Eternal Summer

Antes do último verão

As luzes do meu quarto estavam apagadas e apenas piscavam as pequenas lâmpadas que tinha pendurado na janela, junto às cortinas.

Remexi uma última vez na minha mochila da escola para verificar que tinho tudo, guardei o horário na bolsa da frente, fechei-a e deixei a mala no canto entre a secretária e a porta do quarto. Agarrei a maçaneta, ia já ia a rodá-la e sair, quando recuei devagarinho, fechei de novo suavemente a porta e sentei-me na cadeira em frente à secretária. Abri uma das gavetas que disponibilizava ao lado quando um pensamento aterrador me predominou: alguém estava contra mim, alguém sabia de algo que podia usar contra mim, alguém simplesmente podia aparecer a qualquer momento, por qualquer meio e deixar-me naquele estado, naquele horrível estado que eu tanto tentei controlar. Acalmei-me e pensei "não chores por quem não merece; uma parte de ti sempre estará contigo", deitei-me na minha cama e adormeci, um pouco constrangida pelo que tinha acontecido antes do último verão. Só me conseguia lembrar de tudo de horrível que me tinha acontecido e de ser fraca. Eu dei o meu melhor, mas isso não bastou; talvez me tivesse tornado melhor pessoa do que antes era... Já há dois verões que aguento o meu grande problema, soltando as lágrimas em momentos simples e mais pequenos, tentando evitar a grande acumulação de remorsos e tristezas, porque sou eu que sofro sempre com isso. Mas o grande problema não são as lágrimas, mas sim a raiva que me possui quando alguém não me compreende porque eu sou incompreensível.

Tudo o que quero é encontrar alguém que me compreenda.