Sólo Yo

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Capítulo 1: Sólo Yo

Nos dois anos que havia decidido morar fora, nunca passara tanta vergonha! Ser babá, lavar pratos? Servir mesas? Estava arrependida inclusive de recusar a oferta para posar para a propaganda de lingerie. O uniforme que usava agora não era de todo ridículo! Aliás, não era nada ridículo. Era composto de uma camiseta justa e decotada branca, shorts de paetês dourados que combinavam com a gravata borboleta que mais parecia um chocker. Saltos eram obrigatórios, e está era a pior parte. Havia convencido o gerente a deixá-la usar um scarpin preto de salto baixo e bico fino, contudo aquele maldito pedaço de couro ainda era incômodo. Não, nada era ridículo, ela só parecia uma maldita coelha da playboy, não que ela alguma vez tivesse  tido dinheiro para fazer todas as intervenções cirúrgicas que elas faziam. Havia conseguido apenas corrigir o tamanho das suas duas garotas para que ficassem menos desproporcionais, era imensamente agradecida a quem quer que fosse que tenha inventado o silicone, apesar de não ter abusado muito dele! Em compensação, sua bunda mal cabia dentro dos shorts. Algum estudo deveria ser feito com as brasileiras, alguma mutação genética deveria ser responsável por toda aquela abundância.

Enquanto caminhava com a bandeja para servir os drinks, percebia os olhares que eram lançados em sua direção, e havia decidido ignorar à todos. Afinal, eram 50 dólares por hora, não podia perder a oportunidade, mesmo que quisesse matar a chilena que estava do outro lado do clube, servindo outras mesas.

Havia morado em Orlando, Los Angeles, Miami era sua terceira aposta. Dois meses após ter chego à cidade, conheceu aquela que se tornaria sua melhor amiga. Estavam hospedadas no mesmo hostel, e haviam alugado juntas um apartamento. Juntas, cuidavam uma da outra, não que ela precisasse muito de si, aquela garota sabia se virar, inclusive havia a convencido a trabalhar na boate assim que o amigo virara gerente.Enquanto via vislumbres dos cabelos negros e longos balançando, perguntava-se quantos já haviam caído nos encantos dos lindos olhos verdes da amiga aquela noite.

Foi quando o murmurinho começou. Mais um famoso havia chego. Eles não tinham outro lugar para ir? A movimentação das mulheres denunciou que provavelmente eram homens, no plural, seria impossível tantas jovens quase enfartando por apenas um homem, enquanto tentava avistar, sentiu um puxão.

_Cariño, agora venha cá! Estou mudando você para os camarotes, você vai servi-los lá em cima, certo? – Ruy falava num inglês rápido carregado de seu sotaque boliviano enquanto gesticulava sem parar e ela tentava entender o que ele queria dizer.

_Mas... eu vou ter que subir e descer escadas com drinks? – não tinha certeza se não derrubaria algumas bandejas.

_Bobinha! As vezes eu duvido mesmo que tenha um degree! Lá em cima tem um bar. Anda, anda, vá agora. – tentava manter a compostura enquanto sentia os vários anéis que o amigo carregava nos dedos a empurrando para subir as escadas.

Com cuidado, tentava subir as escadas sem deixar que as polpas de sua bunda ficassem completamente visíveis. Seus dedos se mexiam enquanto se dirigia ao bar e se colocava a disposição. Os barmen estavam visivelmente de mau humor enquanto empurravam drinks nas bandejas.

_Brasilenã, camarote 4, go.- o que aquele maldito italiano tinha de bonito, tinha de mal educado, pensava enquanto se dirigia ao camarote.

Tentando parecer completamente profissional tentava equilibrar a bandeja com tantos drinks em uma mão, o mais difícil era não dançar ao som da batida de Enrique Iglesias que tocava em níveis prejudiciais nas caixas de som espalhadas pelo ambiente. Ela definitivamente não havia superado o fato que no seu primeiro dia de trabalho ele havia ido até a boate e a feito agir como uma idiota. Ainda lembrava do sorriso enquanto dizia estar tudo bem meio flertando após ela esquecer de como se falava em inglês.

Perdida em pensamentos, chegou até o camarote 4. O mesmo estava cheio de jovens mulheres usando vestidos que provavelmente valiam mais de três meses de seus trabalhos juntos, sortudas. Colocou a bandeja em cima da mesa e começou a anunciar os drinks, enquanto dava as boas vindas ao "Jungle". Quando anunciou seu nome olhou para cima e encontrou três pares de olhos curiosos. Metade do CNCO estava na sua frente.

_Gracias Hermosa. – Richard Camacho havia dito que ela era bonita.

_Estou a disposição. – novamente, estava se esquecendo de como falar em inglês.

_ Nena, não prometa algo que não possa cumprir. –Christopher piscava e sorria enquanto levantava a cerveja em direção a sua linda e maravilhosa boca.

Com um aceno de cabeça retirou a bandeja da mesa e decidiu que tinha que sair daquele camarote o mais rápido possível. Zabdiel de Jesus acabara de olhar para ela e sorrir e ela podia jurar que mel suficiente para adoçar o sistema solar havia escorrido daquela boca. No caminho até o bar, havia sido interceptada.

_Me diga que ele é tão lindo quanto as fotos- como ela poderia ter perguntado isso se havia ido no show deles meses atrás?

_Você sabe! Você já viu o Richuk ao vivo! -sua amiga definitivamente estava maquinando algo.

_Vi ele a metros de distância! Quero ver ele bem de pertinho.- sorria maliciosa.

Antes que pudesse responder algo foi chamada ao bar. Cada mesa possuía um tablet nos quais os clientes fazia pedidos diretamente ao bar, enquanto as garçonetes e garçons levavam os pedidos até a mesa.

_Tequila e 4 copos no camarote 4. – teria que fazer papel de otaria de novo.

Enquanto caminhava até o camarote não conseguia deixar de rolar os olhos, a amiga estava em sua cola com a desculpa de ajudá-la caso precisasse, sabia que a ajuda que ofereceria seria sentar no colo do Richard.

Educadamente colocou os copos e a garrafa de José Cuervo em cima da mesa, serviu cada copo e sem dizer uma palavra , esperava escapar dali o mais rápido, mas enquanto virava de costas, a maldita e doce voz a chamou.

_Bonita? Onde você vai? Antes de tomar sua dose?- um dos copos já estava na sua mão e olhava de maneira desafiadora para ela.

_ No três? – ela pegou um dos copos e levantou a sobrancelha de maneira desafiadora.

_Três! -Richard gritou enquanto olhava de Christopher para você. O líquido descia rasgando por sua garganta e tinha o pressentimento que até o final da noite, Christopher desafiando à beber tequila e chamando de apelidos carinhosos seria a última das suas preocupações.

Nena, qué bonita te ves -Christopher VélezOnde histórias criam vida. Descubra agora