, aí virei amigo do filho dela que tinha uns 15 anos e nos tornamos melhores amigos. — tragou de novo e voltou a ficar sombrio.

Estranhamente Sehun conseguia sentir algo mesmo que Baekhyun não transparecesse, sentia a angústia, a nostalgia, a saudade e a dor que sempre o perseguia do terror que viveu no futuro.

— Até que ele decidiu ir pra cidade aos 21, e eu fiquei por trauma da cidade grande. — semicerrou os olhos, os sentimentos estavam mais intensos a ponto do Sehun querer chorar, sentindo um nó na garganta. — E então ele me deixou. — olhou para o maior e percebeu o que estava acontecendo. — Você também está sentindo, não é? O que eu estou sentindo, assim como quando estávamos na hamburgueria.

— Dor, nostalgia e saudade? — concordou com a cabeça.

— Sabe por quê não mudei desde 63? Porquê descobri que eu não envelheço, e você aparentemente tem um poder também, de sentir o que o outro sente. — disse e deu um sorriso misterioso para o maior, agora ele sentia-se confuso com vários sentimentos que passavam por si. — Agora está confuso pelo excesso de informações. — riu baixo. — Aparentemente só nós dois temos isso, já que somos viajantes do tempo.

Sem querer, caí nos anos 80Onde histórias criam vida. Descubra agora