Prólogo

1.4K 106 77
                                    

POV Josie


— Mentiroso, mas que filho de uma puta, desgraçado!

Devo ter acordado toda a vizinhança com o meu ódio matinal. E quer saber? Eu não me importo. Que chamem a polícia, o corpo de bombeiros e até mesmo a carrocinha! Ninguém vai me segurar, eu vou destruir a vida desse homem.

— Amiga, grita mais alto que não devem ter te escutado naquele bairro — Penélope  aponta o indicador para fora da janela e prende o riso.

Seguro o envelope com força a ponto de rasgá-lo. A segunda-feira começou ótima: estou cega de raiva, com vontade de derrubar tudo o que vejo pela frente e usar o meu réu primário.

— Como ele conseguiu me enganar todo esse tempo? — Mordo o lábio inferior com força e encaro minha amiga.

Ela instantaneamente para de rir e se compadece do meu estado. Olha-me quase de modo maternal, se aproxima devagar e pousa as mãos em meus ombros.

Espero algo motivador e inspirador sair de sua boca. Ela sempre tem algo espirituoso a dizer e mais do que nunca eu preciso de uma palavra que me tire do fundo do poço, onde me encontro.

— Para de ser doida! — ela me sacode, como se fosse uma ventania passando por um milharal. Para completar o esculacho, me dá tapas na cara, para ver se recobro o juízo.

Recobro sim. E o ódio só cresce.

— Josie, meu anjo, olhe bem para você! — ela me arranca do lugar em que estou e me põe de frente para o espelho que fica ao lado da porta de entrada.

Encaro-me por um segundo: descabelada, olhos inchados e com ar de quem vai cometer um crime e por isso é bom que alguém já deixe a polícia de plantão.

— Olha! — ela insiste e me sacode. — Você é uma mulher de vinte e cinco anos, bem-sucedida, apaixonada pela vida. Sim, você encontrou o homem dos seus sonhos, o cara que te dava suspiros no colegial e teve um intenso caso com ele recentemente. Foi bom?

— Foi ótimo — choramingo.

— Pois é, meu amor, agora acorda! — ela volta a me sacudir e eu só vejo meu cabelo ficando a verdadeira passagem do furacão Katrina no reflexo. — Você pensou o quê? Que um dia ele ia te pedir em casamento?

Suspiro profundamente. Na verdade, sim, eu pensei que sim.

Rafael e eu tivemos um excelente final de semana. E quando digo excelente quero que fique registrado que fomos para um motel maravilhoso, estouramos um champanhe, bebemos até começar a dançar sem ouvir música alguma e transamos por deliciosos cinquenta... segundos. Tá, ele tem ejaculação precoce, tudo bem, acontece. Mas o cara sempre foi o Deus grego, desde que éramos adolescentes.

Moreno, olhos castanhos e porte atlético: o príncipe dos contos de fodas, meu sonho proibido.

Olho mais uma vez o envelope. Antes que num ataque de fúria comece a rasgá-lo, Penélope o arranca de minhas mãos e retira o convite de casamento de lá de dentro junto com uma carta escrita à mão.

Ela passa os olhos pelo convite, depois a carta. Lê rapidamente e sua expressão começa a ficar desconcertada.

— Puts, ele não fez isso.

— Desgraçado! — tapo os olhos e começo a pensar em diferentes formas de desovar um corpo.

— Ele não apenas te convidou para o casamento dele, como quer te contratar para fazer o buffet! Amiga, esse cara tem culhões.

— Ele tinha culhões — rosno e tomo o envelope das mãos dela. — Eu mesma irei arrancar! No dente!

— Que carnívora a minha amiga, depois me conta se essa dieta emagrece — debocha.

— Me diz, o que eu fiz de errado?

Penélope levanta a sobrancelha e me inquire com o olhar se eu quero mesmo que ela fique mais ou menos três horas dissertando toda a minha odisseia de erros com Rafael.

Não, eu não preciso disso agora.

— Aonde você vai, sua louca? Precisamos ir para a loja! — ela tenta me puxar pelo braço.

— Eu vou me preparar psicologicamente para ir a esse casamento.

— Você vai mesmo? Só um instantinho, vou ligar para um bom psiquiatra — ela se afasta e tira o celular do bolso. — Será que eles ainda usam camisa de força hoje em dia? — pergunta para si mesma.

— Eu vou destruir o casamento desse desgraçado! — rosno.

Notas finais

Eai gostaram?

Comentem e não se esqueçam de votar

Acompanhante- Hosie AUOnde histórias criam vida. Descubra agora