O Reino Mágico das Dinastias

Os Oliveira Barreto

               Completamente reservados, muito discretos e afastados do centro da cidade de Ariz, capital do estado de São Vicente, viviam os Oliveira Barreto. No alto da rua 28 de um condomínio de luxo, havia a casa mais bonita entre as outras, branca e cinza com três andares, um belo jardim e dois grandes homens muito bem vestidos que eram os seguranças daquela grandiosa casa. Não era de se esperar menos, uma casa tão vistosa exigira o mínimo de proteção. Os dois admiráveis carros na garagem acompanhavam a grandeza da casa que mais parecia uma mansão.

              Numa manhã de segunda-feira, os dois sisudos seguranças cumprimentam uma senhora que entrava sem dizer nome nem precedentes, entrava como se fosse dona da residência. Os dois grandes homens olhavam sem se mexer muito, viravam e baixavam um pouco a cabeça e falavam friamente "Bom dia, Maria" com vozes grossas e sem emoções, a senhorinha baixa de roupas humildes, coque, uma bolsinha colorida feita com tecidos de várias estampas diferentes e passos apressados lhe retribuía com "eu não sou nenhum desconhecido para ser recebida assim, rapazes", e então, os dois homens abriam um grande sorriso e apertavam a mão dela de forma calorosa.

               Ao entrar na grande casa da rua 28 ela se dirigia a um quartinho no final do longo corredor de entrada, seu quarto. Na porta havia uma plaquinha com escritos "Dona Maria Vilela - A Melhor Cozinheira do Mundo". O cômodo, apesar de simples, era muito limpo e arrumado, cheio de quadros com fotos antigas, uma televisão velha e pequena com uma tecido de crochê em cima. Havia também uma cadeira de balanço, uma cama e um armário. Tudo muito simples. Maria fechara a porta e sentara na sua cadeira de balanço esperando a habitual voz feminina lhe chamar.

             Depois de alguns minutos sentada, Maria ouve um "Tia Maria?! A senhora já chegou?!" Ela responde positivamente e sai do seu quarto para cumprimentar Catarina, uma menina de 15 anos, de cabelos longos e levemente ondulados de cor castanha igualmente seus olhos e dona de uma voz doce. Era aquela que acordava mais cedo para cumprimentar Maria. Já houveram dias em que ela acordara mais cedo ainda, antes da senhorinha chegar e ficara esperando no grande corredor de entrada.

- No final da tarde a gente pode assistir um filme, Tia Maria? - questionou Catarina se apoiando na na pia da cozinha.

- Claro, querida! - falou Dona Maria enquanto enxugava as mãos. - Bom, se eu tiver terminado todo o serviço, claro que podemos.

Catarina vibrou.

               Quase uma hora depois, surge na cozinha a sua mãe, super arrumada com roupas cinzas e cabelo impecável. A Sra. Oliveira Barreto, ou Adriana Lira de Oliveira Barreto para os íntimos, era uma mulher alta de cabelos loiros e ondulados, sempre com uma expressão nada muito amigável. Sempre com as unhas bem cuidadas e para onde ia carregava uma bolsa dourada. Junto dela aparece o Sr. Oliveira Barreto, ou Otávio Fernandes de Oliveira Barreto. O Sr. Oliveira Barreto era um homem alto, cabelo e olhos castanhos, usava um habitual terno preto e carregava uma mala escura com detalhes dourados com a logomarca da sua empresa. Preso no blazer havia um broche de lapela dourado com os escritos "Associação de Apoio e Amparo Social do Estado de São Vicente - membro presidente", ao aparecerem na cozinha, Catarina olha para os dois e passa direto pela sua mãe indo em direção ao seu pai, cumprimenta e lhe oferta um Bom Dia caloroso.

           - Empolgada para a entrevista com o representante da escola nova, filha? - questiona o Sr. Oliveira Barreto enquanto se sentara à mesa junto dos outros.

Catarina confirma com a cabeça. Sua boca estava cheia de bolo de cenoura no momento da pergunta. "Sim... Estou super empolgada e já listei os meus Índices de Desempenho Escolar e notas que tirei no ensino fundamental." Disse ela quando terminou de comer o pedaço de bolo.