Sra Uchiha

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Kumogakure
4 anos depois

Yugito sempre foi alguém especial, alguém com quem ela poderia compartilhar toda sua tristeza, dor e solidão. Era estranho pensar em solidão quando ela não estava realmente sozinha, tinha um pai que a amava imensamente e uma mãe que orava por ela incansavelmente.

Entretanto, o vazio persistia em sua alma. Por quê eu nasci? Era uma das perguntas que mais fazia a si mesma, esperando em algum momento encontrar a resposta.

Provavelmente a pior sensação do mundo é não saber para quê e porquê estamos na terra, principalmente quando a única coisa que você conhece é a fome e a miséria.

Sakura apenas tinha oito anos quando descobriu que existiam pessoas que comiam três refeições diárias, aos nove anos ela descobriu que os ninjas eram os que tinham um melhor estilo de vida e que para se tornar um, era necessário se tornar um monstro. Bom, sobre os ninjas serem monstros foi Kizashi quem disse, em uma inútil tentativa de arrancada da cabecinha rosa a ideia de entrar na academia ninja.

ㅡ Ninjas são pessoas manipuláveis, eles fazem coisas ruins tentando fazer coisas boas.ㅡ ele explicava calmamente enquanto calçava mais um par de meias nos pequenos pés.ㅡ Escute, você ainda é muito nova para entender, mas acredite em mim quando digo que a forma em que o sistema shinobi busca a paz não é a correta. É impossível parar uma guerra com outra e é desumano ensinar crianças como você a matar.ㅡ  os dedos calejados acariciaram o rosto infantil com ternura, para um homem como o Haruno era fácil chorar sem importar o lugar, mas aquele dia ele não o fez, pois queria ter a firmeza necessária para mostrar a sua pequena filha a podridão do mundo ninja.ㅡ As pessoas tem uma ideia deturpada sobre a verdade, sobre a razão e principalmente sobre o amor. Desde pequenos nos ensinam a amar nossas terras mais que a nós mesmos, mais que a própria família. Ninjas são instruídos a fazer coisas horríveis sobre o pretexto de ser "Por um bem maior", e a maioria morre sem sequer saber qual era a causa real que o levava até um campo de guerra.

ㅡ Então como se para uma guerra?.ㅡ ela perguntou em sua inocência.

ㅡ Eu ainda não descobri, mas tenho certeza de que não é causando outra.ㅡ o mais velho respondeu sorrindo.ㅡ De onde eu venho fui chamado de covarde por me recusar a matar pessoas, me disseram que era fraco e que sequer merecia continuar vivendo. Por muito tempo acreditei naquelas palavras e até mesmo tentei seguir a tal causa que nunca nos foi devidamente apresentada, mas então, uma pessoa muito querida para mim se sacrificou para proteger todo um esquadrão e no final, esse mesmo esquadrão foi o motivo da ruina dele. Vi de perto o mesmo pais pelo qual ele lutava dar as costas para a família dele, um garotinho de apenas oito anos, foi então que eu percebi que não valia a pena. Não valia a pena abandonar tudo se no final a pessoa que mais desejamos proteger é quem vai acabar sofrendo.ㅡ a voz de repente saiu cansada.ㅡ Não me importo em carregar o nome de covarde se isso me mantém vivo para quidar de você e sua mãe, essa é a minha causa.

ㅡ E qual é a minha?.ㅡ sentiu certa ansiedade com a espera de uma resposta, mas tudo o que recebeu foi um singelo beijo na testa.

ㅡ Isso minha pequena, você tem que descobrir sozinha. A única coisa que eu peço é que nunca se esqueça que nenhuma vida vale mais que outra, todos temos um alguém para quem voltar. Alguém nos esperando.

Era até mesmo ridículo lembrar daquela conversa naquele momento, justamente quando estava fazendo tudo aquilo que seu pai tanto pediu para que não faça. Apoiando o sistema. Mas, ao mesmo tempo sentia que estava fazendo o certo, que sacrifícios devem ser feitos para poder alcançar a paz, era isso o que A lhe ensinara, era isso o que repetia uma e outra vez para tentar apagar a culpa em seu coração. Tendida em um fūton ao lado dela estava Yugito, os dedos trêmulos e finos se entrelaçaram com os dela em uma tentativa de encontrar a calma.

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