Início de Um Sonho

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Síndrome de Florença
•Capítulo único•
Flokin_de_neve
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"Eu caí numa espécie de êxtase ao pensar na ideia de estar em Florença, próximo aos grandes homens cujos túmulos eu tinha visto. Absorto na contemplação da beleza sublime… Cheguei ao ponto em que uma pessoa enfrenta sensações celestiais… Tudo falava tão vividamente à minha alma… Ah, se eu tão-somente pudesse esquecer. Eu senti palpitações no coração, o que em Berlim chamam de 'nervos'. A vida foi sugada de mim. Eu caminhava com medo de cair." - livro Roma, Nápoles e Florença, 1817, por Stendhal.
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Byun Baekhyun ama a arte.

Sempre foi o seu refúgio do mundo real. A escrita, a música, as peças de teatro… ah, era um mundo imenso a ser revirado e explorado. Sentido de todas as formas possíveis.

Entretanto, Baekhyun tinha um apreço maior pelos quadros e desenhos, era fascinante a forma como depois de algumas centenas de pinceladas e mais alguns pares de horas (ou até anos para os Leonardos de plantão) conseguiam formar algo esplêndido e repleto das mais variadas leituras. Renascimento, Iluminismo, Barroco, Realismo… eram tantas eras, cada uma com sua particularidade que sem dúvida encanta até o mais ignorante dos homens. 

Baekhyun nem sempre foi assim. Quando era mais jovem preferia ficar preso com a cara em videogames e sites um pouco duvidosos, a saber sobre a vida e a arte (o que era um comportamento normal para um adolescente afinal). 

Ele Lembra como se fosse ontem, de quando foi passar duas semanas no sítio da avó nas férias de verão, se lembra de como ficou irritadíssimo quando descobriu que não havia sinal, nem ao menos uma TV. Toda essa irritação durou até encontrar um celeiro abandonado, onde descobriu ser o ateliê de seu falecido avô.

O jovem Byun se encantou na mesma hora. No final da tarde do mesmo dia, descobriu que uma das paixões da vovó Byun era a pintura. E então duas semanas se tornaram três e depois quatro, cinco. Quando voltou pra casa faltavam apenas duas semanas para o início das aulas e já tinha em mente o que faria pelo resto da vida (sem contar um pequeno romance de verão com um garoto da região, com o qual descobriu sua sexualidade, mas, bem, isso era outra história).

Baekhyun tinha um amor secreto pelas obras do romantismo, as cores e as técnicas de pintura o encantavam, em seus pensamentos mais profundos imaginava-se em uma sacada, ouvindo algum poema de amor feito especialmente para si pela sua alma gêmea (Se Sehun soubesse que pensava isso seria zoado por toda sua vida).
Ah… sua alma gêmea.

Sonhava acordado quando via a tatuagem de seus amigos e familiares, imaginando quando sua hora chegaria. Quando finalmente conheceria aquela  pessoa especial, que poderia compartilhar tardes silenciosas de leitura, um filme cult qualquer ao início da noite e manhãs repletas de sorrisos preguiçosos e dizeres sonolentos que fariam cada tijolo das paredes altas de seu quarto vibrarem em pura energia sublime.

Sempre se perguntou como seria a sensação, a emoção de olhar para sua alma gêmea e… bem, saber que ela é sua alma gêmea. Sempre que perguntava sobre, recebia respostas diferentes. Para alguns era como uma descarga elétrica, que o deixaria atordoado por dias, além da queimação de quando a tatuagem se forma (uma queimação estranhamente boa? pelo que alguns descreviam); já para outros era quase imperceptível, como uma suave sensação ou um leve arrepio. 
Não fazia ideia de como seria, porém esperava o momento ansiosamente. Baekhyun era um romântico de carteirinha, não o julguem. 

Tinha seus recém feitos trinta e seis anos, sinceramente gostava da sua vida, da sua rotina. Tinha realizado um sonho de jovem há nove anos atrás, quando se mudou para Florença e ingressou na universidade local, através de uma bolsa que conseguiu com muito esforço. Hoje em dia já morava na cidade definitivamente, e mesmo que ainda doesse deixar sua família tão longe, era seu sonho e não deixaria a oportunidade passar.
Definitivamente ser um coreano em um país tão diferente para si como a Itália não foi algo fácil, mas felizmente em seu primeiro dia de aula fez amizade com Sehun, também coreano e por coincidência, estava no mesmo voo que o seu, apesar de não terem se visto. Eventualmente Sehun virou alguém até que bem popular na Universidade (parte disso se deve ao fato de que sua mãe, por já ter morado na Itália por anos, tinha o Italiano como segunda língua, logo Sehun não tinha um sotaque tão evidente quanto o seu, que infelizmente espantava alguns) e graças a isso Baekhyun conheceu mais pessoas, já que era bem tímido e nunca daria o primeiro passo.

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