Epílogo

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--- Depois, tive de ficar a ver Camila andar agarrada com Charles até ao final do ano, quando fomos para a faculdade. Eles viraram namorados e estavam sempre juntos nos corredores. Nunca mais falamos. Eu deixei de ser o garoto simpático que era e fiquei deprimido, comecei a beber um bocado demais e a ter de tomar pílulas para dormir, o que, acreditem em mim, não é uma boa combinação. Fui expulso do futebol e não sei como fui aceite na NYU. Tentei me relacionar com outras pessoas, mas nenhuma era como Camila, não as amava como amei a ela. Ela vai ser sempre o meu primeiro e único amor. Ainda sofro por ela e daria tudo para a ter de volta. Deixei de ser um garoto e passei a ser um homem, eu vi os meus erros, mudei e cresci. Com isto, quero que aprendam a ter cuidado com as coisas que fazem, por que podem perder tudo o que conquistaram por uma mentira, por mais pequena que seja. - enquanto falo abro os olhos que nem tinha percebido que havia fechado e ouço palmas.

Limpo algumas lágrimas dos olhos e vejo que a grande plateia agora se resume a adolescentes. Eles devem ter retirado as crianças ao perceber o sentido da história.

Rio da minha estupidez. Fui contar isto para crianças, sério? Sou mesmo idiota.

Começo a arrumar as minhas coisas. Coloco o banco que havia usado num canto e retiro o meu microfone de lapela.

Reparo que na multidão de adolescentes conversando se encontra uma menina, deve ter por volta de nove anos. Me pergunto o que ela está fazendo ali, sendo que já devia ter ido embora com os colegas.

Desço do palco indo em sua direção.

--- Ei, você se perdeu? - me coloco em um joelho na frente dela para ficar o mais parecido com a sua altura. Ela não me responde e se vira para trás olhando para a porta. Confuso, olho também.

Da porta, uma mulher com cabelos cor de carvão e olhos cor de mel entra. Ela usava calças jeans pretas e uma blusa branca. Estava diferente, mas eu a reconheceria em qualquer lugar. Minha doce Camila.

Espera, como assim Camila está aqui? Essa garota é filha dela?

Eu e ela ficamos nos encarando à distância, sem saber o que fazer. O meu peito aperta lembrando do que ela me falou anos atrás, lembrando da nossa história. Ela continua perfeita.

--- Camila? - pergunto sentindo o ar me faltar.

--- KJ... - ela suspira.

Ela vem correndo devagar, por conta dos seus saltos, até mim.

--- O que está fazendo... - sou cortado.

--- Cala a boca e me beije. - ela diz me surpreendendo.

O faço. A beijo sentindo suas mãos irem para a minha nuca e eu coloco minhas mãos na sua cintura, a apertando. Ela puxa meus cabelos e a sensação de nostalgia me invade.

Todo o meu estômago vira borboletas quando as nossas línguas se tocam, dançando uma música lenta e apaixonada. Nem a falta de oxigênio nos pode parar agora.

A aproximo de mim cada vez e passo os braços por sua cintura enquanto ela passa suas mãos para minha face. Acabamos por nos separar.

--- Camila eu... - ela me interrompe.

--- Eu te amo, KJ. - ela me dá um selinho. - Me desculpe por te fazer sofrer. Fique comigo para sempre.

--- Estou tão confuso.

--- Eu prometo explicar tudo, eu prometo. - ela segura minha face e eu faço o mesmo com a sua. - Agora apenas me abrace e prometa que vamos ficar juntos para sempre. - A aperto com força contra meu corpo, querendo ter a certeza de que ela é real. De que ela está mesmo aqui.

Ela está.

Ela voltou para mim.

--- Eu prometo que, no que depender de mim, ficaremos juntos para sempre. Me desculpa por ter sido um babaca com você. - digo inspirando o cheiro dos seus cabelos.

--- Não interessa agora. O que importa é que você está aqui comigo. - ela fala com a cabeça no meu peito e tenho a certeza que consegue ouvir meu coração batendo mil vezes a cada segundo.

--- Eu te amo tanto Camila. Eu nunca deixei de amar você.

--- Nem eu, meu amor, nem eu.

Passamos mais um tempo assim.

--- Então... - ela diz enquanto nos soltamos e limpamos lágrimas. Eu nem havia percebido que estava chorando. Eu sou tão cachorrinho dessa mulher. - Essa aqui é Lisa Mendes ,minha sobrinha. - ela me apresenta a garota morena de olhos azuis como o oceano.

--- Oi! - ela sorri. - Tia Cami fala muito sobre você, sabia?

--- Liz! - Cami repreende corando e eu rio.

--- E o que ela diz de mim? - me abaixo para ficar na altura da criança.

--- Ela está sempre dizendo que te ama e que se arrepende de ter ficado com o outro namorado dela lá. Eu também não gosto dele, ainda bem que ela lhe deu um pé na bunda. - rio da criança.

--- Liz, vá indo para o carro, ok? - Camila diz cada vez mais constrangida.

--- Eu não sei o caminho. - ela cruza os braços e, pelas lembranças que tenho, ela realmente se parece com Mishel.

--- Ei, Addy, venha aqui! - chamo uma das minhas amigas. Adelaide trabalha aqui no orfanato mais na parte da cantina, mas agora não está no seu turno.

--- Fala. - ela diz quando chega do nosso lado.

--- Leve essa menininha para o carro dela, por favor. - peço a Camila as chaves e ela entrega a Addy.

--- É um BMW preto. - Cami diz e eu sorrio.

--- Ok. - Addy diz. - Depois me apresenta a sua amiga, Apa. - assinto com a cabeça.

--- Por que está sorrindo como um idiota? - Cami pergunta.

--- Baixou o Cole para arranjar um BMW? - desatamos a rir. - Mas agora, você deu um pé na bunda no Charles?

--- Tentamos fazer durar. Mas eu não o amava. Eu tentava, mas ele não era você. Então me cansei de fingir que estava feliz naquele relaciomento tóxico. - ela fala.

--- Sabe o que lhe faria bem? - pergunto, passando o meu braço por seus ombros.

--- O quê? - ela pergunta de sobrancelha arqueada.

--- Um novo relaciomento com um homem moreno com pouco mais de 25 anos chamado Keneti James Fitzgerald Apa. - digo gesticulando com a outra mão e ela ri.

--- Acabamos de nos reencontrar, apressadinho.

--- Está rejeitando meu pedido? - me viro de frente para ela.

--- Nunca o faria. - ela me beija..

--- Agora - nos afasto - você vai me contar como encontrou e o quanto você ouviu da nossa história linda e desastrosa. - rimos.

Descobri que ela ouviu a história toda, pois se enganou no horário de vir buscar a sobrinha. Ela me atualizou das coisas da sua família e eu fiz o mesmo. Falamos de nossos amigos e de todos estes anos separados.

E assim foi o resto do meu dia dos namorados. Comigo, Camila e Liz conversando, comendo sorvete e nos divertindo.

Finalmente estou em paz.

Meu pequeno anjo voltou para mim.

LOVE SONGS ∣ kjmilaOnde histórias criam vida. Descubra agora