Lady Emília e Sophie foram acolhidas por Leonardo com certo galanteio, que fez questão de arrastar as cadeiras da mesa para que as primas pudessem se sentar. Sebastian Diamandis e Robert fizeram o mesmo por Laurel, Lucília, Lili e Beatriz. Quando todas as moças, enfim, se encontravam aconchegadas nas cadeiras acolchoadas, com ilustrações de flores pintadas a mão com tamanha delicadeza, os primos trocaram olhares curiosos, cada um em seu canto da mesa, deixando seus olhos atravessarem montes e mais montes de comidas, bebidas e se encontrarem num infinito particular que ninguém sabia explicar onde se encontrava.
Haviam bolos, bolachas, doces, biscoitos de polvilho, frutas frescas e suco de maracujá recém produzido, com o cheiro da polpa da fruta atravessando nas narinas e colorindo os pensamentos dos presentes. Um banquete digno da realeza, por se dizer. Leonardo havia ficado ligeiramente calado, meio intimidado pela presença inabalável, confiante e divina de Sebastian. O primo era todo sorrisos, com um carisma acima do normal para qualquer pessoa que havia conhecido em sua vida. Seu cheiro era mais forte que o de qualquer comida saborosa, entorpecendo os sentimentos de Leo desde o instante em que trocaram o primeiro aperto de mãos. Era doce, suave, apaixonante, viciante e quase religioso. Liliana podia dizer que uma boa representação dos pecados da luxúria e da vaidade era a imagem perfeita de Sebastian Diamandis. Laurel enxergou nele o herói romântico e galanteador que tanto lia nos livros de sua época, pronto para sacrificar tudo que tivesse em troca de um grande amor. Já Lucília só o via com uma premissa direta e eminente: um partido perfeito para seu casamento e ascensão social, novamente, após a queda de sua família.
Leo não podia evitar olhar o primo com olhos curiosos, de momentos em momentos, quando ninguém mais percebia sua admiração. Seu sorriso era tão... inexplicável... E ele fazia questão de sorrir para tudo e para todos, sabe-se lá se por ser seu jeito, extremamente galanteador, ou por ser educado demais para deixar que alguém se sinta constrangido por fazer uma piada sem graça — como Robert e Beatriz faziam, frequentemente. Sophie estava tão apagada pela presença de Sebastian, que Leonardo chegava a sentir a consciência pesar por dar tanto destaque para um e ignorar aquela que poderia vir a se tornar sua esposa no futuro. Não que ele não tenha enxergado beleza na moça, muito pelo contrário, a prima era delicada como uma rosa, parecia ter sido desenhada por Deus nos seus momentos de maior inspiração, após se regrar de prazeres indescritíveis e usar de toda energia recebida pela degustação para a criação de uma senhoria tão formosa e bela, todavia, nada podia se comparar com o Sebastian, nem a mais bela das moças. Seja ela Eva, Helena de Tróia, Lilith ou Afrodite.... E isso deixava Leonardo levemente assustado e exageradamente confuso. Não entendia o porquê de ter tantos olhares interessados para Sebastian, como nunca havia tido antes em vida, mas nem um sequer para Sophie. Não conseguia entender a extensão de seu desejo, seu anseio, do que desejava para com o primo e do que queria para com a prima. Era estranho. Assustava.
— O português de vocês é perfeito, prima Emília — Lucília disse, com um sorriso amigável, enquanto segurava uma taça de suco com uma das mãos. — Quase não há resquícios de sotaque.
— Confesso que fiquei decepcionada — Laureline interveio, sorridente, enquanto limpava o rosto com guardanapo — Soube do charme que há no sotaque inglês — Sebastian riu baixinho, deixando as covinhas marcadas sobre o rosto rosado.
— Mamãe sempre fez questão que o português fosse nossa segunda língua — Sebastian interveio, segurando uma taça de vinho com delicadeza entre os dedos. Sua voz era confiante e recheada de charme. Leo não pôde evitar encarar o rosto do primo mais uma vez, observando suas sobrancelhas grossas e extremamente bem desenhadas, um protótipo de barba que surgia deixando o rapaz com uma aparência mais madura, e a clavícula marcada sob a camisa branca de cetim.
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Sangue Latino
Romantik⠀⠀ROMANCE/DRAMA|GAY⠀⠀⠀ ⠀⠀⠀⠀Brasil, 1913. ⠀⠀⠀⠀Desde a vergonhosa queda da monarquia e ascensão prodigiosa da nova política, a família Compagnia vem tentando se reerguer, tendo em vista a obsolescência total de seu baronato na república. A última espe...