Único

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Elas ficam assim por um longo tempo, o rosto de Felina escondido no ombro de Adora, Adora abraçando suavemente a cabeça da Felina. A loira toma cuidado para não abraçá-la com muita força ou fazê-la se sentir coibida, antecipando o momento em que Felina começará se afastar - mas ela não o faz. Ela se agarra tão forte que chega a doer, suas garras cravando nas costas e jaqueta de Adora, agarrando-a como fazia quando era apenas uma gatinha e não sabia o quanto suas garras poderiam machucar.  Adora tenta não estremecer, tenta não mover um único músculo, preocupada que, se o fizer, o encanto se quebre e Felina se afaste, horrorizada por ter demonstrado fraqueza.

Mas Felina não se afasta. E Adora também não.

Em algum momento, Cintilante e Arqueiro se afastam para lhes dar privacidade - Adora os vê vagamente entrando e saindo da sala, tendo conversas abafadas com Entrapta.  Finalmente, Arqueiro se aproxima e se agacha ao lado de Adora.

— Nós limpamos e tiramos algumas coisas da prisão, montamos uma cama — diz ele, o mais baixo possível — Você quer tentar levar Felina para lá?

Adora se encolhe um pouco para ele, aquilo era uma prisão - ela não quer que a gata se sinta uma prisioneira - mas também sabe que é mais ou menos o mesmo que todos os outros cômodos do navio, e é quente, escuro e privado... Felina ficará confortável lá.

Se Felina ouviu o garoto, ela não demonstra.  Adora acena levemente com a cabeça para Arqueiro, depois se move cautelosamente para mover as pernas que há muito adormeceram. 

— Ei, Felina? — ela sussurra, o mais gentilmente possível. A morena não responde ou se move.  Adora quase se pergunta se adormeceu, mas seu aperto na loira não diminuiu. Então ela tenta novamente. — Felina — ela inspira — Arqueiro e Cintilante arrumaram uma cama para você. Quer ir para lá descansar?

Por um longo momento, a felina não responde - então, finalmente, Adora sente seu aceno de cabeça na curva do pescoço. 

— Ok — sussurra a gata, abafada pelo tecido da jaqueta de Adora.  Mas ela ainda não se mexe, e seus braços ainda não relaxam. A loira dá um momento para ela e decide assumir o comando. 

— Eu vou carregá-la, tudo bem? — ela diz, passando a mão suavemente sobre a nuca de Felina, na tentativa de despertá-la.  A única resposta da morena é outro leve aceno de cabeça em seu ombro.

— Precisa de ajuda? — diz Arqueiro, mas Adora balança a cabeça.

— Eu a peguei — Cuidadosamente, ela move Felina nos braços, deslizando um braço atrás dos joelhos da gata e o outro ao redor das costas. Felina ainda não se afasta. Sua cabeça fica enterrada no ombro de Adora, como se fosse o lugar mais seguro do mundo.

Adora a levanta o mais gentilmente possível, balançando um pouco as pernas dormentes enquanto fica de pé. É mais difícil do que ela pensava - seus membros são enfraquecidos pela dor profunda e ardente que ela concluiu ser um efeito colateral dos poderes curativos de She-Ra.  Sua pele ficava inteira novamente e suas feridas desapareciam sem deixar rastros sempre que volta das batalhas mais duramente vencidas - mas ela sempre consegue sentir um fantasma sem graça dessas feridas pesando sobre seus ossos. Às vezes, acha que seria mais fácil se eles ficassem.

Arqueiro permanece por perto, pronto para ajudar, se necessário, mas Adora se firma de pé e agarra protetoramente a felina ao peito enquanto passa por ele.

O brigue é escuro, mas fracamente iluminado pelo brilho suave da tecnologia dos Primeiros pregada nas paredes.  É o menor espaço da nave, mas Adora acha que é uma coisa boa - é aconchegante, seguro. Ela abaixa Catra no colchão, seus músculos gritando, afastando Bow assim que a gata se deita na cama. Ele sai respeitosamente da sala e fecha a porta.

Don't Go • CatradoraOnde histórias criam vida. Descubra agora