Capítulo 1

978 94 85
                                    

POV Josie


Ha dois anos Penélope, Lizzie e eu moramos em Miami, numa casa bastante espaçosa. Penélope e eu nos formamos em gastronomia e viemos para cá começar o nosso negócio de buffet para casamentos, formaturas e eventos no geral. Lizzie, cheia de simpatia e entusiasmo se juntou a nossa jornada e assim o pequeno negócio gastronômico se tornou uma pequena agência de eventos para todos os públicos. Não estamos ricas ainda, mas já podemos pagar o aluguel, hipoteca, as contas e mais algum karma que apareça durante o mês.

O karma da vez se chama Rafael White. O cara por quem eu sempre fui apaixonada, desde o colegial.

Eu sabia que tudo isso estava sendo fácil demais e esse conto de fadas me iludiu de verdade. Acreditei que o final feliz vinha, quando na verdade o que veio foi só o final. E nesse conto de fadas a princesa-trouxa acaba infeliz.

— Sai da cama! — Lizzie agarra o meu pé e me puxa. Há três dias ela quer porque quer me tirar da cama.

Uma mulher adulta não pode mais ficar três dias na cama ouvindo Evanescence até desidratar?

— Eu preciso de um tempo!

— Sabe o que você precisa, Jo? Parar de ouvir música para cortar os pulsos.

Agarro-me à cabeceira da cama de madeira, uma verdadeira raridade no meio das camas supermodernas e Lizzie não desiste em querer me arrancar do meu porto seguro.

— Penélope!!! — ela grita desesperada e não tarda até que a outra invada meu quarto, agarre o meu pé e comece a me puxar.

— Vocês vão quebrar a minha cama! — reclamo.

— Vai ser para o seu próprio bem, sai daí! — Lizzie finca as unhas no meu tornozelo.

Solto um grito de desespero e solto as mãos por reflexo e assim caímos nós três no chão. Penélope toda formal com camisa social e saia preta até o joelho, um salto no pé e o outro no corredor. Lizzie de cropped e calça jeans. E eu toda de moletom rosa, até parece que estou empacotada para a páscoa. Olhamos, enfurecidas, umas para as outras, prontas para nos matarmos. Mas aí começamos a rir feito três idiotas que somos e nos abraçamos.

— Amiga, estou tão preocupada com você — Lizzie segura a minha mão. — Você nunca foi assim. Você é cheia de vida, ilumina qualquer lugar por onde passa, te ver nesse estado me deixa triste...

Abaixo o rosto e suspiro. Nunca tinha parado para pensar que ela me enxergava de modo tão positivo. Amaciava meu coração saber que além de sócia, Lizzie me via como uma boa pessoa.

Por que Rafael não me via como uma boa pessoa? Ou a pessoa certa?

— Eu preciso de um tempo.

— Quanto tempo, amiga? As contas não se importam se você precisa de um tempo. Nem os eventos que precisamos fazer. Você é a nossa chef, ninguém lidera a cozinha igual você!

— Obrigada, Pez.

— Não é um elogio, sua vaca. É uma repreensão: se você não voltar e liderar, nós vamos perder uns contratos. Preciso ser direta contigo: eu prefiro deixar de atender nossos clientes do que fazer um serviço meia boca!

Concordo. Incrível como até nisso pensávamos igual.

Curioso como a vida é, não é? Desde que viemos morar em Miami e conseguimos alugar essa casa, mal tivemos tempo para ficar nela e apreciar o conforto, o ambiente, a paisagem... sequer conhecíamos nossos vizinhos!

Sempre saímos bem cedo para nossa loja/escritório e voltamos tarde. Do que adianta morar em um lugar super valorizado como esse e não aproveitar?

Acompanhante- Hosie AUOnde histórias criam vida. Descubra agora